6 meses depois
Meu telefone tocou pela milésima vez no dia.- Escritório de Arthur James, bom dia. - repeti a frase que eu mais usava nos últimos tempos.
-Vênus! Você quer almoçar comigo? - a voz de Dylan deu um alívio no meu coração. Passei a manhã inteira ouvindo os sócios do meu chefe reclamando por ele ter desmarcado a reunião de última hora.
- Por que você não me mandou mensagem? Não aguento mais ouvir esse telefone tocar! - choraminguei.
- Eu mandei, mas a senhorita não respondeu. - Busquei meu celular embaixo da pilha de papéis e vi várias notificações no visor, 10 delas eram de Dylan.
Desde que entrei para o escritório, ele tem sido meu melhor amigo.
Nos conhecemos na cena clássica e clichê, onde eu estava correndo pelo corredor com uma pilha de papéis na mão e distraída acabei esbarrando nele derrubando não só a minha pilha de papéis, mas a dele também. Dylan riu do meu desespero e começamos a conversar enquanto tentávamos não misturar nossos documentos. Qualquer mulher teria se encantado pelo sorriso de Dylan e por seu porte atlético, mas minha cabeça estava tão focada no trabalho que não reparei nada disso.
Os dias passaram e nos encontramos novamente no corredor do desestre e ele me convidou para tomar um café. Depois de horas conversando, a atendente trouxe um papelzinho e indicou para uma moça linda que estava do outro lado do balcão. Dylan começou a rir e ergueu o copo em cumprimento à moça, que sorriu abertamente para ele. Assim que saímos da cafeteria, Dylan me contou que é gay e eu explodi em gargalhadas lembrando da pobre moça que estaria aguardando seu telefonema.
- Me desculpe. - pedi a ele. - Pode ser no lugar de sempre? Te encontro no saguão em quinze minutos.
Comecei a organizar minhas coisas, coloquei os relatórios de lucros da última semana na mesa do meu chefe e corri para encontrar meu amigo.
Assim que me viu, Dylan entrelaçou o braço no meu e me levou para o restaurante italiano do outro lado da rua.- Sabe, você devia pedir um aumento de salário ao Arthur. - ele falou enchendo a boca de macarrão.
- Ah claro.
- Estou falando sério, já vi varias secretarias passarem por ali e não darem conta. Você se virou nos trinta e ainda faz mais trabalho do que deveria. Arthur pode ser o demônio quando quer.
- Dylan, eu preciso desse emprego. Tenho que comer e pagar o aluguel.
Suspirei derrotada.
Meu trabalho não era o trabalho dos sonhos, mas me pagava bem e por mais que Dylan estivesse certo quando diz que eu trabalho mais do que deveria, não posso pedir isso ao Sr. James. Ele me aceitou sem ter experiência alguma e teve toda a paciência do mundo em explicar tudo que eu deveria saber para ser sua secretária.
Eu estava prestes a responder Dylan quando uma voz me fez paralisar. Olhei para a tela da televisão e lá estava ele.
Desde que terminamos tenho evitado música a todo custo, mas meus ouvidos reconheceriam aquela voz mesmo que se passassem séculos.
- Vênus. - Dylan me chamou. - Está tudo bem?
- Claro. - respondi com a voz embargada, sentindo algo preso na garganta.
- Quer eu peça para que mudem?
- Está tudo bem Dyl, eu já superei. - menti na maior cara de pau.
- Aham e por isso seus olhos estão lotados de lágrimas e sua voz está estranha. - Ele apontou e eu comecei a mexer na minha comida para me distrair. - É sério Vênus, já se passaram 6 meses. Você não acha que está na hora de você procurá-lo?
- Não. Nós terminamos Dylan e por mais que eu ainda sinta algo por ele, ele deve estar ótimo. Eu era um peso morto.
- Garota? De onde você tirou isso? Eu não sou fã dele, mas eu acompanho a mídia e o cara era louco por você. Disso eu tenho certeza.
- Você está certo. - respondi. - Ele era, me traiu, nós dois seguimos e deixamos nossa história no passado.
- E é por isso que você continua mantendo contato com a família dele? - ele perguntou e eu o encarei.
Eu ainda mantinha contato com a família dele porque eles ainda mantém comigo. Aali se recusou a deixar de me ver e Karen mesmo estando sentida com o término, foi quem me ajudou a achar o apartamento. Ela me liga sempre para saber como estou, se preciso de algo e as vezes saímos para tomar chá. Não fiz questão de perguntar o que o filho dela acha sobre isso, mas acho que ele nem faz ideia de que mantemos esse vínculo.
Voltei a encarar o rosto dele na televisão. Os cabelos tinham sido cortados e estavam perfeitamente arrumados, o que me irritou. O grande sorriso depois de cantar o último verso da música fez meu coração saltar.
- Perdi a fome. - anunciei e os olhos de Dylan seguiram os meus.
- Eu sinceramente não sei o que fazer com você.
Esperei pacientemente que ele terminasse de comer para voltarmos ao trabalho. A tarde foi mais tranquila que a manhã e o telefone quase não tocou, tive tempo de sobra para deixar as coisas organizadas para o dia seguinte.
Às 17:30 fui ao escritório do meu chefe ver se ele precisava de alguma e se eu podia ir embora. Era costume já que sempre me liberava porque ficava até mais tarde quase todos os dias e tenho certeza que ele já passou várias noites trabalhando.
Arthur James era apenas três anos mais velho que eu e infinitamente mais rico. Quando seu pai morreu, ele herdou a empresa da família que crescia mais a cada dia. Nunca vi ninguém da família a as poucas vezes que sua mãe ligou, eles não ficaram mais que 5 minutos se falando e depois eu sempre ouvia algo se quebrando em sua sala.
- Com licença senhor, posso ir ou precisa que eu faça mais alguma coisa? - perguntei parada na porta.
- Vênus, por favor entre. - ele pediu e eu meu coração parou. Será que ele ia me demitir?
Ficamos nos encaramos pelo que pareceu uma eternidade e como se tivesse saído de um transe, ele desviou os olhos dos meus.
- Não me olhe assim. - ele falou enquanto voltava a remexer nas pilhas de papéis sobre a mesa. - Não vou te demitir.
- Como o senhor ...?
- Conheço esse olhar, já demiti várias pessoas e sei a expressão que elas fazem. - ele parou de mexer nos papéis e retirou um envelope. - Aqui está. Vênus, você tem planos para o final de semana?
Meu queixo caiu e continuei o olhando como se um terceiro olho tivesse nascido em sua testa.
- Não. - falei sentindo minha garganta arranhar.
- Este sábado é casamento de um primo distante e todos esperam que eu não vá. - Ele começou a explicar. - E é exatamente por isso que eu vou, mas o convite diz que devo levar uma acompanhante.
- O senhor quer que eu vá? - consegui perguntar.
- Sim. Não se preocupe com roupas e essas coisas, eu mando entregarem na sua casa, só preciso saber se você aceita. - ele se levantou e deu a volta na mesa, ficando de pé na minha frente.
- Por que eu?
- Bom, você é minha secretária e no seu contrato diz que você deve me acompanhar em eventos quando for requisitada.
- Eventos, não casamentos. - respondi automaticamente.
- Pense como uma reunião chata, onde você poderá comer o quanto quiser e ainda terá um vestido lindo no seu guarda roupas. - falou e eu comecei a rir me lembrando que tenho alguns vestidos que nunca mais ousei vestir.
- Tudo bem. - Concordei.
- Meu motorista passará na sua casa sábado as 17h, o casamento é as 18h. - ele explicou e eu acenei positivamente. - Pode ir agora.
Sai da sala do meu chefe, peguei minha bolsa, meu telefone que estavam na minha mesa e o ouvi me chamar.
- Obrigada. - ele falou e fechou a porta atras de si.
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O elevador || Shawn Mendes
FanfictionQuem fica presa no elevador do hotel que está hospedada? Seria mais um dia de má sorte se a pessoa ao lado dela não fosse Shawn Mendes. Vênus não fazia ideia de que alguns minutos presa com Shawn fariam toda diferença.