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"Dizem que o tempo cura todas as feridas, mais quanto maior é a perda mais profundo é o corte. E mais difícil é o processo pra ficar inteiro novamente. A dor pode desaparecer, mais as cicatrizes servem como lembrete do sofrimento. E o deixam preparado, para nunca mais ser ferido. Enquanto o tempo passa nós nos perdemos em meio as distrações. Agimos por frustração. Reagimos agressivamente. Entregamos-nos à ira. Durante todo o tempo tramamos, planejamos e esperamos ficar mais fortes. E sem que percebamos, o tempo passa e estamos curados, prontos para começar de novo." - The Originals

Camila tomou um banho, vestiu uma blusa de mangas cumpridas como de costume. Um par de tênis um pouco surrados, mas ainda lhe servia, e um shortinho jeans. penteou os cabelos e passou um pouco de batom, mesmo que não tivesse costume de fazer isso, mas pensou em Lauren, e talvez ela fosse gostar de vê-la assim. Se olhou no espelho e se sentiu satisfeita, se pudesse se refasia, a imagem que via no espelho não lhe agradavam os olhos, mas não tinha nada que pudesse fazer. Desceu as escadas sem fazer muito barulho, mas ao passar pela cozinha deu de cara com a empregada da casa.

— vai sair?

— vou, avise a minha mãe por favor

Saiu logo, evitava conversar com ela, ou viria a cena de seu pai fodendo a empregada em sua própria casa, mas pensando bem sua mãe estava merecendo os chifres. pensou ela. pegou sua velha bicicleta que estava no quintal e montou nela, foi pedalando até a casa de Lauren. jogou a bike no chão e olhou ao seu redor, esperou que as poucas pessoas ali se distraissem para entrar na casa com rapidez. Para a sua surpresa a bagunça de antes não estava mais ali, as coisas estavam mais organizadas e sem poeira.

— Lauren? você está aqui?

Andou pela sala e seus passos faziam barulho na madeira velha. ia adentrar outros cômodos quando sentiu braços puxa-la e quando foi gritar a mão fria tapou sua boca.

— calma, sou eu

Se virou e encarou os olhos esverdeados e que lhe dizia muito sobre solidão.

— não quis te assustar, vi quando entrou na casa, o que veio fazer aqui?

— eu... queria ver você

— sério?

Ela balançou com a cabeça afirmando.

— fez uma faxina, pelo que reparei

— é, tinha razão, estava uma bagunça, e eu limoei o porão também

— ficou melhor assim

Ela escondia algo atrás das costas e a Latina reparou.

— o que tem ai?

— n-nada

— você vai me fazer mal?

— o que? não! eu nunca teria coragem de te fazer mal, não você. estava esperando secar

Tirou de trás das costas, era uma Rosa.

— eu pintei ela de preto, achei que fosse gostar mais assim

Ela sorriu e pegou a flor negra.

— ficou muito mais bonita nessa cor, mas... você sabe que ela vai morrer né?

— acho que estou fadada a destruir tudo que eu toco

— não fale isso, quem nunca matou uma rosa que atire a primeira pedra. as pessoas não sabem admirar a beleza sem querer destruir, elas veem as flores, estão radiantes e cheias de vidas, mas ela precisam ir lá e arrancar, pra deixar murchando em um canto qualquer. mas essa eu vou guardar dentro de um dos meus livros, é especial.

— por que?

— foi você quem deu, e você é especial

— achei que me achasse louca e não me quisesse por perto, que tivesse medo de mim

— eu me enganei, eu acho que gostei tanto de você ser assim... diferente, que fiquei assustada

— pensei em você e no que te roubei

— mas você não me roubou nada

— sim, um beijo

— ficaremos quites então

Camila se aproximou lhe roubando um beijo de surpresa, que foi retribuído, Lauren acariciou o rosto dela sentindo os lábios macios conectados com os seus. Se afastaram devagar e conectaram seus olhares. Antes que Lauren pudesse falar algo, a latina foi mais rápida.

— conversei com meu pai

— o que ele disse?

— vai pensar sobre ter seções com você

— não posso confiar nas pessoas Camila

— nem em mim?

— em você sim

— então confie em mim, se ele aceitar eu não deixarei que nada de mal te aconteça, nem que tenha que colocar a minha vida em risco por isso

Lauren acendeu um cigarro e levou aos lábios, tragou e sorriu de lado levando o cigarro até a boca de Camila que fez o mesmo processo.

— não está com fome?

— eu já comi mais cedo

— está sempre tão pálida

— é estranho pra mim ter alguém que se preocupa com o meu bem estar.

Camila sorriu e segurou a mão dela, levando até os lábios em seguida, ela fechou os olhos por breves segundos.

— faria uma loucura pequena?

— depende, o que quer que eu faça? não é matar alguém né?

— não, fica aqui comigo?

— já não estou aqui contigo?

— até o amanhecer

Camila franziu a testa e olhou nos olhos dela.

— por favor

O som rouco da voz dela não lhe permitia uma resposta negativa, mesmo que isso fosse causar problemas com seus pais.

— sim.

Dangerous love - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora