Tony
Vou à construção todos os dias penso em cada detalhe da casa ainda tenho esperanças de reconstruir minha vida com Mia e que possamos resolver nossas vidas deixando tudo de ruim para trás. É uma batalha diária não ligar pra ela e pedir que ela volte, penso em todas as promessas feitas e as palavras que dissemos um ao outro, e o quanto eu queria que fossemos para sempre mesmo que digam que não existe eu quero tentar com ela. Faria qualquer coisa para vê-la andando por essa casa brigando comigo por eu deixar a toalha molhada em cima da cama, ver ela jogada no sofá com uma das minhas camisas xingando seus personagens favoritos nas séries que ela assiste, penso em como seria se tivéssemos um filho, que tipo de vida teríamos e o quão felizes poderíamos ser. Por mais que eu tente fugir desses pensamentos é inevitável, pensei em parar a construção, mas como Julie disse que seriam três meses apenas pensei que poderia trazer ela de volta para mim, sei que ainda falta muito para ficar pronta a casa e que não poderia mais esconder dela nada, mas sinto meu peito aquecer de pensar em como ela iria sorrir em ver a nossa casa, penso nela enchendo a casa de fotos nossas e dos lugares que ela conheceu, eu quero tanto que ela volte que meu cérebro fica em modo automático quando olho a planta da casa e a construção cheia de pessoas trabalhando para realizar o sonho dela... O meu sonho.
Tenho focado no trabalho o máximo possível, evito as ligações de minha e mãe e de Michelle, criei uma rotina onde não sobre brechas em minha vida pelo menos até eu poder rever Mia, vou para a academia depois do trabalho, tomo banho e durmo faço isso uma semana depois de Mia ter partido, não bebo e não saio de casa assim não preciso ouvir as pessoas pedindo se estou bem ou sobre o quanto tenho falado com Mia, mando e-mails para Joshua com meu trabalho concluído assim não preciso ficar tanto na empresa, aprendi a lutar boxe e me aventurei em escaladas. Dei uma volta em minha vida de 360º graus tirei tudo que era "normal" e substituí por experiências novas brigando com meus medos e esquecendo de me limitar, comprei uma câmera que ainda está na caixa com um laço rosa em cima. Desço para a garagem até meu carro e encontro Michelle escorada na porta do motorista.
- O que está fazendo aqui? – digo ríspido.
- Isso é jeito de receber sua mulher?
- Você não é minha mulher. Agora me dá licença preciso ir trabalhar. – á tiro da porta do carro e ela agarra meu braço.
- Por favor, vamos recomeçar? Aquela garota foi embora depois de terminar com você, me dê mais uma chance sei que podemos fazer isso juntos.
- Eu não sinto mais nada por você. Cadê o seu orgulho?
- Mas, naquela vez, a briga com Mia você me levou com embora e não ela. – solto meu braço e me escorro no carro.
- Eu te levei em consideração aos nossos doze anos de casamento, mas percebi o quão errado eu estava depois de ver Mia partir. Entenda que a única razão de estar respondendo á essa conversa é em consideração ao que já tivemos nada, além disso.
- Por que é tão cruel comigo? O que eu fiz de tão errado Anthony?
Passo a mão pelos cabelos e começo a rir, eu sou realmente um grande idiota por não ter levado Mia, enquanto eu pensava nos nossos doze anos esqueci completamente que ela me traiu sem se importar comigo ou com qualquer outra coisa além do próprio prazer.
- O que você fez? Quer mesmo que eu diga tudo o que fez? – me aproximo e seus olhos se fecham levemente.
- Não precisa dizer nada, eu sei o que eu fiz e o quão errada eu estava. Então o que eu preciso fazer para obter seu perdão? Eu preciso ser como ela? Apena me diga. Por favor?
- Você está se ouvindo? Mesmo que morra tentando nunca chegará aos pés de Mia, eu nunca mais vou amar alguém além dela. NUNCA. A única maneira de aplacar minha raiva é você sumir da minha vista para sempre, vá onde eu nunca mais possa por meus olhos em você, não ligo para o que vai fazer a partir daqui, então apenas suma da minha vida e principalmente nunca mais chegue perto de Mia, mesmo que ela nunca mais me aceite de volta eu vou me certificar que ficará longe dela.
- Anthony... – lágrimas rolam pelo rosto dela me deixando ainda mais furioso.
- Vou trabalhar. Adeus Michelle tenha uma boa vida.
Entro no carro e fecho a porta dando partida logo em seguida e saindo do prédio sem olha para trás, deixo o peso de minhas mágoas todos com Michelle e pela primeira vez soltei tudo o que estava preso liberei até mesmo mágoas que não tinham a ver com ela e sim comigo.
Pego meu celular e procuro nas chamadas perdidas e nas mensagens se á alguma de Mia e meu peito afunda ao ver que não tem nada, paro no sinal vermelho e meu celular começa a tocar, meu treinado me ligando enquanto já estou a caminho.
-"E ai cara?" - digo.
-"Surgiu um imprevisto tenho uma aula de natação urgente, minha mulher não poderá ir então vou cobrir a aula dela. Podemos remarcar?".
-"Tem alguma chance de poder participar dessa aula?".
-"Se quiser mesmo te passo o endereço e depois explico pra minha esposa.".
-"Vou esperar. Nos vemos mais tarde.".
Depois de receber a mensagem passo em uma loja e compro algumas roupas de natação e sigo direto para a piscina, deixo meu celular e documentos no carro e vou direto para o vestiário.
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Mia
Estou andando pelo apartamento completamente entediada, peço comida e espero que eles venham, mas com a demora ou a minha falta de paciência procuro algo para beber, vou até a mini geladeira e pego uma garrafa com um liquido branco e leitoso dentro, leio o rotulo, mas como meu coreano ainda é ruim abro a garrafa e tomo o conteúdo apreciando cada gota que desce pela minha garganta surpresa por ser tão gostoso o sabor. A comida chega, abro a porta meio tonta e começo a comer e a tomar aquela bebida que até então eu nem sabia que estava ali, pego a garrafa vazia em minhas mãos e com muita dificuldade traduzo o rótulo com o celular oh não é vinho... O QUE??? Releio e me dou conta que estou completamente bêbada e rindo até das paredes, me deito na cama e começo um "diálogo" com meu filho.
-"Ei bebezinho, também está bêbado? O que a mamãe fez? Como será que eu devo te chamar? Hyun Shin? Que tal um papai coreano bonito que nem aqueles cantores que nós vimos? Ou o cara das malas que também trás comida?".
Minha cabeça gira enquanto tento me sentar e segurar meu celular na mão. Passo os contatos e paro no número de Tony e ligo pela primeira vez desde que cheguei aqui, chama uma, duas, três, quatro vezes e cai em caixa postal, ligo de novo pelo efeito do álcool em meu corpo e depois de um tempo perco a conta de quantas vezes liguei até cair em caixa postal e não chamar mais, ele deve estar com raiva de mim, ele deve me odiar por ter deixado ele sozinho e me pego em uma crise de choro, sinto toda dor que mantive guardada saindo lavando as cobertas com minhas lágrimas quentes, não penso em nada apenas deixo tudo sair depois posso usar a desculpa do álcool "eu estava muito bêbada" ou "por que meu rosto está tão inchado?". Depois de estar completamente exausta pego no sono segurando o celular contra meu peito.
Música: Halsey - Without Me
Boa leitura!
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The road to the happy ending
RomanceDuas amigas, dois amigos, duas histórias que se entrelaçam, sonhos, intrigas e uma entrega à vida apaixonante. Até onde cada um vai por seus sonhos. Descobertas sobre o passado, aceitação, caminhos que se juntam de tal forma que se torna impossíve...