§ Prólogo §

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— Corram o mais rápido que puderem. Armas em punho. Usem a força que for necessária, mas não se esqueçam de que existe, pelo menos, duas reféns lá dentro. — Dizer isso em voz alta, faz com que tudo pareça ainda mais real. Em meu interior tudo parece tremer e um medo forte toma conta de mim.

Tudo isso é culpa minha!

Não consigo pensar de forma diferente.

Faço o sinal para que os meus homens me sigam. Chuto a porta de entrada e dou início à corrida.

Esse galpão era utilizado como um centro de treinamento, por isso é repleto de labirintos para testar os militares a lidarem com missões em lugares estreitos e fechados. Nos meus tempos de recruta, também fiz testes semelhantes e só posso dizer que os odiava naquele tempo e agora odeioainda mais.

Parece que quanto mais corro por entre esses corredores sem fim, novas curvas vão surgindo.

Minha vontade é bater com a cabeça na parede por ter demorado tanto para achar esse esconderijo.

Não queria nem imaginar o que estaria acontecendo no centro desse lugar, só podia desejar o que faria com o filho da puta que orquestrou tudo isso. Ele me escapou na primeira vez que nos encontramos, mas isso não aconteceria novamente, nem que eu tivesse que dar um fim a sua vida miserável.

Ouço um barulho semelhante a uma serra elétrica e paro. Sinalizando para os meus homens fazerem o mesmo. Tento apurar a audição para localizar da onde está vindo o som.

Indico três homens para irem pela direita, caso exista a possibilidade de haver duas entradas para o nosso destino final. Vou pela esquerda com o restante dos homens. Meu pressentimento diz que esse é o caminho que ele espera que eu faça.

Acabo não me enganando.

Paro na entrada de uma ampla porta e o meu sangue parece evaporar do corpo com a cena que se desenrola a minha frente.

A serra elétrica estava a pleno vapor, bem próxima do seu alvo, mas é desligada assim que ele me vê em uma das entradas e me destina um sorriso louco. É como se quisesse realmente ter uma platéia para o seu show.

Meus outros homens surgem pela outra porta e ele abre os braços, faz uma reverencia como se estivesse em um palco e volta a me encarar.

Seus homens também estavam espalhados estrategicamente pelo ambiente e fortemente armados. Tenho quase dez vezes mais homens comigo, espalhados aqui dentro e fora desse labirinto maldito.

Tento me recompor e parecer o mais frio possível.

— Acabou para você, desgraçado. — Firmo minha pistola, apontada em sua direção.

Sua gargalhada tenebrosa toma conta do local e ganha uma altura bem elevada, devido à acústica do galpão onde estamos.

— Você tem certeza? Penso que estamos apenas começando com tudo. — Ele solta a serra no chão. Faço mira no seu corpo, mas ele abre o seu jaleco branco deixando aparecer uma espécie de bomba elaborada em sua cintura, mostra-me uma espécie de computador de mão, antes de apontar para outras bombas nas cinturas das duas pessoas que estavam amarradas a duas placas de metal, em pé. — Acho que você não está em posição de apitar nada, mas eu sou um cara bom e vou te deixar escolher. Quem você quer que morra primeiro?


A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora