8° Capítulo

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Dormi pouco aquela noite pensando no que minha mãe havia me falado, e cheguei a conclusão de que a mesma estava completamente certa, eu precisava fazer aquilo.

A parte que menos me agradava era pensar em como seria a reação dele... Mas, eu tinha duas alternativas, viver verdadeiramente, ou morrer mergulhado na mentira.

Peguei meu Celular e mandei uma mensagem pra ele:"Oi Diogo".

Esperei praticamente o dia inteiro uma resposta, mas ela não veio, então resolvi que eu iria até ele.

Toquei a campainha e nada.         --Será que não tem ninguém?
Mais duas vezes e escutei alguém falando.

--Esperaaa...

Ja sabia quem era...

--Ah... Oi Marcelo! Tudo bom?

--Tudo sim Teresa, o Diogo está?

--Ta sim... Entra, fica a vontade.

--"Brigado", vou subir...

Ela apenas concordou com a cabeça. Quando cheguei em frente a porta do quarto um frio se instalou em meu estomago e comecei a suar.
Bati na porta duas vezes e ele abriu.

--Marcelo? O que tu quer?

--Nossa... Depois você fala que eu é que estou diferente, não posso mais vir aqui não?

--Para de drama, tu sabe que eu não gosto disso.

--Não gosta mas faz comigo.

--Entra aí!

Entrei e me sentei numa poutrona que tinha no canto do quarto.
Fiquei calado por alguns segundos, queria saber por onde começar... Não foi fácil pra mim, posso até dizer que foi um dos piores momentos da minha vida.

--Vai ficar calado aí? Ou tu só veio olhar pra mim?

--Calma Diogo, relaxa ok? Eu quero muito conversar umas coisas aí contigo, só não sei por onde começar.

--Deixa de enrolar e fala logo, não gosto dessas viadagens...

Respirei fundo... Puxei todo o ar que eu consegui.

--Eu... E... Sabe...

Olhei pra ele o o mesmo tinha erguido as sobrancelhas e cruzado os braços.

--Não faz muito tempo... Eu comecei... Eh... Comecei a a sentir umas coisas estranhas, diferentes sabe?

--Iiiiiiiiiii acho bom tu...

--Para... Deixa eu terminar, depois tu faz o que achar melhor, preciso fazer isso enquanto tenho coragem.

Ele ficou calado, meu coração estava a mil por hora.

--Passei a sentir... Ai meu Deus, me dê forças. Passei a sentir atração por homens, é isso, eu sou...

Puxei mais um bocado de ar...

--Eu sou gay!

Fechei os olhos e esperei pelo surto.

--Que porra é essa que tu acabou de falar? Espera... Espera, deixa eu ver se entendi bem... O cara que eu sempre chamei de irmão gosta de rola? Ta de brincadeira comigo, só pode...

Não soube o que falar, fiquei quieto, acho que existia uma certa esperança dentro de mim em relação a aceitação dele para comigo.

--Tu sempre soube o nojo que eu sinto dessa gente, a repulsa que eu tenho... Agora me vem com essa? Cara... Eu só não te jogo dessa janela porquê agente ja viveu muitas coisas juntos, por que sinceramente a vontade que eu sinto é de te socar até... Aaaaaaaaaaa que ódio. Sai fora daqui....

--Diogo... Eu... Eu...

--TU É SURDO CARALHO? SAI FORA DAQUI ANTES QUE EU RESOLVA VOLTAR ATRÁS, EU NÃO QUERO TE VER NA MINHA FRENTE...

As lagrimas ja estavam lá, lavavam meu rosto de forma tão intensa que meus olhos embasaram.

Meus passos eram lentos, não consegui raciocinar direito. O ódio dele parecia ter empreguinado em minha pele, foi a pior sensação que eu cheguei a sertir até então.
É incrível o que o sentimento pode chegar a fazer com agente.

Apesar de saber que àquela seria sua reação, me senti morto por dentro, várias lembranças se fixaram na minha cabeça.

Cheguei em casa devastado, tudo em mim doía, minha necessidade de aceitação tinha chegado ao extremo, hoje vejo o quão odiota fui.

Não sei ao certo o que era tudo aquilo, meu coração estava apertado dentro do meu peito... Parece loucura...

Queria que tudo tivesse sido diferente, mas infelizmente as pessoas tem que aprender com a dor, e eu acho que aprendi.

Minha mãe chorou junto depois de falar pra ela o que havia acontecido.

--Oooh filho, o mais importante você ja fez, o primeiro passo que você deu rumo a sua felicidade, não se prenda a coisas que não são suas, o tempo cura tudo.

--Eu... Eu sei disso mãe, eu apenas sonhei demais, só isso.

O dia amanheceu e ela não saiu de perto de mim, não sei , mas senti que ela estava com medo, sei la... Talvez medo de que eu chegasse a fazer alguma besteira.

É claro que eu não iria fazer nada, apesar de não faltar vontade.

Sempre soube que aquele momento iria chegar, mesmo tendo tentado adiar por diversas vezes. As lágrimas que saiam de mim eram apenas um pêso a menos.

Não importava quão dolorido estivesse sendo, uma hora ou outra iria passar.

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