Capítulo 2 - Constrangimentos.

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Já Sei Namorar - Tribalistas

No dia seguinte aqui estou eu novamente. Diante da mesma porta que bateu no meu nariz no dia anterior. Dou umas batidas na mesma e aguardo. Não demora muito e logo a porta é aberta pela mesma moça de ontem: Ana.

-Oi, você veio de novo. - Diz ela.

-Bem observado.

-Entra. A Cris deu uma saída, mas ela já volta.

- Mas ela sabia que eu tava vindo. - Argumento.

-Por isso eu disse que ela já volta. Você quer alguma coisa?

-Pode ser água?

-Tá bom. Pode ir lá na cozinha pegar que eu vou tomar um banho. - Ela dá as costas sumindo pelo corredor.

Eu solto uma risada baixa porque esperei que ela trouxesse a água. Quando ela sai, sinto meu celular vibrar no meu bolso, pego o aparelho e é uma mensagem da minha irmã dizendo que precisou sair uns minutos e que é para eu espera-la. Sento-me no sofá ao lado do gatinho dorminhoco cujo nome eu não sei, respondo a mensagem da Cris e vou ler as outras que chegaram enquanto eu dirigia.

Vou até a cozinha, abro a geladeira e pego a garrafa de vidro cheia de água. A garrafa está bem cheia e molhada por fora, me distraio enquanto procuro um copo, acabo deixando o recipiente cair e se espatifar pelo chão em mais de mil pedacinhos, com certeza.

-Merda!

Não demora e logo Ana aparece na cozinha.

-Ei, você tá bem?! - Pergunta ela assustada ao ver o vidro espalhado no chão.

Eu quero muito responder, mas não consigo dizer nada. Perco meu ar, minha fala, esqueço até como se respira. Ela está enrolada em uma toalha, os ombros ainda molhados, gotas escorrem do pescoço e se perdem entre seus seios escondidos dentro da toalha, o cabelo está amarrado, mas os fios da nuca estão molhados e escorrem gotas sempre para dentro daquele maldito pedaço de pano. Eu tenho plena certeza que ela não usa mais nada por baixo da toalha felpuda, e esse pensamento me deixa em uma situação muito constrangedora em sua frente.

Ela se dá conta da minha falta de palavras pois estou distraído olhando para ela. Entretido por essas gotas. Seu rosto adquire uma coloração avermelhada e sua respiração pesa, pois eu percebo como seu peito sobe e desce.

-Para de olhar assim pra mim! - As bochechas cada vez mais coradas.

-Assim como? - Eu estou morrendo de vergonha dessa situação, tenho certeza que estou tão vermelho quanto ela, mas eu não consigo parar de acompanhar cada gota que escorre por sua pele leitosa.

-Assim! - Ela gesticula apontando para mim. - Com essa cara de tarado.

Dou às costas no mesmo instante diante de sua acusação tão verdadeira.

-Desculpa, você apareceu aqui do nada só de toalha...

-Você fez esse barulhão, achei que tinha quebrado uma janela, se machucado. Sei lá! Além do mais eu moro aqui! Eu apareço de toalha onde eu quiser. - Ela justifica o motivo óbvio de aparecer na cozinha desse jeito.

-Eu não quis assustar você. Foi um acidente. - Explico.

-Tudo bem. - Sua voz se acalma. - Eu vou limpar isso.

-Não! - Minha voz sai mais alta que o planejado. - Pelo amor de Deus, por favor só veste uma roupa. Eu limpo.

-Não, não precisa. - Por um segundo, acho que ela está se referindo às roupas que pedi para ela colocar. - Só sai daí logo antes que você se corte, eu vou me trocar e venho limpar essa bagunça que você fez.

AnaOnde histórias criam vida. Descubra agora