§ Capítulo cinco §

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Karol

— Ele é tão lindo, né?! A maioria das crianças têm cara de joelho, eu sei disso, mas meu filho não. — Meu sobrinho está no meu colo a menos de dez minutos, mas o olhar da minha irmã já demonstra a falta que está sentindo de tê-lo só para si.

— Ele é perfeito, Sof. Quer que te devolva? — Ela nega com a cabeça.

— Jura que está tão visível assim o sentimento possessivo que já tenho sobre ele?

— Só um pouquinho. — Brinco.

— O pobre do Vitor só segurou um pouco na sala da cirurgia para colocar no meu colo e por dois minutos desde que ele veio para o quarto. Acho que agora estou me acostumando mais a dividi-lo.

— Eu tenho as minhas dúvidas.

— Não seja má, irmã.

— Ok, confesso que estou só implicando. Sof, não pensa assim. Você está compartilhando. Estou longe de poder discernir direito como é essa necessidade maternal de querer o rebento embaixo das asas, mas sei que vai precisar de ajuda, até para poder descansar e dar o seu melhor no cuidado com ele.

— Meu lado racional entende tudo isso, mas meu emocional quer amarra-lo de alguma forma ao meu corpo novamente. Antes parecia que querendo ou não ele era só meu.

— Imagina quando ele for adolescente e começar os namoros e as saídas por toda a madrugada? — Implico.

— Não me faça te bater. — Rosna.

— Foi impossível resistir. — Sorrio e me aproximo da sua cama. — Segura o bebê. Você tem todo o direito de ser possessiva, ele não tem nem um dia inteiro de vida. Não prometo ser tão compreensiva mais a frente, quando pegarei e mimarei muito meu afilhado, mas dessa vez vou te dar essa colher de chá.

— Obrigada por não me achar muito louca.

— Não disse que não achava. — Coloco um travesseiro embaixo do Hugo para ela ficar com ele numa posição mais confortável.

— Tão engraçadinha.

— Desde que te conheci isso está mais latente. Deve ser algo de família, irmã.

Sinto meu celular vibrar no bolso. Retiro e vejo uma mensagem do meu carma.

Está achando que vai fugir até quando de mim? Sei onde te achar e sei seus pontos fracos. Vou te esperar hoje até meia noite no meu lar. Não me faça visitar seus avós.

Sem dúvida o que quer que fosse que estava acontecendo para fazer com que ela me deixasse um pouco em paz ou não pressionasse tanto deve ter acabado, ou não deve estar tomando mais o seu tempo. Agora não teria como continuar fugindo.

— O que houve? Você ficou pálida de repente. — A Sofia segura a minha mão. — E está fria também.

A porta se abre trazendo o Vitor e o Heitor. Verifico as horas e vejo que já está bem tarde. Ela fez isso de propósito para não me dar muito tempo para pensar.

A última vez que não dei bola para uma ameaça desse tipo ela apareceu de madrugada na casa dos meus avós e fez um escândalo que acabou fazendo com que os dois passassem mal. Nunca mais deixei chegar a esse ponto.

— Quero segurar nosso menino agora. Você já se aproveitou muito dele sozinha. — Meu cunhado diz brincalhão, enquanto passa álcool em gel nas mãos.

Observo a cena enquanto tento pensar no que fazer. Saí com tanta pressa do trabalho que não trouxe meu cartão do banco. Tenho um pouco de dinheiro no meu quarto, ela vai reclamar da quantia, mas não tenho outro jeito a essa hora. Não poderia correr o risco de ir a um caixa eletrônico tão tarde sozinha, além de não ter muito na minha conta também.

A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora