Você

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Eu dormi na cama dele.

Realmente dormi.

Depois de brigar com Shawn para prestar atenção nos dois filmes (o que não deu certo, porque todas as vezes que ele encostava sua boca no meu pescoço, eu esquecia até meu nome) decidimos dormir. Tentei protestar e falar que ia para o quarto de hospedes, mas a simples ideia de ficar longe dele uma noite toda quando estávamos tão perto parecia absurda. 

Acordar e o rosto dele ser a primeira coisa a ver, era um presente. Ele dormia tão serenamente, me abraçando e eu tive que ter cuidado ao me mexer e aproveitei antes que ele me pegasse encarando seus traços tão descaradamente.

Merda.

Ele provavelmente foi esculpido. Obrigada dona Karen.

-Você está me encarando. - Shawn falou.

- Não tô não.

- Está sim, mas eu não te culpo, eu sou bonito demais. - ele riu e me puxou para mais perto. - Bom dia professora.

- Bom dia. - respondi me espreguiçando. O telefone dele tocou e ele se esticou para pegar na mesinha ao lado. Eu acho que nunca vou me acostumar com a beleza dele...

- Bom dia mãe. - ele falou. - Ah, desculpe. Bom dia pessoal. - ele fez uma pausa rindo. - Esperem, vou colocar no viva-voz para ela ouvir também

- Bom dia Vênus! - reconheci a voz de Aali.

- Bom dia!- falei nervosa.

- Oi Vênus, aqui é a Karen mãe do Shawn, tudo bem querida? - Karen perguntou.

- Oi senhora Mendes, tudo bem?- ao meu lado, Shawn segurava para não rir de mim.

- Tudo ótimo, mas me chame só de Karen! - ela deu uma risadinha e continuou- Estamos ligando para acordar vocês e perguntar que horas vocês vem, já que meu filho está fazendo suspense e não quer me deixar te ver antes.

- Para a informação da senhora, nós já estávamos acordados mamãe. - Shawn respondeu rindo. - E não estou fazendo suspense, mas eu sei que assim que vocês conhecerem a Vênus não vão deixar que eu tenha um minutinho sequer sozinho com ela.

Aali estava rindo escandalosamente, pude ouvir a risadinha de Karen e de Manuel também.

- Deixa eles Karen. - Manuel falou. - Olá Vênus, estamos ansiosos para finalmente te conhecer.

- Eu também, senhor.

-Mas então. - Karen falou.- Vocês estão precisando de algo? Quando chegam?

- Está tudo bem mamãe, não precisamos de nada e vamos chegar por volta das 22h, pode ser?- Shawn perguntou.

- Está ótimo querido. Ah! - ela pareceu se lembrar de algo. - Vênus, estamos muito felizes em ter você aqui.

- Eu também estou, obrigada por me receberem. - Eu estava muito vermelha, Shawn segurou minha mão e começou a fazer carinho para me acalmar.

- Gente, agora nós vamos tomar café, okay? Até mais tarde. - Shawn falou.

- Tomar café agora? Achei que vocês já estivessem acordados, Shawn! A menina deve estar morrendo de fome! - Karen o repreendeu. 

- Eles nem saíram da cama, mamãe. - Aali disse e parece que puxou o telefone da mãe. - Tchau pombinhos.

A ligação foi encerrada. Me soltei de Shawn e escondi meu rosto no travesseiro. A família dele parecia ser legal demais, mas e se eles me odiassem? Era nítida a importância deles e se a mãe dele me odiasse? Eu provavelmente nunca mais pisaria no Canadá.

- No que você está pensando? - ele tirou o travesseiro do meu rosto e fez carinho.

- No quanto eu quero que sua família goste de mim ...

- Eles já gostam, acho que ficou bem claro, mas o que eu sinto não importa? - ele fez beicinho. É um bebê de 20 anos mesmo. 

- Claro que importa. - entrelacei nossos dedos. - Mas eu realmente quero que eles gostem de mim porque eles são importantes para você.

- Não tem como não gostar de você, então relaxa. Vamos tomar café.

Shawn tentou me puxar para levantarmos, mas eu estava apaixonada pela cama dele.

- Anda amor, por mais que eu queira ficar aqui, precisamos comer! - ele fez cocegas na minha barriga e pareceu não perceber que tinha me chamado de amor, mas a simples palavra foi como um choque e me fez levantar de uma vez. Será que ele faz ideia do efeito que tem sobre mim? 

Decidimos sair, mas apenas porque eu amo o Natal e seria o meu primeiro Natal com neve.

Toronto estava toda enfeitada e eu fiquei encantada por cada pedacinho da cidade que vi. O vento frio estava castigando e depois de muito andar, ele acabou se tornando insuportável.

Em momento algum Shawn soltou minha mão e quando entramos no restaurante para almoçar, algumas fãs pediram fotos e me lançaram alguns olhares inquisitivos, mas não perguntaram nada. Amém fãs canadenses que sabem respeitar o espaço.

- Você parece estar tranquila com relação a isso. - ele apontou para as fãs que se afastavam felizes por conseguirem uma foto com o ídolo.

- Eu sei como é ser fã. - dei de ombros. Lembro de quando tinha meus 16 anos e era apaixonada por uma banda de punk rock, quando os meninos foram para o Brasil e eu consegui uma foto, quase colei na testa para sair mostrando pra todo mundo. 

- Você sabe que muita coisa vai mudar né?- Shawn perguntou me tirando dos meus devaneios.

- O que você quer dizer com isso?- perguntei sem desviar os olhos do cardápio, Shawn brincava com o pingente da minha pulseira tentando atrair minha atenção.

- As pessoas vão reconhecer você, vão falar de você em todas as redes sociais e talvez fazer comentários maldosos. - ele falou.

- Você está acostumado com isso senhor celebridade.

- Mas você não. - ele me fez olhar para ele. - Tenho medo que isso te afaste.

- Não vai me afastar. - falei com firmeza. - Mas eu não quero expor isso que temos agora, porque se você cansar de mim, vai dar um problemão para explicar tudo ...

- Eu não vou cansar de você. - ele se inclinou e me beijou. Beija-lo se tornou minha coisa favorita e eu tinha certeza de que não enjoaria nunca.

Depois de comermos Shawn decidiu que era melhor voltarmos para o apartamento e para me ensinar a fazer cookies.

- Ótimo- falei quando estávamos na cozinha. - Não queria chegar na casa dos seus pais de mãos vazias.

- Você não trouxe coisas do Brasil para eles? - ele perguntou.

- Trouxe, mas não conta. - falei pagando o avental e amarrando na cintura. Shawn contornou a ilha e me ajudou a terminar de amarrar.
Uma de suas mãos pousou na minha cintura enquanto ele levou outra para meu pescoço, trançando linhas invisíveis.

-Você é impossível. - ele sussurrou no meu ouvido. Me virei e o encontrei sorrindo. Ele sabe o poder que tem sobre mim e em menos de 24 horas já tinha descoberto um dos meus pontos fracos. 

- E você está me distraindo. - falei e o sorriso dele alargou. - Temos que fazer os cookies ...

- Temos muito tempo. - seus dedos continuavam traçando linhas invisíveis,  agora nos meus braços me causando arrepios. Shawn me olhava intensamente, era como se ele conseguisse enxergar minha alma.

- Tudo bem. - consegui falar por fim. O sorriso nos lábios do garoto morreu, ele me olhava com tanto desejo, que me senti  a garota mais linda do mundo. Seus lábios tomaram os meus e eu não respondia por mim, minhas mãos foram para os seus cabelos o trazendo para mais perto de mim.
Shawn me sentou na bancada e se separou de mim para me encarar.

- Onde você esteve esse tempo todo? - ele perguntou.

- Você fala demais. - respondi e o beijei novo. Queria que meu beijo respondesse que eu sempre estive aqui e que agora tudo fazia sentido. Não tinha mais ninguém na minha vida, só Shawn Mendes. 

O elevador || Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora