A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃO

§ Capítulo quatro §

Felipe

Com toda a loucura que aconteceu, acabou que nem pude ficar na casa da minha mãe. Despejei os anjinhos lá, dei um beijo na dona Cleide e voltei para a Central para preencher os relatórios sobre o ocorrido.

O garoto foi levado para o hospital. Como suspeitei, não tinha dezoito anos ainda, pelo registro, havia acabado de completar dezesseis e já havia entrado em um caminho praticamente sem volta. Uma pena.

Envio os relatórios para a comandante e volto a desligar meu computador. Espero que pela última vez no dia de hoje.

Minha porta é aberta pelo detetive Gean.

— Noite difícil, tenente?

— Você nem imagina. — Vejo uma pasta em suas mãos. — E se disser que isso aí é mais trabalho vou ficar muito puto.

— Então, acho melhor te entregar amanhã. — Diz sem graça, já fazendo menção de sair.

— Foda-se. — Estendo a mão para receber o material que ele carrega. — Do que se trata?

— É uma miscelânea de coisas. Prostituição, agiotagem, tráfico de armas e drogas. Preparei um relatório com tudo que consegui identificar. Amanhã a comandante marcou uma reunião às oitohoraspara discutirmos como vamos proceder numa investigação mais aprofundada.

— Oito? — Gemo de frustração e cansaço.

— Eu ia complementar, devido ao problema que teve, a reunião foi remarcada para às dez horas. — Vejo um sorriso maroto em seu rosto.

— E por que não disse logo o horário real? — Reviro os olhos.

— Gosto de relatar os fatos em ordem, o senhor me interrompeu antes de eu falar da remarcação, então perdi a chance.

— Ok.

— Enfim, quis te trazer os dados para o caso de querer dar uma olhada antes no que foi levantado.

— Fez bem. Vai ser minha leitura antes de dormir. Dispensado, detetive.

— Obrigado, tenente.

Quase meia noite. Não consigo evitar um sorriso amarelo. Antes havia pensado sobre não lembrar a última vez que tinha saído dentro do horário aqui da Central, vou continuar sem conseguir, pois hoje saí cedo e tive que voltar só para tirar a prova de que sou realmente escravo do trabalho.

DOU UMA ZAPEADA NOS canais de notícias e sites de jornais. Gosto de dar uma geral para ver o que está acontecendo no país e no mundo. Tem vezes que fico tão preso nas investigações durante tanto tempo que não sobra um minuto para saber o que está rolando.

Apago tudo na sala, desligo a televisão, o notebook e parto para o meu quarto, não sem antes levar a documentação que o Gean me entregou para analisar.

Havia bastante coisa reunida. Resolvo dar uma olhada só no relatório e deixar os documentos para depois. O sono já está querendo bater com força.

O negócio parece mais complicado do que eu havia imaginado. Vejo uns três nomes famosos no ramo de tráfico de drogas nos morros da cidade. Os nomes são acompanhados pelas extensas fichas criminais, fotos e até listagem de recompensa para a captura.