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  observação: essa fanfic há mutilação, drogas... entre outras coisas, e deixo claro que não estou induzindo ninguém a nada. então se quer sofrer por Camren, como já sofremos mesmo de uma forma ou outra, só ir em frente e ler. 

Estados Unidos – Califórnia

Pov Camila Cabello

Estou aqui pra falar de caos. Isso mesmo, aquele caos que te consome por dentro e te deixa sem ar. vocês já sentiram como se não pertencesse a lugar algum? Eu sou filha única dos Cabello Estrabão e finjo não notar que o casamento dos meus pais estão em crise. na minha frente eles tentam articular uma cena, mas eu não sou boba, eu ouço os gritos abafados a noite, durante a madrugada, elas acham que ainda sou a pequena Kaki de 10 anos de idade, inocente e não corrompida pela vida, mas agora eu já tenho 17.

Eu sei que ninguém se importa sobre minhas crises psicóticas e meus estresses de repente, tampouco espero que você aceite a ideia de eu me calar quando você espera algo de mim, na verdade, darei um conselho, se eu fosse você não esperaria de mim muita coisa. Eu apenas acordo todas as manhã e listo milhares dos motivos para que eu não precisasse mais estar viva, só hoje eu listei 20 motivos para desejar a minha própria morte, mas eu sou covarde, até nisso, e não consegui. Pensei em envenenamento, acho que seria rápido e indolor, pensei em afogamento também, mas ao imaginar a água invadindo os meus pulmões e tomando todo meu fôlego me pareceu agonizante. Peguei uma corda e coloquei no pescoço, mas na hora de saltar do banco, veio a covardia e eu não prossegui. eu sou um erro, nem meu nascimento foi planejado, meu pai transou sem camisinha, gozou dentro, e aqui estou eu.

Eu sou uma inútil. No colégio as pessoas me olham como se eu tivesse algum tipo de doença contagiosa, como se eu fosse transmitir algo de ruim pra elas. O caos é contagioso? A depressão é? Esses são os problemas que me atingem, meu pai é psiquiatra, mas não tem notado as minhas mudanças de comportamento repentino. Eu tento me convencer todos os dias que essa sensação ruim vai passar, faz tempo desde que chego em casa normal, com um sorriso no rosto, acho que ultimamente não tenho nem sorriso, e caso isso tenha acontecido, foi totalmente forçado.

Camila estava em frente ao espelho segurando seu diário enquanto escrevia, observava as olheiras em seus olhos e o quanto estava abatida.

As vezes nem eu mesma sei explicar as coisas que sinto, e meus dias vem ficando repetitivos como em um CD arranhado, nada de novo, nunca há nada. Ninguém parece ouvir meus gritos silenciosos por ajuda, nem mesmo os meus pais. Eles estão ocupados com seus empregos pacatos. E sabe o pior? Recentemente eu descobri que minha mãe mesmo tentando a todo custo dar um outro filho ao meu pai, um planejado, ela tem falhado, talvez isso de falhas seja genético, eu falho sempre com tudo, mas o pior não é isso, é minha suspeita de que meu pai está traindo ela com a empregada da casa, e isso me enoja.

O quão no fundo do poço essa família está? Mas para os que olham de fora, somos os Cabello Estrabão felizes e unidos, uma linda família, um casal que se ama e uma bela filha, mal sabe eles que choro todas as noites me amaldiçoando por minha existência. eu vivo uma puta de uma grande mentira. As conversas em família se perderam com o tempo, a gente não conversa mais nem no jantar, é como estar ao lado de desconhecidos.

Eu queria ter amigos, mas eles sempre se afastam quando conhecem o meu caos interior, tenho medo que se assustem com o meu verdadeiro ''eu''. não sou uma garota fácil de lidar, as vezes eu crio coisas na minha mente, porque eu não confio nas pessoas, eu sempre acho que elas estão maquinando algo pra me machucar, talvez até tenham tendo boas intenções, mas a minha mente não me deixa acreditar nisso, então eu simplesmente as afasto da minha vida, e fico sozinha.

Camila pegou um lençol escuro e jogou por cima do espelho, não gostava do que via, e se sentia ainda mais mal ao ver que seu corpo estava mais magro do que deveria, e que as noites mal dormidas estava deixando seus olhos com olheiras horríveis, ela já não tinha o brilho dos olhos castanhos que teve na infância. Tudo aparecia estar desmoronando, pouco a pouco. Restaria algo para reconstruir? Ou ela desabaria completamente?

***

Na manhã seguinte ela levantou cedo sabendo que teria que ir pro colégio, estava com 17 anos e perto de terminar o ensino médio, logo faria 18 e evitaria aniversários, ela detesta, toda aquela besteira de bolo, enfeites. Todas as garotas já falavam sobre os cursos que pretendiam fazer na universidade, mas e ela? nada, não conseguia pensar em nada que amasse ao ponto de querer cursar. De fato ela não tinha nada de igual com as outras garotas. na realidade ela nem se enxergava no futuro, não achava que duraria muito tempo.

Tomou um banho rápido, escovou os dentes, e preferiu não molhar os cabelos, eles estavam bagunçados mas ela não se importou, fazia tempo que tinha parado de se importar consigo mesma. Colocou uma blusa de mangas cumpridas para esconder as marcas dos seus dias tempestuosos, em que ao não aguentar a dor interna, apelava para a dor física, e então via o sangue escorrer por seus braços. Pegou a mochila e saiu do quarto. Seus pais estavam na mesa já tomando o café da manhã. Ela sentou junto a eles sem falar nada, nem se quer um sorriso ou um ''bom dia''. Era sempre assim, Alejandro e Sinuhe já estavam até acostumados com o jeito fechado da filha, ninguém conseguia penetrar as barreiras que ela colocava para não invadirem o seu mundinho obscuro. Comeu apenas um pão com manteiga, tomou um copo de café e se levantou.

— está indo bem no colégio?

— faz muito tempo que não estou indo bem em nada na minha vida. Tenha um bom dia

Pegou uma maçã e saiu sem deixar que os pais falassem mais nada. Mas ela tirava notas boas, não sabia nem porque ou pra quê, já que quando pensava em seu futuro, não conseguia ver nada. Todo mundo se imagina em um universidade, se formando, casando, tendo filhos. E Camila? Ela não consegue ver nada, apenas um vazio, é como se ela não fosse chegar até lá pra viver tudo isso. já estava mesmo a ponto de desistir de si mesma, quase soltando o único fio de sanidade.

Fez o trajeto que fazia todos os dias para a High School da Califórnia, lá você encontrava de tudo. Os góticos antissociais, os Nerds, as patricinhas lideres de torcida, os rapazes do time de futebol que se achavam os donos do mundo e pelo qual as patricinhas brigavam por eles. Os solitários. E Camila, a garota estranha que ninguém tinha coragem de falar um ''oi'' por medo de receber um grande silêncio como resposta. Antes de entrar no colégio ela verificou sua mochila pra ver se não esqueceu algum livro, e então viu uma figura feminina pelo qual antes nunca tinha visto, estava escorada em uma das árvores, vestia uma jaqueta preta de couro e usava coturnos, entre seus lábios havia um cigarro e ela tinha um sorriso presunçoso.

Camila fechou a sua bolsa e percebeu seus cadarços desamarrados, nesses segundos que teve para amarrar e levantar, ao tornar a olhar para a árvore, não havia mais ninguém. Será que era algo real ou mais um fruto de sua imaginação? Mais um delírio de sua mente atormentada? Ela não sabia. Mas apenas pegou sua mochila e entrou pro inferno, quer dizer, colégio.

Dangerous love - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora