§ Capítulo onze §

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Felipe


Caralho! Se arrependimento matasse, eu já estaria embaixo de sete palmos na terra.

Que ideia de merda ter ido para a academia antes de ir para casa, para ficar cansado o suficiente para dormir até o dia seguinte, senão pelo sono em si, pelo peso do corpo.

Acontece que mal acabei de tomar uma surra do Wagner e ter beijado a lona mais vezes do que minha vergonha permite contar, entrei no chuveiro na academia, pois não entraria nojento de suor no meu carro e assim que fechei o registro da água meu celular tocou.

Agora cá estou eu, há mais de cinco horas na Central bolando uma estratégia para invadir uma casa na Zona Sul da cidade.

A Nane me ligou informando que nosso contato infiltrado para a presente investigação tomou ciência de que hoje várias mulheres e jovens, menores de dezoito anos, seriam enviadas para o exterior, para serem exploradas sexualmente em inferninhos espalhados por toda a Europa. Seriam está conjugado certo, pois vamos impedir isso de qualquer forma.

Desde então, estamos montando um esquema para a operação aqui em uma das salas de reuniões da Central. Temos que correr contra o tempo, pois se conseguirem sair, essa investigação poderá sair de nossa jurisdição e passará a ser incumbência dos federais.

Isso não pode acontecer.

Não pelo status e importância de desbaratar esse esquema, estou pouco me lixando para isso. Acontece que já destinei muito tempo e esforço estudando esse caso e buscando caminhos para acabar com isso, sem deixar que os criminosos saiam impunes. Faço questão de terminar tudo o que começo.

Tive pouco tempo e não deu para avançar tanto quanto eu gostaria sem levantar suspeitas, mas esse tipo de investigação não pode ser corrida, pois se não acabamos colocando os pés pelas mãos e aí fodeu tudo.

— São exatamente quatro da manhã. O ideal é fazer uso do elemento surpresa. O nosso contato informou que uma van vai chegar as seis da manhã na residência e sair de lá carregando as mulheres. Vamos ter que nos dividir e ir enviando o nosso pessoal aos poucos para lá como forma de não gerar suspeitas. — Entrego envelopes com instruções para quatro policiais. — Vocês vão com seus parceiros nos horários indicados e assumirão as posições. Varredores de rua onde as armas podem ficar nas lixeiras; vendedores de picolé; entregadores de jornais e revistas vão ficar rodando de moto para ficar de sobreaviso.

— Exato. Dificilmente vocês vão ficar ao mesmo tempo na frente do imóvel. É para circular pelo quarteirão. — A Nane alerta. — A casa ocupa uma extensão considerável. Um olheiro já rondou por lá e identificou várias câmeras de segurança. Nosso infiltrado não nos reportou nenhuma suspeita de suspensão dos planos deles.

— Será que não estamos arriscando a investigação principal por causa dessa intervenção? — A Rafaela pontua.

— Claro que sim, mas se deixarmos essas pessoas saírem do país perderemos a investigação. Não temos outro jeito, precisamos arriscar. De todo modo, podemos soltar algo como denuncia anônima de algum vizinho, mas não acredito que seja necessário. — Respondo.

A Nane continua passando mais algumas informações.

Em minha opinião, quando a pessoa entra para o mundo do crime, seja o vendedor de papelote de droga, o embalador, o que traz a mercadoria de fora do país, o vendedor de arma, o que explora a prostituição ou os criminosos de colarinho branco, eles entram sabendo que a qualquer instante a casa pode cair.

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