Nem tudo é o que parece

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- Será que compramos tudo mesmo? - Perguntei para Karen enquanto abria a porta do meu apartamento.

Tínhamos combinado de sair depois do meu horário de trabalho, mas eu estava tão resfriada que ela achou melhor passarmos no mercado e comprarmos chás e biscoitos.

Posso não ter minha mãe por perto, mas tenho dona Karen que sempre está ali para me socorrer. Eu amava sua companhia e ultimamente estava sentindo falta de passar um tempo com ela.

Tenho revezado entre a rotina do escritório, sessões de fotos, participações em eventos, gravações e até entrevistas! Tudo isso namorando um astro, que a cada dia estava mais famoso. 

Conciliar minha nova rotina provavelmente me deixaria louca, mas Derek estava cuidando tão bem de tudo que pelo menos, nessa parte eu poderia relaxar.

- Claro querida, minha memória é ótima! - ela respondeu entrando na minha frente. - Ah, o que você está fazendo aqui? - ela perguntou e eu olhei em direção ao sofá encontrando o filho dela.

Shawn estava esparramado e abriu um largo sorriso quando nos viu, tão lindo que eu não me contive o meu próprio sorriso. Ele havia me mandado mensagem de manhã avisando que finalmente estava em casa, mas só poderia me ver a noite. Mesmo estando em casa, ele ainda tem agenda para cumprir.

O cabelo estava uma bagunça, eu podia jurar que estava criando vida própria e me perguntava quando o obrigariam a cortar, torcendo para que ele batesse o pé e o deixasse assim.

Eu gosto. 

- Oi mamãe! - ele falou ainda deitado. - Precisa de ajuda amor? - perguntou para mim.

- Como você entrou aqui? - passei por eles e fui para a cozinha deixar as minhas sacolas e voltei para pegar as de Karen também.

- Eu peguei sua chave reserva. - ele respondeu se levantando me seguindo para a cozinha. - Está melhor?

- Não. - respondi fungando. - Como achou a chave? Ninguém além do Dylan sabe onde ela fica.

- É meio óbvio. Você só tem dois lugares no onde pode esconder e um deles é no alto da porta, que você não alcança, então deduzi que estivesse perto das plantas. - ele veio me abraçar e eu o impedi. - Sério isso?

- Se você ficar doente também Andrew me mata e eu não vou ter forças pra tentar me defender. - falei enquanto brincava com a manga de seu moletom. -Karen, você está com fome?

- Não meu bem, acho que vou te deixar aos cuidados do Shawn e já vou. - Ela me abraçou. - Ele precisa de mais tempo com você do que eu. Mais tarde ligo para saber como você está e depois remarcamos nosso encontro. - Karen sussurrou no meu ouvido e eu assenti. - Almoço na minha casa domingo, não tentem fugir!

- Okay mãe, obrigado. - Shawn a abraçou forte. - Dê um beijo em todo mundo, devo aparecer lá amanhã.

Karen foi embora e nos deixou sozinhos.

- O que ela veio fazer aqui? - Shawn perguntou olhando minhas compras. - Cookies? - ele me mostrou a lata que Karen tinha comprado.

- Íamos sair, mas eu estou péssima. – falei apertando minha têmpora. Minha cabeça estava doendo desde a hora que acordei e nenhum analgésico fez efeito.  Não sei como sobrevivi ao dia no escritório.

- E eu não estava incluso no programa de vocês? - Shawn perguntou fazendo beicinho  e eu não contive as risadas. - É sério!

- Shawn Peter, eu e sua mãe precisamos de um tempo nosso. Sem Shawn, Many e até mesmo sem Aali. - falei. - Deixe de ser resmungão, além do mais, quando marcamos, não fazíamos ideia que você chegaria hoje. Faça chá enquanto eu tomo banho.

Pedi e saí em direção ao quarto, o deixando sozinho na cozinha.

Eu realmente precisava de um banho. Minha cabeça doía tanto que eu não conseguia raciocinar direito. Olhei meu reflexo no espelho e minha aparência estava péssima. Olheiras estavam tão acentuadas pelas noites mal dormidas, que nem as camadas de maquiagem estavam conseguindo esconder.

Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair em minhas costas, aliviando a tensão.

Não me lembro de ter me vestido, muito menos de ter esse vestido branco no meu guarda roupa. Também não me lembrava de  ter saído do banho ou de como fui parar nessa clareira.

Shawn também estava lá a alguns metros de mim, olhando algo no horizonte. Diferente de mim, meu namorado estava com suas típicas roupas pretas.

- Amor? – chamei, mas minha voz parecia fraca demais. – AMOR! – gritei e ele se virou para mim.

Seu sorriso parecia triste e eu não sabia porquê, mesmo assim ele estendeu a mão e eu caminhei ao seu encontro.

- Onde estamos? – perguntei assim que segurei sua mão, mas Shawn não me respondeu. Apenas apertou minha mão de leve e voltou a observar o horizonte.

A vista era de perder o folego, no finalzinho do horizonte era possível ver o mar e se eu me concentrasse era possível ouvir o barulho das ondas se quebrando. O sol começava a se pôr e o céu parecia a tela de alguma pintura renascentista.

- Shawn, vamos embora. – Pedi assim que o sol se pôs. Quando olhei para o lado, Shawn não estava mais ali. – Shawn?

- VÊNUS! – O ouvi gritar.

Olhei para os lados tentando encontra-lo, mas estava escuro demais para que eu pudesse enxergar. Gotas de água começaram a cair no meu rosto e só então percebi que estava chovendo.

- SHAWN! – tentei gritar, mas minha voz não era mais que um sussurro.

Eu ainda podia ouvi-lo me chamar, mas sua voz estava ficando cada vez mais distante. Tentei correr, mas meu vestido parecia pesar toneladas.

Agora, estava difícil de enxergar, a chuva não cessava, minhas pernas estavam ficando pesadas e eu só conseguia enxergar quando os raios iluminavam a clareira. Minha cabeça latejava e eu tremia de frio.

- Shawn, por favor ... – choraminguei, sabendo que ele não conseguiria me ouvir por causa do barulho dos trovões. Eu estava sozinha.

- Vênus! – sua voz mesmo distante parecia desesperada. – Abra os olhos amor!

- Eu não consigo! – tentei gritar, mais uma vez em vão. – Eu não consigo ...

- Amor, por favor! Abra os olhos! – ouvi-lo tão agoniado estava despedaçando meu coração, mas eu não tinha forças para responder ao seu chamado. Ele estava cada vez mais longe, eu podia sentir.

- Shawn ...

- VÊNUS!

Nunca estive com tanto medo em toda minha vida.

Eu estava sozinha, tremendo de frio, num lugar desconhecido e sabe-se lá se eu veria Shawn de novo.

- Amor, por favor! Eu não posso ficar sem você! – Shawn gritou e minha cabeça latejou mais uma vez, tão forte que fiquei tonta.

Senti minhas pernas fraquejarem e a grama molhada em contato com minha pele exposta.

Desculpe, eu te amo Shawn.

Foi meu último pensamento antes de apagar.

O elevador || Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora