O dia D

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Passei quase a noite toda em claro, estava com mil coisas na cabeça, o homem com o qual dancei a entrevista, Mia, enfim não queria decepcioná-la depois de todo o apoio que recebi para chegar até aqui.

Resolvo tomar banho, e assim que a água quente toca meu corpo lembro do homem na boate, me senti tão livre, excitada, não tinha a intenção de dançar com ninguém, mas assim que o vi se aproximando algo dentro de mim queimou, aqueles olhos profundos me fizeram perder o controle sobre mim mesma, eu não sou assim, nunca perdi o controle de mim mesma, mas algo nele, no toque dele, não sei explicar, pois foi um sentimento único, mesmo sabendo que não vou vê-lo mais, foi uma noite inesquecível.

Saio do banho olho para o relógio já são quase nove e meia, coloco minhas roupas, meu salto, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo bem feito, faço uma maquiagem básica, verifico de novo meus documentos e pego minha bolça.

Chego na garagem e Mia está me esperando.

- Venha, eu te levo para sua entrevista.

- Mas você não tinha que estar cedo para a cessão de fotos?

Ela me olha com certa frustração;

- Entra por bem ou eu te faço entrar por mal. É no caminho pro meu trabalho, não se preocupe.

Eu sabia que não era verdade, que ela só queria ter certeza que eu chegaria sã e salva até a empresa.

Antes de dar partida ela liga o rádio e já começa a cantar saindo da garagem com seu Jipe;

"Ah, então você acha que me conhece agora

Esqueceu-se da forma como

Você me fazia sentir

Quando você arrastava meu espírito pra baixo

Mas obrigado pela dor

Isso me fez levantar o meu jogo

E eu ainda estou subindo, estou subindo..."

Antes que eu perceba Mia e eu já estamos fazendo um coro.

"Yeah

Então faça suas piadas

Arrebente

Assopre seu cigarro

Você não está sozinho

Mas quem está rindo agora

Mas quem está rindo agora"

Chegamos rápido na frente da empresa, me despeço de Mia que buzina pra mim e dá partida.

Fico admirada com o designer do prédio, ele é totalmente coberto de janelas de vidro é impressionante o desenho dele, nunca tinha visto algo assim, fiquei imaginando como seria estar no telhado e poder olhar toda essa imensidão de pessoas circulando.

Entro no prédio e peço instruções na recepção, uma moça me manda para o RH da empresa que fica no 10º andar, entro no elevador confiante de que tudo vai dar certo.

Chego no 10º andar e me sento em um dos sofás esperando que a moça da recepção possa falar comigo, poucos minutos depois mais e mais garotas chegam, suponho que seja para a mesma vaga, todas estão folheando papéis sobre a empresa, e aí vem um choque, não sei nada sobre a empresa, nem sei quem é o dono, começo a ficar nervosa e apertar a pasta que está em minhas mãos e então meu celular vibra, abro minha bolsa e pego o celular, é Mia;

"Não se preocupe, vai dar tudo certo, faça como sempre faz e dê o seu melhor. À noite vamos comemorar! Força!"

Só de ler a mensagem já me sinto melhor, parece que ela é telepata, sempre sabe o que dizer e na hora certa.

Esperamos mais um pouco e a secretária nos chama por ordem de chegada, de tão preocupada que estava nem tinha notado que havia chegado outra garota antes de mim, ela fica dentro da sala o que parece ser uma eternidade.

Assim que a secretária chama meu nome fico com as pernas bambas;

- Senhorita Julie Amber, pode entrar.

Ela abre a porta e entro em uma sala, é espaçosa e dá pra ver a claridade do céu, um homem elegante surge de trás da cadeira, cabelos castanhos, olhos azuis, ele assente para a cadeira a sua frente para que eu me sente.

-Muito prazer meu nome é Anthony Kurts. Você é a senhorita Julie Amber, 22 anos, último ano da faculdade de arquitetura na Harvard, por que deseja trabalhar em nossa empresa?

- Sempre admirei a forma como vocês trabalham, seus projetos são maravilhosos, a melhor equipe de arquitetos de Nova York juntos, é um sonho trabalhar com vocês, me tornei arquiteta por amor a profissão, para mim não existe nada melhor do que desenvolver algo que as pessoas vão admirar se orgulhar de ver um projeto concluído e saber que têm meu trabalho e esforço ali.

Não consigo conter minha empolgação, e antes que percebo a entrevista termina.

Anthony me cumprimenta com um aperto de mão, dizendo que ligariam até amanhã com o resultado.

Saio de lá pisando em nuvens, repetindo para mim mesma que eu havia conseguido.

Ligo para Mia, precisava agradecê-la por me dar força, o celular dela chama mas ninguém atende, imagino que ela deva ter se atrasado para ir trabalhar, resolvo ir ao mercado comprar alguns mantimentos e também mimos de agradecimento.

Do mercado vou direto para casa, como já é quase hora de Mia voltar eu coloco as cervejas na geladeira, a pizza no micro-ondas e vou tomar banho.

Mia aparece pouco tempo depois e já chega entrando e fazendo perguntas;

- E então, como foi? Foi seu futuro chefe quem te entrevistou? As perguntas eram difíceis? Quando saí o resultado?

- Acho que foi meu futuro chefe, era um homem de meia idade, sério, fez perguntas focadas. Eu fui bem, apesar de estar nervosa no início sei que fui bem!

Mia e eu começamos a comer e nosso interfone toca;

- Sou eu, o porteiro gostaria de informar que terão um vizinho novo amanhã, vamos recebê-lo bem meninas.

O porteiro era como um tio para nós, quando estávamos bêbadas ele nos abria a porta, levava as infinitas cartas que nunca lembrávamos de pegar e também nos avisava sobre os novos vizinho.

Mia logo se anima pois como de costume fará cookies, terminamos de comer e fomos para o sofá assistir a um filme e depois disso tudo virou um branco.

Música: Jessie J -  Who's Laughing Now

Boa leitura!


The road to the happy endingOnde histórias criam vida. Descubra agora