Até comecei a gostar de hotéis

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- Não entendo por que você gosta tanto desse filme. – Shawn falou limpando as lágrimas que escorriam nas minhas bochechas.

Eram quase 4 da manhã, estávamos em hotel de Nova York e os créditos de Love, Rosie estavam passando na tela da televisão. Ele nunca tinha assistido e eu fiquei tão indignada que praticamente ordenei que ele prestasse atenção em cada detalhe.

- Não acredito que você não chorou. – falei para ele. - Eu sempre choro. - funguei. 

Tínhamos combinado de sempre assistir um filme depois dos shows, já que ele sempre tem dificuldade para dormir e eu não consigo dormir se ele também não dormir.

A história de Alex e Rosie sempre me chamou a atenção pelos desencontros que eles tiveram até ficarem juntos, pelo amor um do outro e no final, o medo de acabar se perdendo. Duas pessoas são feitas para ficarem juntas, mas simplesmente não conseguem. Uma hora estão separados geograficamente e mesmo assim mantem a conexão incrível, seguem suas vidas e começam a questionar se o que eles tem mesmo é pura amizade.  

- Um dia é mais emocionante. – ele falou dando de ombros. Ele ficou tão traumatizado com a morte repentina da Emma, que pediu para pausar o filme. Eu não sabia se me acabava em lágrimas ou se ria do misto de sentimentos que passavam pelo rosto dele.

- Você não está com um pingo de sono? – perguntei mudando de assunto.

- Acho que consigo dormir, quer que eu te nine? – ele perguntou.  Acenei positivamente e me aconcheguei mais para perto dele.

Sem dúvidas uma das melhores coisas por estar acompanhando a tour eram esses momentos com ele, eu tinha até começado a gostar mais dos hotéis, porque eles nos proporcionavam um tempo só nosso em meio ao caos do dia a dia. Shawn começou a cantarolar baixinho alguma melodia e eu fechei os olhos esperando que o sono me atingisse, mas isso não aconteceu. Minutos depois, ele parou de cantarolar e levantei a cabeça com cuidado para conferir se ele estava dormindo.

A ideia era que ele me ninasse, mas ele sempre acabava dormindo primeiro no processo. O dia anterior tinha sido tão cansativo e estressante, eu queria desesperadamente voltar para o hotel e ficar na cama, mas sabia que não podia. Desde que estou acompanhando Shawn, nossa rotina se resume à hotéis, aeroportos, entrevistas , shows, fotos e mais shows. É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que na minha primeira semana fiquei doente e Shawn quase enlouqueceu todo mundo.

As primeiras suspeitas eram de que eu estivesse grávida, mesmo eu tendo dito milhões de vezes que não tinha chance nenhuma de ser isso. Depois de fazer os testes e alguns exames o médico confirmou que era só cansaço, talvez por eu não estar acostumada com tanta agitação. Andrew ficou tão aliviado que praticamente beijou meus pés e eu o disse que ser mãe, não estava nos meus planos no momento.

Observei Shawn dormindo serenamente e com os lábios entreabertos. Não conseguia imaginar uma criança com traços nossos. Só imaginava uma mini versão dele, com grandes bochechas e os olhos tão brilhantes que me deixariam louca. Ri baixinho para não acordá-lo e voltei a me acomodar no peito dele, Shawn se remexeu e fechou os braços ao meu redor, impossibilitando que eu me soltasse dele.

- Acho que você esquece que é o dobro do meu tamanho. – resmunguei, fechando os olhos.

O despertador tocou no dia seguinte e me levantei assustada por não sentir os braços dele ao meu redor.

- Estou aqui. – Ele estava sentado na beirada da cama e falou como se lesse meus pensamentos.

- Acho que fiquei tonta. – falei fechando os olhos e sentindo o mundo girar.

- Você levantou rápido demais. Teve um pesadelo?- ele perguntou. Abri os olhos sentindo a tontura ir embora e encontrei seus olhos preocupados.

- Não me lembro. – falei. – Acho que me assustei mais por não sentir você comigo.

- Você estava dormindo tão bem, não quis te acordar, mas esqueci de desligar a droga do despertador.

- Muitos compromissos hoje? – perguntei.

- Não muitos, tenho uma entrevista numa rádio depois do almoço, tempo livre antes do show e de lá vamos direto para Berlim, de Berlim voltamos para casa. Mais dois shows e a tour acaba, nem consigo acreditar.

- Férias?- falei animada. Shawn voltou para a cama e se deitou encima de mim.

- Férias de Natal, depois tenho que voltar para o estúdio e colocar meu próximo álbum em produção.

Quando ele falou Natal, uma onda de nostalgia me atingiu. Íamos completar um ano juntos e eu não tinha planejado absolutamente nada para comemorar a data. Observei os detalhes do rosto de Shawn e me perguntei como ele consegue ser tão bonito mesmo quando acaba de acordar.

- O que você está pensando?- ele quis saber.

- Que você é lindo demais, me dá raiva. – falei.

- Só isso? – um sorriso convencido surgiu nos lábios dele.

- Esqueço que não posso te elogiar, você fica todo convencido. – tentei me levantar, mas ele não se mexeu indicando que eu também não sairia dali. – Preciso tomar banho, quero tomar café. – resmunguei.

- Precisa mesmo. – ele fungou o meu pescoço e eu dei um tapa estalado no braço dele. – AÍ!

- Não te convido pra ir comigo. Saí que eu quero mesmo tomar banho.

Ele se afastou e eu sai rebolando para o banheiro.

- Rebola mais que eu arrombo a porta e vou entrar lá com você. – ele me ameaçou. Só de birra tirei lentamente a camisa dele que eu estava vestindo e continuei em direção ao banheiro. Joguei a camisa no chão e o olhei por cima do ombro. Ele estava com os olhos cravados em mim.

Dei um piscadinha, corri para o banheiro e tranquei a porta. Gargalhei ao ouvi-lo grunhir e suspirar auditivamente.

- Você me paga! – ele gritou.

- Com juros se você quiser. – respondi e liguei a água. Fechei os olhos sentindo a água morna cair nos meus ombros e esperei que ela me deixasse mais relaxada, mas só conseguia pensar.

O que eu faria para nosso 1 ano de namoro?

O elevador || Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora