Estava na primeira aula e Camila já não aguentava mais, tinha tomado um comprimido de Bromazepam que pegou das coisas de seu pai enquanto ele estava em uma seção de terapia com um paciente, isso a ajudava a ficar mais calma e afastar um pouco os pensamentos ruins. Ela batia com o lápis na cadeira e uma das garotas que sentava ao seu lado a fitou séria, Camila a encarou olhando-a de forma séria também.
— quer parar com isso? está tirando a minha atenção e concentração
— como se você prestasse atenção em alguma aula Alison, todo mundo sabe que é apenas a vadiazinha nojenta do colégio
A garota levantou da cadeira e a professora se aproximou. Camila nem se quer se moveu, não tinha medo de falar a verdade na cara dela, as outras garotas tinha, parecia a Regina George e seus capachos, a latina optava por ficar sozinha, era melhor que isso.
— o que está acontecendo aqui?
— essa estranha! Ela me chamou de vadia!
— isso é verdade Camila?
— sim, quem não sabe que Alison Dilaurentis é a vadia do colégio? até a senhora sabe, professora
— senhorita Cabello peço que saia da sala agora mesmo, isso é inadmissível em uma aula
Algumas alunas começaram a dar vaia, mas a latina não se importou, pegou sua mochila e saiu, batendo a porta com força. Foi para o banheiro e deu um murro no espelho, queria que tivesse quebrado pra machucar sua mão, mas a força que colocou não foi suficiente. Botou a mochila no chão e abriu a torneira, molhou o rosto e respirou fundo. Tateou seu bolso e viu sua amiguinha ali dentro, a lâmina afiada. Foi até a porta e viu os corredores vazios. ficou alguns minutos ali, olhando seu reflexo no espelho e se odiando. olhou para a lâmina afiada e passou em sua pele, gemeu baixo pela ardência e viu o sangue escorrer.
— você está fazendo errado
Tomou um susto, olhou para a porta e viu a garota que havia visto no lado de fora do colégio. Ela não estava mais fumando, e segurava a jaqueta de couro na mão.
— o que?
— falei que está fazendo isso errado
— e quem é você? —ela não respondeu, e continuou o que estava falando
— se quiser se matar, corte na vertical, não conseguem costurar. Ah e seria bom fazer isso com a porta fechada
Disse na maior naturalidade. Seus olhos eram verdes profundos e penetrantes. Ela era linda, com um ar sério, tinha algumas olheiras e seu cabelo estava bagunçado, mas isso não a deixava feia de modo algum.
— não respondeu a minha pergunta, e eu não estava tentando me matar, pelo menos não ainda. Porque estava me olhando?
— eu não estava
— estava sim, do outro lado da rua, perto da arvore
— tinha várias pessoas por ali, porque acha que era pra você que eu estava olhando?
Se aproximou e abriu a torneira deixando a água abundante descer. Lavou as mãos que pareciam, sujas de sangue?
— o que houve com suas mãos?
— com as minhas mãos, nada... eu tenho que ir
Caminhou até a porta e parou apenas para fita-la de novo
— espere, não me disse o seu nome
— você vai saber logo
Então saiu, deixando Camila atordoada e com seu braço sangrando. Ela guardou a lâmina e cobriu o braço com a blusa de mangas longas. Pegou a mochila e abriu a porta do banheiro rápido dando de cara com uma das ajudantes de cozinha do colégio.
— você viu uma garota? Estava com uma jaqueta, acabou de sair
— não vi nenhuma
— ela saiu não faz nem cinco minutos
— eu estou no corredor a 10 minutos conversando, vim ao banheiro agora e não vi garota alguma no corredor, nem entrando no banheiro e muito menos saindo
Camila franziu a testa e então saiu do meio para que a mulher passasse. Iria pra onde? Não podia voltar pra casa e ter que explicar que chamou sua colega de vadia e foi expulsa de sala, então resolveu ir caminhar sem rumo. Quando chegou no parque, já um pouco afastado do colégio. Sentou encostada em uma grande árvore que dava uma sombra maravilhosa, abriu sua bolsa e pegou seu diário.
As pessoas dizem que gostam de sinceridade, mas elas são mentirosas. Hoje chamei uma garota de vadia, e ela é mesmo, todos os garotos da nossa turma já ficou com ela e seu exército de putas que fazem o que for preciso para agradá-la. eu vejo a forma que elas me olham com desprezo por não usar roupinhas cor de rosa como elas, ou fazer coisas que elas fazem, eu odeio passar batom, maquiagem, eu não acho que precise de mais uma camada em meu rosto, mais uma máscara, eu já tenho que usar uma todos os dias pra esconder o que realmente sou por dentro, uma grande e deprimida fracassada. Eu gostei de como a palavra ''vadia'' soou da minha boca, da expressão de raiva no rosto daquela garota. e depois, o acontecimento estranho, a garota misteriosa que vi antes de entrar no colégio, ela simplesmente apareceu no momento em que eu me libertava do caos que me perturbava naquele momento. Será que é verdade o que ela disse? Mas pensando bem, uma veia pode ser comparada com um canudinho, e se eu cortar na horizontal ainda tem jeito, eu ainda poderia usar o canudo, mas caso o cortasse ao meio, na vertical, não haveria como restaurar. Ela me deu uma alternativa de como me livrar de minha dor, de acabar com tudo, mas porque será que não tenho coragem? Eu quero acabar com as vozes na minha cabeça. Quando eu não consigo dormir a noite, elas não se calam, elas não me deixam ficar em paz comigo mesma, e isso é tão frustrante e assustador. Eu queria entender o que há de errado comigo, eu me atraio pelo obscuro, pela dor, por sangue, eu sou doente por isso? não sei mais o que fazer. É só a você que posso contar, mesmo que não seja uma pessoa, seja apenas um caderno velho com folhas em branco, me sinto aliviada quando desabafo. -falava em voz alta enquanto escrevia
Camila fechou o diário e guardou dentro da bolsa. Colocou encostado no tronco da árvore e deitou a cabeça. Adormeceu minutos depois, ali no parque, sozinha.
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Dangerous love - Camren
FanficDuas pessoas problemáticas que resolvem se envolver. uma psicopata, e uma depressiva. mentes danificadas e alma vazia. seria possível nascer um amor entre duas pessoas assim? talvez... mas seria um amor perigoso. mas Lauren Jauregui e Camila Cabello...