§ Capítulo quinze §

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Felipe

Começo a acreditar que existem forças me impedindo de chegar até a minha casa, meu chuveiro e, por fim, a minha cama. Só pode! Cada hora acontece uma coisa para me afastar mais do meu objetivo.

Ficaremos por um bom tempo presos dentro do carro até chegar à padaria em que ela trabalha. Estou cansado e temendo cair no sono a qualquer instante.

Fico me perguntando a razão de ter mentido para ela dizendo que esse seria o meu caminho. Logicamente que a pergunta é idiota, pois sei que esse foi um meio de ficar mais um tempo com ela e posso garantir que não estou pensando nisso por causa de nenhuma investigação.

Ela me intriga.Instiga uma espécie de desejo de querer ficar perto e conhece-la melhor. Nem lembro a última vez que senti algo desse tipo por uma mulher.

Meu instinto é certeiro ao afirmar que ela está me escondendo alguma coisa, mas isso não levanta nenhum bloqueio ou me impede de deseja-la. A Karol é uma bela mulher, com todas as suas curvas bem delineadas, um corpo que foge de qualquer padrão idiota pré-estabelecido. Ela é perfeita aos meus olhos e meu desejo é poder ver, sentir, beijar, possuir, tocar cada milímetro do seu corpo.

A minha raça é complicada, mesmo morto, consigo ter forças para pensar no fato de estar atraído por ela. Sem dúvidas, estou pensando com a cabeça de baixo. Solto um som de riso leve e ela muito mal me olha de esguelha rapidamente, antes de voltar a olhar pela janela.

Nos últimos tempos tenho ficado bem envolvido com o trabalho e nos meus treinos. Os momentos relaxantes acabavam sendo os de ir para casa da minha mãe e passar um tempo com o meu irmão e sobrinhos. Quanto a esse último ponto, não havia relaxamento, pois meus sobrinhos eram umas ferinhas inquietas que me faziam de gato e sapato.

Confesso que às vezes me considero o cara mais preguiçoso do mundo para investir num relacionamento, bem diferente do meu irmão que parece ter nascido para isso.

Aperto os meus olhos algumas vezes para força-los a ficarem abertos.

A última coisa que eu gostaria é de ficar brigando com meu sono até chegar ao destino, ainda mais em completo silêncio. Tento pensar em algum tema seguro para puxar papo com ela, sem que ocasione ela fortalecer a barreira que tem ao seu redor contra mim.

— Você trabalha há muito tempo na padaria?

Ela parece reticente em conversar comigo, mas acaba respondendo.

— Bastante tempo. Nunca trabalhei em outra coisa. — O silêncio se instaura novamente. Parecemos dois pugilistas rondando no ringue a espera de um momento para atacar. Antes que soltasse outra pergunta, ela tomou a frente. — Você sempre quis ser policial?

— Sempre. — Esse é o tipo de pergunta que nunca titubeio. — Meu pai foi policial.

— Ele se aposentou?

— Não. Ele morreu em serviço. — Estranho a facilidade de contar isso para ela. Geralmente, ignorava essa parte da minha vida nas conversas que se enveredavam por esse caminho.

Lógico que tenho muito orgulho do meu pai, mas falar parecia reavivar uma dor dentro de mim. Saudade é massacrante, impiedosa e parece causar uma revolta de emoções dentro da gente.

Oh, eu sinto muito. De verdade.

— Obrigado. Você tem sorte de ter os seus pais vivos e por perto. — Um olhar estranho recai sobre o seu rosto, tenho a oportunidade de ver por estarmos parado num sinal vermelho.

A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora