§ Capítulo três §

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Karol


Só consigo pensar que falta muito pouco para eu conhecer meu sobrinho e afilhado. Vou ser madrinha junto com a Vitória e não sei nem exprimir minha felicidade e responsabilidade com isso.

Corro até meu quarto na padaria para trocar de roupa, não ia dar para rolar banho, tento me refrescar do jeito que dá na pia do banheiro mesmo.

Ainda bem que meus patrões entenderam e não falaram nada de eu ter que sair. Eles valorizam muito a instituição familiar e adoraram a Sofia desde a primeira vez que contei toda a história. Minha irmã sempre aparece aqui e fica durante um bom tempo conversando com eles, principalmente se estiver me esperando para sairmos. Inclusive já até foi constituída como advogada em uma causa deles.

Estou derrubando tudo pela frente de tão eufórica que estou.

Pela primeira vez em muito tempo nem fiquei estática na frente do armário com as minhas poucas peças de roupa, pensando no que deveria usar. Catei logo uma calça jeans, uma blusa vermelha e uma sapatilha.

Geralmente não tenho grandes neuras quanto ao meu corpo, só para me vestir em algumas ocasiões e nos raros momentos que vou para cama com alguém. Foram poucos e sempre momentos muito rápidos. Passei um bom tempo sendo quase um segredo sujo para um cara bonito, galinha demais e com predileção para ter tara com mulher gorda. Só que essa última parte devia ser vergonhosa demais. Então, era um caso escondido. Demorei muito a conseguir parar, porque sentia que pelo menos um pouco da minha carência e solidão eram aplacadas com ele por perto, mesmo que ninguém nos visse juntos e não houvesse esperanças de um futuro.

O meu primeiro foi traumático por ter sido um rolo envolvendo uma aposta. Os outros acabaram me pegando mais fria. Queria sempre relações sexuais no escuro parecia uma forma de proteção para mim. Na minha cabeça louca, tudo já começava com prazo certo para terminar.

Enfim, voltando às roupas, adoro o fato de trabalhar com uniforme, pois isso acaba me obrigando a vestir àquilo e pronto, então a minha mente não fica bugada sobre o que vai marcar minhas gorduras ou fazer com que eu pareça ainda maior. Por sair muito pouco, também não costumo queimar muito meus neurônios com isso.

Melhor dizendo, não costumava sair muito, porque com a Sofia tudo é motivo para nos encontrarmos. Não curto muito barzinho, além disso, nem tenho grana para ficar torrando com essas coisas. A Sofia percebeu de cara que não sou do tipo de depender de ninguém, só vou onde consigo arcar com o que consumir. Com isso, quase sempre inventa alguma coisa na casa em que mora com o marido e o enteado, pelo simples fato de querer sempre juntar todo mundo.

Começo a pentear o meu cabelo e ouço o meu celular tocar na mesa de cabeceira. Penso logo que é o Vitor trazendo novas notícias, corro para ver o visor e logo dou conta de que não se trata dele.

Fico parada olhando o celular continuar tocando até a ligação ser dada como perdida. Silencio o aparelho, mas antes de bloquear a tela, o número insiste mais uma vez. Vinha conseguindo evitar essas ligações há umas duas semanas, não sei mais quanto tempo vai funcionar isso.

Enfio o celular no bolso, prendo meu cabelo num rabo de cavalo e pego minha bolsa antes de trancar meu quarto.

Teria que pedir um carro no aplicativo, é uma situação de emergência, se for depender de ônibus só vou chegar para o aniversário de dois anos do meu afilhado.

A doçura de um encontro-Trilogia Elos Perdidos-Livro II- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora