Á três passos de distância

9 2 2
                                    

Mia

Na manhã seguinte acordo com o cheiro de ovos com bacon espalhado pelo ar, saio da cama me sentindo leve mesmo depois de uma viagem longa e muitos (muitos mesmo) pedaços de pizza, tomo um banho e começo a me arrumar, mas paro assim que vejo a pequena volta que se forma em minha barriga, passo a mão para que ele saiba que estou aqui e que eu o amo independente do que nos acontecerá no futuro, termino de me vestir e vou para a cozinha onde Julie está me esperando com dois pratos bem recheados em cima da ilha.

- Bom dia Baby. Caiu da cama?

- Tipo isso. E você?

- Acordei com cheiro de bacon e é claro que nosso bebê despertou junto. – digo e passo a mão na barriga.

- Temos que provar nossos vestidos hoje, a estilista me ligou umas dez vezes só essa manhã.

- Por que ela ligou? Estamos atrasadas? – pergunto enquanto como o melhor café da manhã da história.

- Eu estou enrolando ela para entregar suas medidas á semanas, ela vive dizendo que não tem como vestir alguém que ela não sabe a simetria.

- Por que não mostrou uma das minhas fotos?

- Mia olhe bem sua barriga e esses peitos quase explodindo do sutiã. Como eu saberia suas medidas?!

- Tem razão eu consegui ficar ainda mais gostosa! – brinco e Julie me encara com jeito de quem está prestes a me bater com a colher que ela está segurando.

- Odeio você. – ela tenta não sorrir ao me xingar, mas para ela é uma missão impossível.

- Vamos comer, hoje finalmente vou ver seu vestido!

- É maravilhoso, diga-se de passagem.

Depois de tomarmos o café e deixar tudo arrumado saímos em direção á boutique, a caminhada é lenta e noto os olhos das pessoas em minha barriga Julie brinca que gravidas são um dos maiores fetiches masculinos, e acabo concordando conforme os olhares dos homens se voltavam para mim e não de um jeito decente.

Tudo estava bem, eu estava bem... Pelo menos estava antes de vê-lo parado em minha frente com a boca semi aberta encarando minha barriga e por puro instinto á cubro com minhas mãos, sinto a mão de Julie nas minhas costas e vacilo por um segundo, minhas pernas pesam, mas eu me recuso a desabar então arranco forças do fundo do poço que é onde me sinto agora e me reergo, pelo menos é o que aparento. Não desvio meus olhos dos dele, fico lá revendo nossos momentos em flashes me perdendo na imensidão vazia que vejo um vazio tão familiar e perturbador que poderia me afogar aqui e agora, percebo que minhas mãos ainda envolvem meu ventre e as tiro para que ele veja e saiba que é nosso filho, nosso fruto do amor mesmo que o amor não tenha sido o suficiente para nos manter juntos.

Tony tenta falar, mas simplesmente não sai ele passa a mão pelos cabelos e começa a andar de um lado para o outro exalando frustração Joshua está do lado dele fuzilando Julie com os olhos, meu cérebro grita que isso não deveria ter acontecido, foi um erro voltar antes, foi um erro sair de casa essa manhã, foram malditos erros juntos para uma manhã tão curta. Olho para Julie que força um sorriso e acena com a cabeça, mesmo sabendo que isso iria acontecer não queria envolver Julie á esse ponto com risco de prejudica-la, mas já era tarde demais, estávamos todos ferrados.

Quando finalmente Tony se acalma ele começa a se aproximar, um... Dois... Três... Estávamos á três passos de distância um do outro, mas em nossas almas e corpos a distância era incontável. A antiga Mia não estava aqui e nem o antigo Tony, nesse momento para nós essa distância precisava permanecer pelo menos por um tempo.

Quando me dou conta Julie e Joshua saem juntos e nos deixam lá, meu coração aperta pela minha irmã e fico impaciente, só de pensar na possibilidade de estragar o casamento deles.

~~~~~~~~~~-~~~~~~~~~~~

Julie

Entramos no carro e Josh dirige em silêncio, não me olhou nenhuma vez nos cinco ou cinquenta minutos que estamos parados nesse maldito sinal vermelho, sei bem que ele está irritado e também sei que ele vai ficar assim até decidir que é hora de me ouvir, pego meu celular e envio uma mensagem para Mia que voltarei mais tarde e finalmente o sinal abre, mas o silêncio continua deixando o ar sufocante.

Josh pega a rodovia e acelera, me seguro na beirada do banco e fecho meus olhos lutando contra a onda de enjoo, e a bagunça que meu estômago ficou depois das ultimas pedras que ele enroscou no caminho. Não sei quanto tempo passou, mas ele finalmente para a tempo de eu abrir a porta e correr para qualquer lugar á minha frente para vomitar todo meu café da manhã e drenar todo o liquido de meu corpo. Depois que finalmente paro de vomitar volto para o carro, me sento encostando minha cabeça no encosto mantenho meus olhos fechados, logo sinto a mão de Josh pousada sobre meu joelho então abro meus olhos e o encaro, aquele olhar de antes sumiu, agora há arrependimento e preocupação, mas isso não me comove, pelo contrario me deixa com mais raiva do que já estava.

Junto minhas forças e me levanto me afastando de Josh.

- Por que não me disse? Por que não me disse? – ele repete com a voz carregada.

- Eu não tinha nenhuma obrigação de te contar. – digo ríspida.

- Nós vamos nos casar Julie... Eu pensei que confiasse em mim, que... – me viro para ele sentindo a raiva ferver nas minhas veias.

- Não é essa a questão e você sabe disso, não preciso me justificar por algo que não tem nada a ver com sua vida.

- Tony e meu amigo porra! – pela primeira vez desde que nos conhecemos ele levantou a voz para mim me deixando sem chão.

- Mia é minha amiga! E ela está gravida do idiota do seu precioso amigo! E quer saber mais? Isso foi á porra de uma promessa que eu fiz e eu jurei não contar para ninguém, nem mesmo você. Eu NUNCA trairia a confiança de alguém que eu conheço praticamente a minha vida toda para saciar sua imaturidade e de seu amiguinho inútil! – desabafo e Josh me encara incrédulo.

- O que está acontecendo? Por que está assim? – o tom da voz dele diminui a cada palavra pronunciada.

- Eu quero ir pra casa, por favor. – volto para o carro e Josh entra logo em seguida e apenas começa a dirigir em absoluto silêncio.

Chegamos ao meu apartamento, mas não permito que ele entre apenas fecho a porta e desabo em um choro descontrolado.

Música: Sleeping at last - Already gone 

Boa Leitura!

The road to the happy endingOnde histórias criam vida. Descubra agora