Não estou apaixonada

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Um dos melhores lugares da cidade é o antiquário de Ana.

Não, não é um dos melhores lugares por ser dela e sim pelas coisas que tinham lá. Comprei meu despertador vermelho daqueles que tem uma campainhas de cada lado e uma bússola linda, que deixei e enfeite, já que não uso para absolutamente nada.

Quando se formou em história, Ana tinha certeza que não queria trabalhar dando aulas como eu e a ideia do antiquário surgiu enquanto líamos Para todos os garotos que já amei, já que a mãe do nosso personagem favorito Peter lindo Kavisky tem um e sinceramente, é a cara da Ana. Ela adora essas coisas antigas e ama principalmente a parte da restauração. 

- A que devo a grande honra da visita? - ela perguntou saindo de trás do balcão.

- Não sei - respondi pensativa. - Talvez a senhora pudesse me ajudar a escolher algo para decorar minha casa ...

-Senhorita! Senhora é a sua mãe.- ela falou indignada. Outra coisa sobre Ana, é que ela morria de medo de ficar velha. Uma grande ironia pra quem ama velharias. 

- Ela vai bem Ana, obrigada - ri.

-Lembrou que tem amiga e veio me ver, né?

- Nós nos vimos anteontem quando você apareceu na minha casa assaltando minha geladeira. - me joguei na minha poltrona favorita enquanto a acusava. Só não a comprei por falta de espaço, mas sabia que ficaria arrasada quando Ana a vendesse. - Além do mais, nós conversamos todos os dias, baby.

- Bem, vamos lá. Me conte as novidades. - os olhinhos dela brilhavam em expectativa. 

- Nenhuma. Está tudo uma paz.

- Espero que essa paz dure mesmo - ela se sentou numa cadeira ao lado.

- Tô com a sensação de que algo vai acontecer, sabe? Que isso tudo é só pra me preparar - confessei.

- Credo Vênus, talvez seja só uma sensação.

- Da última vez que senti isso, descobri uma traição- lembrei a ela. 

Antes de descobrir a traição do Pedro fiquei dias com uma sensação estranha, como quando está abafado demais e você sabe que vai chover. Mas não só choveu, veio uma tempestade mesmo. 

-Arg! Falando nisso, vocês têm se visto na escola? Ou aquela vez que ele foi na sua sala e depois no restaurante foram as últimas vezes? - quis saber.

- Acho que ele entendeu que não quero falar com ele e está me dando espaço. Nem sequer olha pra mim quando nos esbarramos no corredor ou algo do tipo. 

-Estranho. Pedro não é assim ... - ela falou pensativa.

- Eu sei! Talvez seja por isso que estou assim ...

- Vamos mudar de assunto. Seu namoradinho famoso não descansa nunca? - ela abriu um sorriu sacana pra mim.

- Ele não é meu namoradinho e não, são raros os momentos de descanso ... - involuntariamente liguei o visor do celular esperando ver alguma notificação.

- Você está viciada nisso. - Ana observou.

- Óbvio que não.

- Vênus - ela começou. - você só desgruda desse celular quando está dando aulas ...

- Ás vezes acho que voltei aos meus 16 anos. - confessei e acabei suspirando. - Acredita que eu me peguei stalkeando ele? - Não que houvesse necessidade, mas sei lá, eu gostava de ver o que ele andava postando e no fundo eu queria encontrar uma indireta, mensagem subliminar ou piada interna que só nós dois entenderíamos. 

Sorri com esse pensamento.  

- Você está tão ferrada. - Ana riu alto e me tirou dos meus devaneios.

- Por quê? - perguntei sem entender.

- Você está se apaixonando.- ela falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo. 

- Eu stalkeio você também. - me defendi.

-Mas eu não sou famosa e uso minhas redes sociais praticamente para divulgar meu trabalho.

Era verdade. Ana não ligava muito para essas coisas. Uma vez ou outra postava algo pessoal, a maioria das coisas eram sobre o antiquário.

- Enfim- falei. - Não estou me apaixonando por um cara que eu vi uma vez na vida.

- Mas que fala com você sempre, talvez mais que sua mãe. Isso não é desculpa. - Ana falou.

- Depois que todo mundo saiu de casa, minha mãe se tornou uma senhora viajada e muito ocupada para a sua informação. - Inclusive, a senhora minha mãe se encontrava no interior da França com meu pai.

- Verdade. Outro dia vi uma foto da tia Bete e do tio Tião em Paris, quero ficar rica como eles. Viajando essa época do ano. - Ana me contou.

- Esses dois voltaram a vida de solteiros. - falei rindo.

- Mas Vênus - ela continuo e eu já sabia onde queria chegar. - não tem nada de errado em se apaixonar de novo.

- Bom, eu não vou me apaixonar pelo meu amigo. - falei me levantando. - Já vou indo, só passei aqui para te ver mesmo.

Ana me abraçou.

- Vênus - ela chamou quando eu já estava na porta. -Mas se ele estiver se apaixonando por você?

-Bom - suspirei. - Aí estaríamos completamente ferrados.

O elevador || Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora