7° Capítulo.

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Em certa parte do caminho senti meu coração apertando, varios pensamentos vinheram e com eles imagens de momentos dos dias que passei por ali, minhas vistas embasaram e eu mal conseguia ver a estrada direito...
Parei debaixo de uma arvore e me entreguei ao choro, deixei que as lágrimas saíssem de mim, ja estava cansado de chorar...

Quando vi que já estava melhor voltei pra estrada, não queria ter que viajar à noite, era perigoso demais.

Segui viajando até a cidade *******, parei em um posto somente pra abastecer e poder comer alguma coisa, aproveitei esse tempo pra poder conversar com minha mãe, ja que a mesma nem sabia que eu estava voltando, a não ser que minha tia ja tivesse contado.

--Mãe?

--Não, é o seu pai palhaço... Quem mais entra nessa casa?

--Ignorante... A senhora poderia muito bem ter levado alguém aí, nunca se sabe.

--Sou uma santa...

--Sei, sua fama no bairro ja diz tudo...

--Oi? Que fama Marcelo?

--Rsrsrs to brincando mãe, relaxa... Te liguei pra falar que to voltando...

--Ja sei... Sua tia me falou...

--Eita que vocês duas em?

--O que? Ela está certinha...

--Sei... Era só isso mesmo, agora preciso desligar, não quero ter que viajar a noite...

--Ok filho, que Deus lhe traga bem...

--Amém mãe...

Voltei pro carro e peguei a estrada outra vez... Era meio cansativo ter que passar o dia inteiro dirigindo, mas, fazer o que ne? Fui eu que não pensei direito antes de ter aquela brilhante ideia.
......
Já era noite quando avistei as luzes dos postes acesas, era uma cena um tanto quanto bonita.

Andentrei na cidade e meu coração quase pulou de tanta felicidade que eu senti, não sei explicar ao certo o motivo daquela alegria toda.

--Como será que ele ta?

Meus pensamentos me levaram tão longe que quase esqueci que estava dirigindo, ainda bem que foi apenas um quase...

--Sera que ele está em casa? Aposto que não, aquele sem vergonha só pensa em farra, deve tá com alguma puta pôr ai, se bem que isso nem é novidade...

Foram apenas três dias longe, o suficiente pra que eu sentisse saudades de casa... Bem... Só de casa mesmo.
.......

Parei o carro na frente da minha humilde residência e a primeira coisa que fiz foi olhar pra casa dele, mesmo sabendo que ele não estaria lá.

Quando nós dois éramos crianças me lembro que não nos dávamos muito bem, ele sempre foi muito fechado, não era muito sociável, ele era o tipo de criança que da nojo de ficar perto, mimado até por demais.

Eu tentei me aproximar por diversas vezes e ele sempre se afastava, até o dia que nós dois brigamos, no soco mesmo, ele não queria procurar no pique esconde... Rsrsrs

--Eu não quero... Tem que ser o chato do Marcelo...

--Eu também não vou, você que é chato...

Não sei ao certo se aquilo foi a melho maneira de se começar uma amizade, só que depois dos "murros" que trocamos acabamos nos aproximando e nos tornado quase irmãos.

Aos 12 anos comecei a olhar pra ele de uma forma estranha, o mesmo começou a ficar maior que eu e mais forte também, talvez por ser um ano mais velho.

Aos poucos a admiração por ele foi se transformando em algo mais forte, não digo que nao tentei reprimir aquilo, pois eu tentei, com todas as forças que existiam em mim.

Porém, não consegui, sempre foi um sentimento muito forte, por várias vezes me peguei imaginando em como ele seria pelado...

Quando completei 14 ele me deu esse presente, de forma inconsciente é claro, ele não fazia idéia de tudo que passava em minha cabeça, dos meus desejos "obscuros" por ele.

Sempre tentei pôr na cabeça o seguinte: Talvez seja só amor de irmão.
Doce ilusão, vê-lo pelado confirmou isso, a excitação que eu senti, o calor do  momento, tudo, absolutamente tudo nele me deixou absmado.

Só que sempre manti isso pra mim, apenas minha mãe sabia disso, e a pedido meu se quer tocávamos neste assunto.
Diogo dizia ter nojo de viado;
--Esses viados escrotos deviam morrer, não é Marcelo?

--Claro Diogo...

Chorei tanto nessa noite, pois algo dentro de mim gritava que eu precisava me assumir, uma hora ou outra, e inevitavelmente nossa amizade murcharia, era inevitável.

--Filho, filho... Ei garoto! Tá surdo?

--Aaaai mãe, não acha que eu to muito novo ainda?

--Pra que criatura? Você fica aí sonhando enquanto ele ta vivendo por que?

--Eu... Eu... Eu to apenas lembrando de algumas coisas, eu em...

--Sei, sei... Pensei que você iria dormir aí.

--Aí a Senhora resolveu tentar me matar de um susto.

--Para de ser exagerado garoto, puxou pra quem? Não responda.

Sai do carro e nós adentramos em casa, era tão bom está ali, sei lá... Era aconchegante.

--Me conta, como foram esses dias? Refletiu?

--Meus dias se resumem apenas em lágrimas, acho que chorei o Pacífico inteiro...

--Nossa filho, eu ja te falei várias vezes pra você se assumir pras pessoas, tenho certeza que elas irão ficar do seu lado, se forem suas amigas de verdade.

--Eu nem ligo PRAS pessoas... Só o que importa é ele...

--Você pensa tanto nele que não vive sua propria vida, será que ele pensa em você também? Por que até agora ele nem se quer veio aqui procurar por você...

--Sé...Sério? Você é mal sabia? Eu não precisava saber disso.

--Claro que precisava Marcelo, acorda pra vida, ela não é um mar de rosas e você sabe disso.

Me joguei nos braços dela procurando conforto, sossego... A mesma apenas retribuiu.

Sempre soube que ela me daria um puxão de orelha, ela só precisava encontrar o momento certo, e aquele tinha sido esse momento, eu estava cego, cego pôr um amor, amor este que só me fazia mal.

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