Preparativos

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~Cateline:

Quanto mais eu ficava perto daquele rapaz Elrik, mas eu ficava impressionada com ele.

Primeiro, quando ela levantou para preparar o café da manhã, ele já estava lá em baixo numa mesa, cortando cuidadosamente um pedaço de madeira.

- Bom dia - falo e ele da um pulo, o que me faz sorrir, afinal aconteceu a mesma coisa na noite anterior.

- Bom dia - ele fala e boceja, mas continua de olho no pedaço de madeira que tinha nas mãos, então Elrik olha pra mim - você prefere um arco inteiro ou quer um montável?

- Acho que um montável eu esqueceria de montar - digo sorrindo e dando de ombros, para então ir preparar um café, coando o café, fazendo o seu cheiro invadir o lugar, então coloco o café numa cheleira com aguá e o coloco sobre o fogo.

Quando eu tinha voltado para o salão para ver se ele ainda estava lá, o pedaço de madeira em suas mãos tinha cada vez mais a forma de um arco.

- Você é rápido - digo me sentando com ele, observando os cabelos escuros dele se mexerem conforme ele cortava a madeira.

- Essa madeira é mais fácil de se fazer o arco - ele explica - e também é mais flexível, assim você não vai ter tanta dificuldade em armar ele, porém vai ter que ficar de olho, ele vai começar a se curvar se o deixar na corda por mais que um dia.

- Mas não dizem que os mais difíceis de fazer são os melhores? - pergunto estranhando - eu estava pensando em fazer um de ipê e...

- Acabou cheia de lascas nas mãos - ele termina por mim.

- Como você sabe? - pergunto surpresa.

- O ipê é uma boa madeira para fazer um arco, mas é muito duro e não da pra criar um com mais de 1,50 por causa disso, mas que isso vai dar uma tração de mais de 120 quilos, o que é quase impossível a mesmo que você treine por uns 15 anos sem descanso - ele fala dando de ombros - além disso solta lascas de mais, assim você tem que ter um equipamento apropriado.

Olho para ele surpresa, afinal ele descreveu exatamente os problemas que eu tinha encontrado ao fazer aquele arco, mas antes que eu falasse mais com ele, o cheiro de café enche o ar e eu vou de volta para o balcão, tiro a chaleira do fogo e pega duas canecas, uma jarra de leite que sempre deixavam na porta e um pouco de açúcar e levo até a mesa, onde me sirvo observando Elrik trabalhar no arco.

Depois de meia hora, minha mãe desce, vê nós dois lá, pega uma caneca e se serve de café, aprovando com um murmuro, o que me faz ficar orgulhosa, afinal minha mãe era alguém de poucos elogios, mas então volto a olhar para Elrik.

Depois de uma hora ele limpou o suor da testa com o braço, arrepiando um pouco os cabelos dele e me deixando ver aqueles olhos verdes, totalmente voltados para o trabalho em suas mãos, percebo então que a ponta da língua dele estava saindo pelos lábios finos, o que o dava um ar um pouco infantil, mas eu sabia que não era assim.

Eu ainda conseguia lembrar perfeitamente da visão dele sem camisa, seus ombros e costas largas, os músculos dos braços bem definidos e seu corpo em forma, mas ele tinha uma pequena cicatriz na parte esquerda do abdômen, aparentemente feita por algum animal, e ele ficava uma graça quando vermelho, e isso fez ela sorrir mais ainda lembrando disso.

- O café está ótimo - Elrik diz, o que faz ela dar um pulo e quase cair da cadeira, mas ele rapidamente segura o braço da cadeira, não deixando a cadeira cair comigo- aconteceu alguma coisa?

Não consegui falar, do susto e da surpresa pela reação dele, então apenas olho para ele e concordo com a cabeça.

Mas ele fica olhando para mim, o que estava me deixando nervosa, aqueles olhos verdes como as folhas das arvores, atentos e divertidos ao mesmo tempo, pareciam que conseguiam olhar para dentro dela e saber de tudo, mas gostar disso, mas como eu sabia disso, eu não sei.

Na mira do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora