§ Capítulo treze §

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Felipe


Banho. Cama. Falta pouco.

Ficava repetindo isso na minha cabeça. Caraca, estou vendo o momento que vou cair apagado.

Estou morto. Virado, cansado, trabalhei para caramba hoje e o dia ainda não acabou.

Levei mais algumas horas no local da operação de hoje. Depois de prendermos os bandidos, fizemos um levantamento e identificamos as mulheres e as menores que estavam no veículo.

Depois disso, entramos na casa para fazer uma vistoria. Apreendemos computadores, livros caixas, HDs, celulares, drogas, armas e uma quantia absurda em dinheiro.

Um dos nossos olheiros viu quando o bandido que havia ficado na casa pulou o muro de trás e ele foi pego.

Passo pela lanchonete e peço um energético, já havia tomado uns dez hoje. Tinha até receio quando eu realmente pudesse parar e deitar, provavelmente dormiria por vinte e quatro horas ou mais.

Dividi equipes para interrogar as mulheres. Estávamos aguardando algum representante do conselho tutelar para acompanhar as entrevistas das menores. Meus dentes chegam a ranger de raiva da demora por parte deles.

Os bandidos ficaram sob meu encargo a respeito dos seus interrogatórios. Só havia conversado com um deles. O que foi atirado para fora do veículo estava machucado e foi levado para atendimento.

Preenchi alguns relatórios e estava dando um tempo para interrogar o indivíduo que tomou as rédeas da situação e fez o acordo para dar um fim a operação. É bom deixá-lo suar um pouco e ficar na expectativa do que poderá acontecer.

Sigo em direção a sala da Nane para passar o relatório oral e entregar a relação dos documentos apreendidos.

Meu estômago sinaliza fome assim que vejo os salgados apáticos expostos na lanchonete. Deveria tentar comer alguma coisa, mas qualquer coisa aqui costuma ser horrível. Raramente me arrisco.

Ao invés de encarar um salgado, peço um pacote de biscoito recheado, pelo menos para engambelar a minha fome.

Começo a mastigar, mal sentindo o gosto. Precisava passar logo as informações para Nane, interrogar o último bandido e ir para casa o mais rápido possível.

Coloco o último biscoito na boca, mastigo, empurro com um gole de energético e peço para a secretária da Nane me anunciar. Não tenho que aguardar muito até ter minha entrada liberada.

— Você está péssimo. — Ela diz como saudação.

— Nossa, muito obrigado. É tudo o que eu queria ouvir.

— Senta aí, vamos adiantar isso para que você possa ter seu sono da beleza. — Brinca. Depois de uma operação positiva os humores tendem a ficar excelentes.

— Aqui está a listagem de documentos apreendidos. — Estico uma pasta para ela. — Dei uma analisada rápida, mas muitos nomes batem com os que já tínhamos, além de trazer mais um tanto de figuras importantes no cenário político e artístico.

— Nunca vou entender esse gostinho pelo caminho errado que algumas pessoas parecem se sentir tão atraídas. — Ela balança a cabeça negativamente.

— Se elas não se sentissem atraídas, provavelmente estaríamos desempregados.

— Acho que preferia até mudar de ramo, se elas desistissem desse caminho. — Confessa.

A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora