Chutei outra pedra enquanto caminhava em direção a estação.
Eu não havia visto Jimin desde que ele passou-me a cola da prova, o mesmo foi embora sem me deixar agradecer. Também estava sem cabeça para esperar meus amigos, em partes, eu estava me sentindo culpado. Claro que não vou dizer: nossa, sou um aluno santinho, nunca colei em nada. Isso seria a pior mentira do mundo, durante algumas provas eu já dei algumas olhadas sim. Porém, eu jamais havia roubado o gabarito da professora. Tudo bem que Jimin havia pego, mas... ah, não sei.
Abri passagem assim que as portas do metrô se abriram, mais uma viagem sendo encochado. A minhoca de metal, apelido carinhoso que eu havia dado, estava sendo rápida naquele dia, parava nas estações e seguia sem enrolação. Depois de quarenta minutos, finalmente havia chegado na minha estação, desci quase que agradecendo aos céus.
Do lado de fora, andei mais algumas ruas até chegar em casa. Mamãe parecia preparar bolo quando dei uma pequena checada na cozinha e papai, bom, papai só vivia trancado no escritório.
— Kook! — a voz da mamãe ecoou pela sala.
Parei no quarto degrau e olhei para trás.
— Sim... Mãe?
— Beijo na mamãe.
Hesitante, continuei a olhar para ela.
— Anda, beijo na mamãe. — repetiu.
Suspirei antes de descer os degraus. Ao chegar no fim da escada, estava alguns passos dela, mamãe abriu os braços com um sorriso, eu me aproximei. Seu rosto que antes estava com um semblante amoroso mudou completamente, seus dentes cerraram de raiva, suas sobrancelhas franziram e foi então que eu havia sacado a situação e o que aconteceria.
Ela levou uma das mãos ao meu rosto, forte, fazendo um estalo na hora contra a minha bochecha. Eu cai no chão devido a força levando a mão ao local atingido, ela se inclinou agarrando os meus cabelos.
— Você sabe que horas são, Jungkook? — perguntou baixinho próximo à minha orelha.
— Não, mãe. — respondi, meus olhos querendo lacrimejar, mas eu não choraria na frente daquela bruxa.
— São 18:07. Você sai da escola 17:10, me diga, Jungkook... — apertou ainda mais os fios. — Você tem motivo para estar atrasado?
— Hoje eu tive uma prova importante, mãe. — respirei fundo olhando para o alto, a lágrima queria escorrer.
— E fui um dos últimos a sair. — menti.
— Uh, então está desculpado. — ela soltou meus fios empurrando minha cabeça. — Você não acha que tudo ficou melhor desde que começou a me chamar de mamãe?
Me levantei ainda olhando para ela; um olhar triste, cheio de rancor. Sem dizer nada, me virei voltando a subir as escadas.
Má-drasta (termo carinhoso utilizado para se referir a bruxa, ops, mulher do papai). Fazia seis anos que papai havia juntou a ela, minha vida se transformou em um inferno. Meus amigos não frequentam mais minha casa, se bem que nunca me foi proibido isto, mas sinto um certo medo de que ela os maltrate. Se isso acontecesse, provavelmente eu seria expulso por acertar o rosto alvo protegido por cremes antirrugas.
Esfregando minha cabeça, arqueei uma das sobrancelhas ao ver a porta do meu quarto meio aberta e a luz acessa, podia ouvir alguns barulhos vindo de lá, como se estivessem arrastando algo. Apressei o passo já abrindo a porta, fiquei estático ao olhar em volta do meu quarto.
— Oi! — o sorriso branco, os fios ruivos um pouco grudados em sua testa devido ao suor.
Estava incrédulo não acreditando no que estava acontecendo, eu sequer sabia o que fazer. Primeiro; queria gritar, xingar e voar no pescoço daquele demônio abusado, queria mandá-lo para as profundezas do inferno, do lugar de onde ele nunca devia ter saído.
— Eu espero que não te incomode, mas esses discos estavam na promoção...
Haviam caixas até sobre a minha cama, o quarto estava incrivelmente lotado de discos de vinil.
— Jimin, isso não pode ficar aqui!
— Por quê não? — perguntou olhando-me sem entender. — Você não tem muitas coisas importantes aqui mesmo...
— É o meu quarto! — ralhei irritado caminhando até a minha cama, empurrei a caixa para o chão.
Estava irado.
— Você não tem o direito de trazer essas coisas para cá. — o encarrei, meus olhos estavam quase que vermelhos de tanta raiva.
— Espera, seu rosto está vermelho? — Jimin deu um passo em minha direção, eu pisquei algumas vezes antes de olhar para o chão.
— Não é da sua conta.
— Jungkook, olha para mim. — ele se aproximou tentando tocar meu rosto, eu dei um passo para trás o encarando.
— Quem te machucou? Me diga agora.
— Já disse que isso não é da sua conta! — o empurrei.
Seu rosto foi mudando; os cabelos ruivos pareciam diferentes, seus olhos estavam escurecendo e seus lábios que antes carregavam um sorriso engraçado, agora estavam fechados e sérios.
— Você é o Meu Senhor, você me invocou e eu sou seu protetor. — ele pendeu a cabeça para o lado ainda me olhando sério.
— Ninguém, repito, ninguém pode te machucar e sair ileso.
Sua voz era grossa, chegando a me arrepiar e me assustar.
— Jimin, deixa...
— Você está falando sozinho? — de repente a voz soou em meu quarto, Jimin virou-se encarando a mulher que estava parada na porta.
Minha madrasta.
— O que são todas essas caixas?
— N-Nada... — tentei sorrir. — Eu vou arrumar tudo.
— Discos de vinil? — disse ela logo que se aproximou de uma das caixas vasculhando o que havia dentro.
Jimin a analisava, como se ela fosse sua presa.
— Você está trazendo bagulhos para casa? Para que eu limpe? Por acaso acha que sou sua empregada?!
— Não, eu... — dei alguns passos em sua direção, ia tirá-la dali.
Quando me aproximei dela, a mesma desferiu outro tapa em meu rosto. O estalo ecoou por todo o quarto e eu levei a mão ao local machucado, ela me empurrou e eu dei alguns passos para trás. Desajeitado, acabei batendo com as costas na porta.
— Eu não vejo a hora de me livrar de você. — rosnou ela.
Meu semblante ficou ainda mais assustado quando olhei na direção de Jimin, ele parecia bem diferente do que quando eu o conheci. Lembra quando disse que ele não aparentava ser aquilo que eu esperava que fosse? Sobre sua aparência demoníaca?
Agora ele havia assumido.
Seus olhos estavam completamente negros, em volta dele parecia emanar uma áurea negra, bem sinistra. Suas unhas cresceram, como garras e o cheiro de enxofre se instalou ali.
Meus olhos lacrimejaram, eu queria me mexer, queria tirar minha madrasta dali pois sabia o que aconteceria. Por mais que eu não gostasse dela, jamais quis que Jimin a machucasse. Ele estalou os dedos e então ela olhou em sua direção, seus olhos arregalaram e a mulher ficou estática com a boca aberta em um perfeito "O".
— Park SungIn, parece que a senhorita está merecendo um castigo, certo? — dito isto Jimin sorriu, um sorriso sinistro, e passou a caminhar em sua direção.
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Meu Twitter: callmyung
Até a próxima, gangue! <3
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Como Se Livrar De Um Demônio Apaixonado, Volume 1
FanfikceLIVRO FÍSICO NO SITE DA @EuphoriaEditora Jeon Jungkook não era o tipo de pessoa que acreditava em seres sobrenaturais. Até a noite que é desafiado por seus amigos a invocar um demônio e acaba trazendo para terra um ser que irá virar sua vida de cab...