- Luca -
Vê Emma naquele estado me aperta o coração. Ainda não entendo como uma mãe pode fazer tanto mal a um filho. Tenho vontade de ir atrás dessa Cassandra e dizer poucas e boas para ela, mas a Emma precisa de mim agora mais do que nunca.
_ Pedi a melhor pizza da cidade. _ digo colocando o telefone de volta no móvel _ A gente pode assistir um filme. Eu te deixo escolher. _ sento ao seu lado e ela me sorri fraco e se aconchega em meu meio abraço.
_ Qualquer coisa que não seja filme de terror. _ responde num suspiro _ Uma comédia talvez.
_ Seu pedido é uma ordem. _ ligo a televisão e coloco um filme qualquer de comédia.
Só fazemos uma pausa no filme quando a pizza chega. No fim ela acaba dormindo com a cabeça deitada no meu colo. Espero que amanhã ela esteja melhor. Fico um tempo a admirando em seu sono tranquilo antes de leva-la para o quarto.
Acordo um pouco antes de Emma e desço para preparar um café da manhã reforçado para nós dois. Faço ovos mexidos e torradas, além é claro do café.
_ Que cheirinho bom. _ Emma fala aparecendo na cozinha _ Acho que vou sentir falta dessa calmaria quando voltar a trabalhar. _ senta no balcão.
_ Tem certeza de que vai trabalhar hoje? _ lhe sirvo o desejum.
_ Vai me fazer bem trabalhar. _ responde soprando a fumaça que sobe da bebida fumegante _ E estou morrendo de saudades de fazer o que eu gosto.
_ Essa é a minha garota. _ a envolvo por trás e ganho um beijo meio torto _ Tenho uma reunião agora pela manhã e não vou conseguir comer com muita calma. Mas a gente pode marcar de almoçar juntos.
_ Seria ótimo. _ responde sorrindo.
Deixo ela comendo e corro para me vestir. Na pressa acabo me atrapalhando um pouco com a gravata. Quando desço só dá tempo de tomar uma xícara de café e então me despeço da minha namorada na porta de casa e cada um vai para um lado.
Minha reunião demora mais do que o esperado. Tenho que gastar toda a minha lábia para conseguir convencer o juiz a nos dá uma liberação. Vou para o escritório e tenho uma imensidão de papéis me esperando em minha mesa. Estou sofrendo os efeitos e passar quatro dias sem trabalhar e ainda ter saído mais cedo antes do horário normal.
_ Mary pede para o doutor Albuquerque vir a minha sala, por favor. _digo e coloco o telefone de volta no gancho.
_ Queria falar comigo? _ diz Adam ao entrar na minha sala e para de frente para a minha mesa.
_ É que tem um documento aqui que não estou entendendo direito. _ lhe estendo o papel _ A procuração está diferente do que o cliente pediu.
_ Eu não sei como isso foi acontecer. _ fala de uma forma estranha.
_ Adam, tudo bem com você? _ o papel cai da sua mão e ele perde completamente a cor _ O que você tem cara? _ corro para perto dele que tenta dizer alguma coisa, mas acaba desmaiando e caindo no chão _ Mary! _ grito em desespero.
_ Sim. O que aconteceu com o doutor Albuquerque? _ pergunta com uma das mãos na boca completamente apavorada.
_ Chama uma ambulância rápido. _ peço enquanto tento sem sucesso despertar o meu amigo.
Quando a ambulância chega Adam estava acordado, mas parece que ainda está fora de orbita. Vou junto com ele para o hospital. O estado de Adam me deixar assustado e sem saber como agir com tudo isso.
Pedi para nos levarem ao hospital onde o meu tio trabalha e liguei para ele ir nos encontrar lá. Eles levam Adam para fazer uma bateria de exames. O médico responsável pelo caso dele vem me perguntar como tudo aconteceu e lhe expliquei tudo com riqueza de detalhes. Também contei que a algum tempo ele vem sentindo dores fortes de cabeça.
_ É muito grave? _ pergunto preocupado.
_ Ainda estamos fazendo exames e assim que tivermos os resultados venho falar com você. _ comunica antes de se retirar.
As horas parecem se arrastar. A sala de espera começa a me sufocar. Já andei de um lado para o outro e sentei naquelas poltronas fofas, mas nada me parece confortável.
Depois de quase duas de espera uma enfermeira aparece e me leva até o quarto onde Adam está acomodado. Assim que me vê ele sorri fraco, seus lábios ainda estão quase sem cor e tem a aparência meio abatida.
_ Que susto você me deu. _ cruzo os braços e sigo para o lado da sua cama.
_ Foi mal. _ até a voz parece diferente _ Mas o que você ainda está fazendo aqui? Temos reunião marcada para daqui duas horas. _ diz se levantando.
_ Nada disso. _ o faço deitar outra vez _ Você desmaiou e passou duas horas fazendo exames. Não vamos a lugar nenhum. _ digo sem lhe deixar escolha.
_ Boa tarde. Luca?! Adam?! _ Emma nos olha surpresa.
_ Você veio em boa hora. _ Adam fala se endireitando na cama _ Diz para esse cabeça dura que eu já estou bem e que podemos ir embora.
_ Não é bem assim. _ consigo sentir a mudança de tom dela _ Os exames mostraram um Glioblastoma Multiforme de grau quatro.
_ E o que é isso? _ pergunto receoso.
_ Um tumor no meu cérebro. _ ele responde para a minha surpresa _ Uma massa maligna inoperável. A estimativa de vida é de uns dois meses.
_ Como?! Por que não me contou? Há quanto tempo sabe que tem isso? _ as perguntas se formam sem parar na minha cabeça.
_ Foi à três meses. Não quis te contar porque estava esperando por um milagre, mas ele não veio para mim. _ diz sério _ Quando o médico disse que não dava para operar eu não quis fazer quimioterapia ou radioterapia. Estava disposto a te contar naquela noite no bar, mas então eu vi o jeito que você olhou para a Emma e eu vi o milagre acontecer.
_ Eu preciso de um tempo. _ digo saindo do quarto e deixando Adama e Emma para trás.
As informações me bombardeiam a mente. O meu melhor amigo está morrendo e não me contou para me poupar. Como lidar com uma notícia dessa? Deveria ter algum tipo de livro de autoajuda nos instruindo de como agir.
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Uma Chance Para Amar
RomanceUm coração destruido. Foi apenas isso que restou de Luca Carter quando foi deixado pela noiva horas antes do casamento. A dor foi tão grande que ele se afastou de tudo que o fazia lembrar dela, desde a cidade onde morava até mesmo a família. Junto c...