Capítulo 41 - nada a perder

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O vapor da neve camuflava a janela da lanchonete onde estavamos camuflava a vista para o lado de fora, onde pessoas percorriam apressadamente, provavelmente tentando fugir daquele clima frio que se encontrava. O inverno era rigoroso e nada gentil com as pessoas. Arrependi-me de não ter levado as luvas, pois as pontas dos meus dedos encontravam-se congeladas, e tentava em vão aquecê-las com a morna chavena de café vazio. A minha frente, Ayllah suspirava exaustada, olhando do relógio em seu pulso, para mim.

- Não se preocupe. Temos todo o tempo do mundo até decidir me contar oque se passa. - diz Ayllah

- Pare de falar como se fosse a mais velha. - digo e ela esboça um curto sorriso.

- Alguém tem de dar exemplo, não acha? - dá de ombros, arrancando um sorriso de mim.

- Ok! - falo respirando fundo. - Na semana passada ..eu convidei o Davon para dormir lá em casa.

- Oi? - vejo-a com um brilho malicioso no olhar - isso está interessante. Continua.

- Não é nada disso que você está pensando Ayllah - digo apercebendo-me do que a mesma já estava imaginando. - Não aconteceu nada entre nós.. quer dizer, aconteceu mas.. - fui interrompida por Ayllah que não conseguia parar de sorir.

- Então aconteceu? Malandra! - diz ela batendo de leve em meu braço. Solto um pesado suspiro.

- Assim não vai dar para te contar nada Ayllah! - falo um pouco erritada. E a mesma levanta os braços em sinal de rendição.

- Prometo ficar calada agora. - diz arrajando-se na cadeira disposta a ouvir oque eu estava falando.

- Nos beijamos.. ele me beijou, e.. - mais uma vez soltei o ar pela boca - sabe, foi tão bom! - digo.

- Mas isso é bom Akeelah! Não estou entendendo o motivo daquelas lágrimas minha irmã. - fala com a testa franzida e com uma pura expressão de confusão instalada em sua face.

- Ele se declarou para mim Ayllah. Mas foi uma declaração tão dura. - digo em meio as lembranças - Ele simplesmente se cansou. Ele não falou directamente, mas eu podia ler em seu rosto. Percebe? - pergunto encarando seus olhos compreensivos em minha direcção.

Ayllah fica em silêncio por breves segundos, como se estivesse escolhendo as palavras, e decidiu abrir a boca.

- Provavelmente ele tenha se cansado sim Akeelah. - fala ela - Sabe mana, as vezes é necessário nos desvencilharmos das nossas próprias regras, tem vezes que perdemos muita coisa por proibirmos a nós mesmo de fazer algo que queremos, por razões que se parar para analisar, são banais demais.

- Quando ele falou aquelas coisas para mim, eu simplesmente parei. Eu não sabia oque responder, alguma coisa em mim travava. Ma verdade eu realmente não sei se queria dizer algo. - confessei.

- Olha Akeelah, o orgulho realmente é da família, mas você se supera, parabéns! - ironiza ela - Acorda Akeelah. Davon é um homem bonito, bem sucedido, simpático atraente, se está cega, tem muitas mulheres que não estão minha irmã. Não ache que ele se derramará para você a vida inteira. Está muito enganada.

- Na verdade eu acho que ele já desistiu de mim Lahlly! - digo em um tom de voz baixa, embora perceptível.

- Não acho que seja possível se desapegar de alguém em uma semana Akeelah. Deve começar a agir. - fala pegando as minhas mãos, e unindo as dela em um aperto confortante.

- Não sei! Eu nunca fiz isso antes! - digo temerosa.

- Sempre há uma primeira vez. E mais, oque tem a perder tentando Akeelah? - pergunta em um curto sorriso - terá que parar de usar muito isso - aponta para minha cabeça - e começar a usar mais isso. - dessa vez seu indicador desceu para o meu peito, no canto esquerdo.

[PARADO, E POR REVISAR] Como o inverno do seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora