Capítulo 8 - Nunca é só uma Festa.

128 17 176
                                    

A Festa - Ivo Mozart, NX Zero

Assim que chego ao hospital infantil, sigo para a recepção, mas avisto Kimberly sentada sobre um sofá e vou direto até ela. Quando me vê, se levanta e abraça-me chorando.

-Calma, Kim. – Acaricio seus fios rosados. – O que houve?

Ela toma uma distância, passa os dedos nos olhos para secar as lágrimas e respira fundo.

-Ele foi atropelado, não foi grave, mas eu fiquei desesperada! Eu não tava perto e ele...

- Não foi grave? Você não tava perto? Tá brincando comigo? – Interrompo perdendo a calma. – Ele tem oito anos, é só uma criança e só tem você. Você é a mãe, você tem que tá perto!

-Ficou louco ou o que? – Indaga furiosa deixando de lado a expressão triste. – Tá dizendo que eu não cuido do meu filho? Eu faço tudo por ele!

-Não faz o bastante, pelo visto. Você nunca está perto dele! – Acuso.

-Você não tem o direito, Sebastian! – Brada com fogo nos olhos. – Eu sou a mãe dele e eu sou sozinha! Eu estudo e trabalho, tudo pra sustentar o meu filho. Tudo o que eu faço é por ele. Não seja injusto!

-É sozinha porque quer! Porque não me deixa ficar perto dele, eu estou de férias, eu poderia passar todo esse tempo com ele. Pelo amor de Deus! – Nervoso, enfio as mãos em meus cabelos. - Atropelado? Onde é que você tava, caralho?! - Indago com os dentes cerrados, o que fez minha voz sair assustadoramente baixa.

As pessoas ao nosso redor começam a olhar e eu percebo que estamos chamando atenção. Dou as costas à Kimberly e encho um copo descartável com água, bebo todo o líquido de uma vez e sento. Kimberly senta-se ao meu lado e ficamos em silêncio enquanto esperamos por notícias.

-Ele estava com a babá. – Diz ela.

-Não precisa de babá, você tem a mim! – Resmungo sem olhá-la.

-Não tenho! - Ela se exalta. - Será que você não entende? Eu não tenho ninguém. – Responde. – Acha que eu quis que meu filho fosse atropelado? Acha que fiquei feliz com isso? Que achei o máximo ele assistir o avô morrer? É isso que pensa? – Pergunta me encarando seriamente. – Pois, está enganado! Eu sou sozinha e dou meu melhor, você não sabe de metade do que eu passo ou o que eu faço. Não se esqueça que nem eu e nem Caleb devemos nada a você, Sebastian, e eu juro por Deus que se falar assim comigo outra vez eu sumo no mundo com o meu filho e você nunca mais vai saber dele...

-Com licença. – É o médico. - São os pais do menino Caleb?

-Somos. – Respondo.

-Ele está bem. – Garante. – Não foi nada demais, só tem uns arranhões. Nós fizemos alguns exames e está tudo certo com ele. Foi só um susto. – Tranquiliza-nos.

-Posso vê-lo? – Pergunta Kimberly ansiosa.

-Claro. Venham comigo. – Seguimos o médico até uma sala cheia de leitos. Caleb está sentado em um deles enquanto uma médica conversa com ele.

-Filho! – Kimberly suspira de alívio e eu também. Ela toma o menino nos braços. – Graças a Deus! Nós já vamos pra casa, tudo bem?

-Tá bom, mamãe.

-E aí, garotinho. – Chego perto dele e o seguro no colo. – O que foi isso, ein? – Analiso o curativo em sua testa.

-Eu nem vi o carro, tio Sebastian! – Diz todo empolgado, como se ser atropelado fosse uma coisa incrível. Uma história que ele vai contar pelo resto da sua vida. – Foi sem querer.

AnaOnde histórias criam vida. Descubra agora