VIII

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«...I bottle everything up, I hide my emotions, I pretend to be okay. It's not heathy I know, but I don't want to be a burden, I don't want to have people worried about me...»

Lentamente Jihyen abriu os olhos e se sentou na beira da cama. Era a primeira vez em dias que tinha dormido normalmente, sem algum tipo de pesadelo ou voz a atormentando. Seus olhos rapidamente foram para Wonpil que ainda dormia tranquilamente e um sorriso invadiu seu rosto. Ele devia ser mesmo o seu anjo da guarda. 

Ainda era de noite pois ela tinha ido dormir muito cedo então ela não podia fazer muito barulho. Jihyen tinha que fazer algo para passar o tempo mas ela não conseguia pensar em nada.

Olhando em volta aborrecida seus olhos pararam no seu telemóvel em cima da secretária. Fazia tanto tempo que não lhe mexia. Jihyen tentou o ligar mas estava sem bateria então procurou pelo quarto o carregador e assim que o encontrou colocou seu telemóvel a carregar perto da mesinha de cabeceira.

Ainda ia demorar algum tempo até ter carga o suficiente para aguentar algumas horas ligado então a garota se virou de volta para a secretária.

Tudo estava exatamente como ela tinha deixado mas algo fez Jihyen ficar surpresa.

A carta continuava selada no mesmo sítio.

—Ele não leu... —seus olhos voltaram para o irmão que dormia serenamente.

Jihyen estava pedrificada. Se o irmão não tinha visto a carta então significava que ele não sabia o que tinha acontecido. Sem nem pensar mais Jihyen pegou na carta e rasgou em pedaços bem pequenos.

Tudo o que estava escrito naquela carta devia ser esquecido, se o irmão a lê-se com certeza iria querer ir atrás do homem e faria questão de o colocar na prisão. E a última coisa que Jihyen queria era mais atenção e confusão.

Ainda meio atordoada com tudo se sentou na cadeira da secretária e ficou olhando para a parede onde estavam as fotos de quando era pequena. Sentia falta daquela época onde nada importava, onde a vida se resumia em brincar.

Aquela menina na foto parecia que estava morta para Jihyen e ela queria voltar no tempo para a salvar das pessoas que tinham lhe tirado a vontade de viver durante uma tortura longa e dolorosa.

Tentando afastar aquelas memórias a garota desviou o olhar para baixo onde viu o seu velho amigo, diário. Jihyen considerava aquele caderno um diário pois todos os seus segredos estavam guardados ali em forma de metáforas.

Mais uma vez pensou na ideia de alguém ler aquelas palavras e decidiu guardar o caderno dentro de uma caixa amarela, onde antes guardava maquilhagens, no cimo do guarda-roupa. Se queria esquecer o que aconteceu então tinha que impedir dos outros saberem.

Sem se aperceber um suspiro saiu por entre seus lábios.

Olhou em volta do quarto meio perdida. Não havia nada para fazer enquanto o telemóvel carregava.

A estante de madeira chamou-lhe à atenção. Devido ao tempo sem ser tocada, a madeira estava coberta por uma pequena camada de poeira.

"Ser Mortal" de Atul Gawande. A garota tinha uma vaga memória da história.

Curiosa pegou no livro e o foleou. Seus dedos pararam na página 78, havia umas notas feitas relacionando partes da história.

A garota gostava de analisar cada detalhe e, para além disso, gostava de ver os livros com post-it colados e frases destacadas com marcador.

Jihyen sorriu quando viu um pequeno rabisco do rosto da sua antiga professora de matemática. Os seus cabelos nunca estavam penteados e eram muito volumosos, os óculos, que para surpresa de todos eram da gucci, sempre na ponta do nariz, os seus dentes da frente estavam sempre para fora como um pequeno esquilo. Os alunos adoravam brincar com a aparência dela e não a respeitavam de nenhuma forma. 

Inside my mind// kyhOnde histórias criam vida. Descubra agora