§ Capítulo catorze §

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Karol


Sério! Eu só queria saber algumas coisas, como por exemplo, quando eu vou aprender a não comemorar qualquer pequena vitória que por acaso eu venha a ter ou quando é que vou parar de ser tão azarada.

Nem sei o que eu preferia que acontecesse.

Estar em um ônibus que foi assaltado é horrível, mas o assaltante te reconhecer por algum motivo, devolver o seu celular que foi entregue quase aos prantos por não ter condições de comprar outro nem tão cedo, também não foi nada bom.

Lembrei vagamente do cara de uma das minhas idas a comunidade encontrar com a Sílvia, ele fazia parte da tropa dela, mas pelo visto fazia uns extras quando sobrava um tempinho.

Além de me entregar o celular, depois de olhar para a minha cara e me reconhecer, murmurou para eu não falar nada sobre isso.

Acabou que eles saíram do ônibus, sãos e salvos, deixando todos assim também dentro do coletivo, apenas um pouco assustados. Só que não demorou muito para os ânimos se alterarem.

O motorista tocou o ônibus e disse que ninguém desceria até prestarem ocorrência. É norma da empresa que todos deveriam acompanhar. Ele já tinha ligado para a polícia e passado os dados dos bandidos. Além disso, havia câmera no veículo, a empresa já estava ciente do ocorrido e também já havia mandado uma nota para as autoridades.

Até a parte de ter que ir a Central de Polícia tudo bem, o problema foi que alguns dos poucos passageiros que observaram o desenrolar da cena tiveram uma noção errada quanto à devolução do meu aparelho.

Devido a uma ideia estúpida de alguns eu passei a ser conivente, parceira ou algo do tipo dos bandidos, por isso que eles teriam devolvido. Veja que burrice!

Já estava a ponto de explodir com essas acusações infundadas e loucas, quando vejo os bandidos entrarem algemados e uma voz soar nas minhas costas me deixando paralisada. A confirmação do seu dono me deixou de pernas bambas. Por que cargas d'água eu fui me virar?

Tenente Felipe.

Ele está com uma calça jeans escura, camisa branca, com o coldre aparente portando duas armas. Sua expressão é séria, mas seu foco não saía do meu rosto, mesmo quando várias pessoas explodiram em queixas e acusações contra mim.

Mau. Ele parecia um exemplo de homem perigoso, com a barba por fazer e uma postura firme.

Se me reconheceu não demonstrou nenhum sinal claro, só a encarada mesmo, que podia ser justificada apenas por estar sendo o alvo das demais pessoas em volta.

Ele escutou as acusações de três pessoas diferentes, antes de interromper e falar.

— Sério que vocês acreditam mesmo nisso? Eu posso levantar várias outras possibilidades. — Ele parecia bem cansado e impaciente. — Se ela estivesse ligada a eles, por que dariam bandeira dessa forma? Por que não desceria com eles? Por que não devolveriam o celular depois, quando fosse o momento da pseudo divisão do que foi arrecadado? Não faz o menor sentido isso. Não dá para entender a cabeça de delinquentes. Eles podem tê-la considerado uma bela mulher e não quiseram assaltá-la, e daí?

Opa! Como isso?

Será que ele se enquadrava nesse ponto de me achar bonita ou foi uma mentira bem irreal que inventou para tirar todos da minha cola?

A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora