Capítulo 10

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-Luca-

    Não foi preciso gastar muitos argumentos para que Emma se desse por vencida. Mas por dó dela decidi colocar um filme de terror água com açúcar. Deixamos as palavras de lado quando a primeira cena começou a rolar na tela. 

   Acabei tão entretido com o filme que só notei que Emma havia caído no sono quando lhe perguntei se estava gostando do filme e ela não me respondeu. A coitada estava toda torta. 

   Pego ela no colo e levo até o meu quarto no andar de cima. Faço tudo de forma cuidadosa para não acorda-la. Ela se aconchega quando a coloco na cama. Tiro o seu sapato, deixo no lado da cama e depois pego uma manta e a cubro.

   _ Por que me sinto tão atraído por você Emma? _ sussurro enquanto tiro uma mecha de cabelo do seu rosto _ Tenha bons sonhos. _ beijo a sua testa e então saio para deixa-la descansar.

   Recolho as taças e jogo fora a garrafa vazia de vinho. Esse meu final de semana está saindo muito diferente do que planejei. Pensava em ficar em casa agilizando o trabalho, mas acabei tendo que ir ajudar o tio Thomas e então encontrei com Emma.

   Acredito que se fosse com outra mulher agora estaríamos no meu quarto e não passaria de mais uma dentre tantas noites de prazer. Mas com Emma é diferente. Consigo vê no seu olhar a força de alguém que não desiste nunca. Mas ainda assim não parece uma mulher cem por cento feliz. Tem algo que a machuca, mas mesmo assim ela sorri.

   Gostaria de ser um pouco como ela. Talvez não teria sofrido tando quando Kate me largou. Parei de sorrir e me divertir de verdade depois daquele dia. Deixei que ela me tomasse a felicidade e a vontade de viver. Perdi a minha essência, cheguei a um ponto que não me reconheço mais. 

   Eu nunca usaria mulheres por mero prazer. Pela primeira vez em anos eu ri de verdade e me senti relaxado. Não pensei no escritório ou em Kate. Esse é o efeito que Emma tem em mim e acho que estou pronto para seguir essa aventura. 

   Meus pensamentos são interrompidos quando o meu telefone celular toca. Encaro a tela para vê de quem se trata, mas é um número desconhecido.

   _ Alô? _ falo ao atender.

   _ Luca, você pode falar? _ paro no meio da sala ao ouvir a voz do outro lado da linha.

   _ Como conseguiu o meu número particular? 

   _ Pedi a sua secretária. Disse que o Anthony estava precisando muito falar com você. _ ela fala de forma natural _ Nós precisamos conversar.

   _ Não temos mais nada a falar Kate. _ digo frio _ A minha relação com o seu futuro marido é estritamente profissional. 

   _ Não fala assim comigo Luca. _ sua voz é manhosa _ Eu achei que poderíamos deixar o passado para trás e começar uma amizade. _ dou uma risa sínica.

   _ Kate eu quero distância de você. Já deixei o passado para trás, tanto é verdade que mesmo sabendo de quem o Garcia era noivo mantive o meu posto de seu advogado. Mas se continuar a me importunar terei que delegar essa função.

   _ Você não pode fazer isso. _ argumenta baixando o tom de voz _ Assinou um contrato e se quebrar o Anthony pode te processar.

   _ Ele não pode porque o contrato foi assinado com o escritório. _ lhe informo triunfante _ Posso alegar sobre carga e deixar que o Adam assuma tudo. _ ela fica em silêncio _ Se era só isso, tenha uma boa tarde e não me ligue mais. 

   Sou eu a desligar a ligação. Deixo o celular cair no sofá e passo as mãos no cabelo assimilando o que acabou de acontecer. O celular volta a tocar, mas dessa vez é Oliver. Tento parecer leve em nossa conversa. Ele está bastante empolgado com a minha presença em sua formatura e também me conta que está saindo com uma garota e parece que dessa vez a coisa está ficando bem séria.

   Não conto nada sobre a meu envolvimento com Emma ou o retorno de Kate a minha vida. Quando por fim desligamos já são quase seis da tarde. Coloco o café na cafeteira e subo até o meu quarto. Emma continua dormindo na mesma posição. Pego uma muda de roupa minha e vou tomar um banho no banheiro do corredor.

   Sei que deveria acorda-la para jantar, mas fiquei com pena. Espero que acorde, mas se passa das onze e acabo dormindo no sofá. Na manhã seguinte acordo com uma baita dor na coluna. Demoro um pouco para lembrar o porque de ter dormido no sofá. Levanto e vou preparar algo para o desejum.

   _ Luca. _ me chama um tanto receosa.

   _ Na cozinha. _ grito colocando o pão na torradeira _ Bom dia bela adormecida. _ falo quando ela aparece com a cara amassada e mesmo assim consegue ficar bonita _ Achei que estava morta. Quase chamei uma ambulância. _ brinco.

   _ Por que não me acordou? Nem sei como fui parar lá em cima ontem. _ apoia os cotovelos no balcão _ Devem estar todos me procurando.

   _ Se te serve de consolo. O seu celular não tocou nenhuma vez. _ digo lhe entregando uma caneca com café _ Quer açúcar?

   _ Eu prefiro puro. _ fala remexendo no aparelho celular _ Claro que o celular não tocou. Acabou a bateria. Devo ter esquecido de colocar para carregar.

   _ Relaxa, depois do café eu te deixo em casa. _ ela afirma e dá um gole generoso a bebida fumegante.     

   Depois do café deixei ela na sala e corri até o meu quarto. A cama estava feita, parecia que ninguém havia dormido ali. Tomei um banho rápido, vesti um jeans, uma camiseta e tênis. Pego as chaves do carro e então desço para encontrar com Emma já pronta na sala.

   No carro ela vai me indicando o caminho. Percebo que a medida que quanto mais perto vamos chegando da sua casa mais ela fica tensa. Sei que ela brigou com a mãe, mas não dever ser para tanto. Paro em frente a uma casa de cor azul, tem um balanço na varanda e a garagem é grande o bastante para acomodar dois carros.

   _ Chegamos. _ digo deligando o carro _ Espero que fique bem e pegue mais leve com o trabalho. _ toco o seu rosto.

   _ É difícil pegar leve, mas vou tentar. _ sorri sem mostrar os dentes _ Acho melhor eu entrar logo antes que a minha mãe apareça.

   _ Claro, não quero te prender aqui. _ coloco uma mecha de cabelo sua atrás da orelha _ Espero não demorar a te ver de novo. 

   _ Que pouca vergonha é essa Emma! _ vejo o rosto de Emma perder a cor. A mulher parece estar brava e nem um pouco afim de conversar.  

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