16 - A Jornada Começa: Como Se Livrar De Um Demônio

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Havia se passado dois dias desde a nossa última conversa.

Após conversar com Hoseok e insistir para que voltássemos, ele aceitou mesmo sob protestos do Taehyung que estava curtindo muito a praia e seu novo projeto, construir cinquenta castelos de areia.

Ainda me pergunto como um cara desses comanda o inferno, a imaturidade dele é de um nível anormal.

Deitado em meu quarto, encarei o teto enquanto tentava relaxar com meus braços debaixo de minha cabeça. Hoje era um dia um tanto doloroso, apesar dos ultimos terem sido bem tristes também, um data anual da qual eu odeio lembrar. Por mais machucado que eu estivesse, ainda era trouxa o suficiente (e vocês já puderam ver o quanto eu sou) para pensar nele, pensar se ele estava bem. E, pior ainda, arriscava em pensar se ele estava com Seokjin, o Luxurioso ciumento.

— Urgh, espero que os dentes dele caiam. Duvido que ele vai achar o Jimin atraente sem os dentes. Queria tirar um por um.

Do jeito que a beleza do ruivo era impecável, ele seria lindo até com uma berinjela na testa.

— Por que o mundo é tão cruel comigo?! — resmunguei fazendo uma careta em seguida.

Sério, não é possível. Eu acho que carrego algum tipo de encanto, alguma bruxa deve ter me jogado um feitiço quando eu era um bebê. "Jeon Jungkook, você está condenado a se foder eternamente, amore", não me surpreenderia se essa bruxa fosse a minha má-drasta.
O celular tocou e vibrou incansavelmente sobre o meu criado-mudo. De forma preguiçosa, o peguei e rapidamente atendi.

Kook, cadê você?

— Como assim, "Cadê você?" — resmunguei. — Estou em casa, Hoseok.

Nós combinamos hoje na escola, de manhã cedo, que você viria aqui.

Dei um tapa na própria testa. Puta merda, eu havia esquecido.

Você esqueceu, né? — o mané (vulgo Hoseok) riu baixinho. — Sua mente anda na lua, não me surpreende ter esquecido. Vem logo que estamos te esperando.

E após isso, sem esperar que eu dissesse "tchau", ele desligou. Além de idiota, era mal educado.

Bufei ao desligar o celular, se eu escutei bem, ele disse "estamos", ou seja, plural. Que inclui mais de uma pessoa reunida, que poderia incluir, também, a desagradável presença de Jimin e seu psicopata ciumento que adora trocar saliva consigo. Por favor, entre aqui e bata-me com um porrete até que eu morra para que eu não precise ir.

Suspirei e apenas calcei o tênis, estava com uma roupa apresentável, calça e uma camiseta, segui para fora do meu quarto cruzando o corredor em direção a escada. Pude avistar meu pai sentado na poltrona da sala, entre seus dedos estava seu costumeiro charuto. Uma sensação atravessou todo o meu corpo, eu odiava ter que trocar palavras com meu pai.

Porque não tínhamos palavras para trocar.

— Olá, filho. — sua voz grossa ecoou pelo cômodo vazio.

Era apenas ele e eu ali.

— Pai. — me curvei de forma educada ao chegar na sala.

— Vai sair? — perguntou ele ao tragar seu charuto.

A fumaça saiu de forma lenta entre seus lábios.

— Sim, eu irei na casa de Hoseok. — minhas mãos atrás das costas.

Era sempre nessa posição que ele exigia que eu ficasse na sua frente, além de, é claro, um contato visual sério.

— Eu gosto dele. — tragou novamente. — Ele é um bom garoto, esperto. Você poderia copiá-lo mais, não só na questão de gostar de jogos, na inteligência também.

Como Se Livrar De Um Demônio Apaixonado, Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora