Capítulo 20

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- Luca -

Vê Emma naquele estado me aperta o coração. Ainda não entendo como uma mãe pode fazer tanto mal a um filho. Tenho vontade de ir atrás dessa Cassandra e dizer poucas e boas para ela, mas a Emma precisa de mim agora mais do que nunca.

_ Pedi a melhor pizza da cidade. _ digo colocando o telefone de volta no móvel _ A gente pode assistir um filme. Eu te deixo escolher. _ sento ao seu lado e ela me sorri fraco e se aconchega em meu meio abraço.

_ Qualquer coisa que não seja filme de terror. _ responde num suspiro _ Uma comédia talvez.

_ Seu pedido é uma ordem. _ ligo a televisão e coloco um filme qualquer de comédia.

Só fazemos uma pausa no filme quando a pizza chega. No fim ela acaba dormindo com a cabeça deitada no meu colo. Espero que amanhã ela esteja melhor. Fico um tempo a admirando em seu sono tranquilo antes de leva-la para o quarto.

Acordo um pouco antes de Emma e desço para preparar um café da manhã reforçado para nós dois. Faço ovos mexidos e torradas, além é claro do café.

_ Que cheirinho bom. _ Emma fala aparecendo na cozinha _ Acho que vou sentir falta dessa calmaria quando voltar a trabalhar. _ senta no balcão.

_ Tem certeza de que vai trabalhar hoje? _ lhe sirvo o desejum.

_ Vai me fazer bem trabalhar. _ responde soprando a fumaça que sobe da bebida fumegante _ E estou morrendo de saudades de fazer o que eu gosto.

_ Essa é a minha garota. _ a envolvo por trás e ganho um beijo meio torto _ Tenho uma reunião agora pela manhã e não vou conseguir comer com muita calma. Mas a gente pode marcar de almoçar juntos.

_ Seria ótimo. _ responde sorrindo.

Deixo ela comendo e corro para me vestir. Na pressa acabo me atrapalhando um pouco com a gravata. Quando desço só dá tempo de tomar uma xícara de café e então me despeço da minha namorada na porta de casa e cada um vai para um lado.

Minha reunião demora mais do que o esperado. Tenho que gastar toda a minha lábia para conseguir convencer o juiz a nos dá uma liberação. Vou para o escritório e tenho uma imensidão de papéis me esperando em minha mesa. Estou sofrendo os efeitos e passar quatro dias sem trabalhar e ainda ter saído mais cedo antes do horário normal.

_ Mary pede para o doutor Albuquerque vir a minha sala, por favor. _digo e coloco o telefone de volta no gancho.

_ Queria falar comigo? _ diz Adam ao entrar na minha sala e para de frente para a minha mesa.

_ É que tem um documento aqui que não estou entendendo direito. _ lhe estendo o papel _ A procuração está diferente do que o cliente pediu.

_ Eu não sei como isso foi acontecer. _ fala de uma forma estranha.

_ Adam, tudo bem com você? _ o papel cai da sua mão e ele perde completamente a cor _ O que você tem cara? _ corro para perto dele que tenta dizer alguma coisa, mas acaba desmaiando e caindo no chão _ Mary! _ grito em desespero.

_ Sim. O que aconteceu com o doutor Albuquerque? _ pergunta com uma das mãos na boca completamente apavorada.

_ Chama uma ambulância rápido. _ peço enquanto tento sem sucesso despertar o meu amigo.

Quando a ambulância chega Adam estava acordado, mas parece que ainda está fora de orbita. Vou junto com ele para o hospital. O estado de Adam me deixar assustado e sem saber como agir com tudo isso.

Pedi para nos levarem ao hospital onde o meu tio trabalha e liguei para ele ir nos encontrar lá. Eles levam Adam para fazer uma bateria de exames. O médico responsável pelo caso dele vem me perguntar como tudo aconteceu e lhe expliquei tudo com riqueza de detalhes. Também contei que a algum tempo ele vem sentindo dores fortes de cabeça.

_ É muito grave? _ pergunto preocupado.

_ Ainda estamos fazendo exames e assim que tivermos os resultados venho falar com você. _ comunica antes de se retirar.

As horas parecem se arrastar. A sala de espera começa a me sufocar. Já andei de um lado para o outro e sentei naquelas poltronas fofas, mas nada me parece confortável.

Depois de quase duas de espera uma enfermeira aparece e me leva até o quarto onde Adam está acomodado. Assim que me vê ele sorri fraco, seus lábios ainda estão quase sem cor e tem a aparência meio abatida.

_ Que susto você me deu. _ cruzo os braços e sigo para o lado da sua cama.

_ Foi mal. _ até a voz parece diferente _ Mas o que você ainda está fazendo aqui? Temos reunião marcada para daqui duas horas. _ diz se levantando.

_ Nada disso. _ o faço deitar outra vez _ Você desmaiou e passou duas horas fazendo exames. Não vamos a lugar nenhum. _ digo sem lhe deixar escolha.

_ Boa tarde. Luca?! Adam?! _ Emma nos olha surpresa.

_ Você veio em boa hora. _ Adam fala se endireitando na cama _ Diz para esse cabeça dura que eu já estou bem e que podemos ir embora.

_ Não é bem assim. _ consigo sentir a mudança de tom dela _ Os exames mostraram um Glioblastoma Multiforme de grau quatro.

_ E o que é isso? _ pergunto receoso.

_ Um tumor no meu cérebro. _ ele responde para a minha surpresa _ Uma massa maligna inoperável. A estimativa de vida é de uns dois meses.

_ Como?! Por que não me contou? Há quanto tempo sabe que tem isso? _ as perguntas se formam sem parar na minha cabeça.

_ Foi à três meses. Não quis te contar porque estava esperando por um milagre, mas ele não veio para mim. _ diz sério _ Quando o médico disse que não dava para operar eu não quis fazer quimioterapia ou radioterapia. Estava disposto a te contar naquela noite no bar, mas então eu vi o jeito que você olhou para a Emma e eu vi o milagre acontecer.

_ Eu preciso de um tempo. _ digo saindo do quarto e deixando Adama e Emma para trás.

As informações me bombardeiam a mente. O meu melhor amigo está morrendo e não me contou para me poupar. Como lidar com uma notícia dessa? Deveria ter algum tipo de livro de autoajuda nos instruindo de como agir.

Uma Chance Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora