Avisto uma cafeteria em meio a toda a estrutura montada para a festa literária.
Basta que eu caminhe um pouco para ser arrebatada pelo cheiro da bebida quente que recende pelo ambiente. Vou direto para lá, como se estivesse seguindo um rastro.
Café. Açúcar. Chantili. Sorvete de baunilha. Calda de alguma coisa bem doce. Gotas de chocolate. Canela.
Acabo de ingerir todos esses ingredientes em poucas goladas.
Preciso dar um fim a esse bloqueio criativo e provar a Marvel que ele não conseguiu me intimidar, quando se deparar com o belo nome dele estampado nas páginas do meu quarto livro.
Eu me recosto na cadeira e giro a colher, rodopiando a espuma deixada no fundo da caneca. Meu bloco de notas está aberto ao lado dela.
Normalmente, o suave ruído de copos de cerâmica tinindo, o chiado de uma máquina de café expresso e o murmúrio de conversas me inspiram, mas hoje até os sons familiares não estão me ajudando em nada.
Eu quero é trucidar o grupo ruidoso de turistas que aparentemente presume que os outros clientes querem ouvir cada palavra da conversa em uma língua desconhecida.
Mas, novamente, eu teria que encontrar um método de assassinato coletivo e efetivo primeiro. Não estou conseguindo decidir uma forma de fazer isso nem com um só indivíduo, imagina com vários!
A música alta de hip-hop estridente nos fones de ouvido do adolescente que está na mesa ao lado também não me deixa muito feliz.
Eu dirijo um olhar gélido a ele. Talvez o congelamento funcione. Ou a eletrocussão. É possível mandar alguém para o além com um curto circuito no celular?
Provavelmente não. Além disso, eu também já usei altas voltagens para eliminar uma personagem.
Preciso de outra coisa. Algo único.
Suspirando, deixo cair a colher na minha caneca vazia. Necessito de um chocolate quente ou de algo com bastante cafeína e açúcar.
Ei, será que esse pode ser o método perfeito que estou procurando? É possível uma dose letal de cafeína e açúcar?
Meu celular toca antes que eu possa pedir outra bebida. Tiro o telefone da maleta e meu humor melhora instantaneamente, quando vejo o nome no visor: Peeta Mellark.
— Alguém pode morrer de overdose de cafeína e açúcar? – pergunto, em vez de proferir um cumprimento normal.
Um momento de silêncio é filtrado pelo aparelho telefônico. Depois, chega a risada gostosa dele, que consegue me arrancar um suspiro a cada vez que ouço.
— Essa é a sua nova saudação? Bom dia pra você também.
Apesar da leve repreensão, a voz sexy de Peeta está cheia de humor.
— Bom dia – repito, de modo mais respeitoso. — Como vai meu editor favorito hoje?
— Eu ficaria envaidecido, se eu não soubesse que você só trabalha comigo como editor. Então, eu não tenho tantos competidores – graceja ele.
Engulo em seco e deixo as palavras saírem de minha boca:
— Você não tem competidores em lugar nenhum.
Peeta silencia por uns segundos.
— É melhor que seja assim, já que eu, sozinho, salvei a personagem principal em seu último livro. Graças a mim, ela calçou um par de tênis em vez de um par de...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vestida para Matar
FanficSinopse: "A vida profissional de Katniss se resume a assassinatos intrigantes e investigações bombásticas. Envolvida demais com crimes e mistérios, não há espaço para romances, principalmente agora em que um traidor do passado, com receio de que a m...