Prólogo

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-Luca-

Faltam pouco mais de duas horas para o casamento. Mal consegui dormir noite passada de tanta ansiedade. Olho pela milésima vez a decoração do clube, me certifico com a cerimonialista de que está tudo em ordem e só então vou para a sala onde meu esmoquin me espera devidamente engomado.

Encontro com o meu irmão no meio do caminho e seguimos juntos para a sala. Tem uma mesa farta na lateral da sala com petiscos e bebidas a vontade. É para lá que Oliver vai e enfia um pequeno sanduíche de pasta de atum, inteiro na boca e espalha migalhas pela roupa. Para sua sorte ele ainda não está com o traje completo, porque se mamãe o visse assim lhe puxaria a orelha.

_ Vai com calma Oliver. _ digo ao vê-lo enfiar outro sanduíche na boca _ Assim vai acabar se engasgando. _ tiro o esmoquin da capa preta.

_ Eu tenho que aproveitar. _ se serve de uma taça de suco _ A mamãe disse que a cerimônia ia durar o resto da tarde e eu preciso garantir as minha energias.

_ Faz sentido. _ digo começando a me trocar _ Eu deveria fazer o mesmo, mas não consigo comer de tão nervoso. _ termino de fechar a camisa quando alguém entra sem avisar _ Kate, o que faz aqui meu amor? _ estranho a presença da minha noiva.

_ Podemos conversar?

_ Já entendi. _ Oliver pega mais dois sanduíches e sai, nos deixando a sós.

_ Meu amor, por que ainda está assim desse jeito? _ me aproximo e seguro os seus ombros _ Deve estar ansiosa. _ tento beija-la, mas a mesma se afasta e caminha para o lado oposto da sala _ O que houve?

_ Não dá mais Luca. _ diz sem me olhar nos olhos _ Eu não posso me casar com você, porque amo outra pessoa. _ perco completamente o chão _ Sinto muito ter chegado a esse ponto. _ Tira a aliança de noivado e entrega em minha mão.

Continuo imóvel, apenas encaro o pequeno circulo banhado a ouro em minha mão. Ela fala mais alguma coisa, mas não consigo assimilar. O som da porta batendo me desperta. Olho para a aliança ainda em meu dedo e as lembranças desses últimos três anos me atingem em cheio.

Sem que perceba, lágrimas molham o meu rosto e uma raiva brota em meu peito. Coloco a aliança no bolso sentindo o seu peso e pego uma garrafa de tequila no frigobar. Nem me dou ao trabalho de procurar um copo, bebo direto da garrafa. Me recosto na parede e escorrego até está sentado no chão.

_ O que está fazendo assim rapaz?! _ a cerimonialista diz invadindo a sala _ Nada de bebida antes da cerimônia. _ ela me toma a garrafa e me coloca de pé _ Vamos, termine de se vestir pois os convidados já estão chegando.

_ Ótimo. _ digo seco e pego o meu casaco _ Avise a todos que não vai mais ter casamento. A noiva acaba de desistir de tudo. _ um nó se forma na minha garganta, mas me esforço para me manter firme _ Tenha uma boa tarde.

Pego o caminho oposto a onde o casamento iria acontecer. Não olho para ninguém, apenas me apresso em chegar no meu carro. Dirijo pela cidade sem rumo, apenas quero me livrar dessa raiva e dessa dor que me consomem. Paro quando o carro já está sem combustível e me coloco a andar sob o sol escaldante.

Enfio a mão no bolso e retiro a aliança que um dia pertenceu a mulher que amei. Já não tenho mais lágrimas para chorar. Me livro das alianças as entregando para um morador de rua. Pelo menos alguém vai sair ganhando nessa história. E enquanto faço o caminho de volta para casa juro a mim mesmo que nunca mais vou me apaixonar.

Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida. Descobri que o homem pelo qual Kate me trocou foi um de seus colegas de trabalho. Tive o desprazer de encontra-los aos beijos em frente a sua casa, que ficava a poucas quadras da minha. Todos me viam com pena pelo abandono e isso me sufocava.

Decidi me mudar em semanas. Aluguei um pequeno apartamento em Seattle, falei com um amigo de faculdade que morava por lá e já tínhamos o plano de abrir o nosso negócio. No momento, só o trabalho me faz continuar em perfeito estado mental. Coloco a última mala no carro e me volto para encarar a minha família.

_ Vou sentir a sua falta. _ Ashley, minha irmã mais nova, me abraça chorando.

_ Nós vamos continuar nos falando e vocês podem ir me visitar. _ a afasto, seco as lágrimas do seu delicado rosto e afasto seus cabelos negros dos olhos _ Pode me ligar sempre que quiser. _ troco um toque com Oliver _ Cuida da Ashley e se cuida. _ ele afirma.

_ Toma cuidado meu filho. _ mamãe me abraça já com a voz embargada _ Liga quando chegar.

_ Seja feliz nessa nova vida. _ papai fala me dando um abraço cúmplice _ Espero que encontre o que procura.

_ Obrigado. Obrigado a todos. _ digo me os olhando uma última vez _ Agora tenho que ir. _ com um aceno me despeço e entro no carro _ Agora é vida nova. _ digo quando o motorista do táxi da a partida.

Quanto mais me distancio do meu passado, menos doloroso fica e sinto que essa foi a melhor decisão que tomei. São duas horas de voo daqui até Seattle, por conta do mal tempo o meu voo atrasa uma hora e sou obrigado a ficar de castigo no aeroporto.

O apartamento que aluguei fica em um prédio com a fachada de tijolos e fica no subúrbio da cidade. São preciso três viagens para guardar todas as minhas coisas. Deixo tudo no canto do quarto, ligo para a minha mãe avisando que cheguei bem e já estou acomodado.

Na manhã seguinte, me encontrei com Adam na pequena sala onde o nosso consultório vai funcionar. Para começar está de bom tamanho. Registramos tudo em nosso nome e começamos a fazer as propagandas para promover os nossos serviços como advogados. E aos poucos os clientes foram chegando com suas pequenas causas.

_ Acho que vai dar certo. _ Adam constata quando recebemos nosso primeiros honorários.

Uma Chance Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora