João Martins

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_Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... como se estivesse em modo automático meu inconsciente não se cansava de repetir que tudo estaria bem, agarrado a ferrenha esperança de que tudo não passara de um susto e que logo Antonella estariam em nossa casa tendo uma gestação saudável.

Ver sua coragem, sua força para segurar nosso filho dentro de si mesmo diante da dor, fez com que notasse quão forte é a mulher que esteve a meu lado nos últimos três anos. Me sentia medíocre, diante de sua luta para proteger o bebê que crescia impaciente dentro de si. Meu filho, sentia-me aterrorizado diante do significado destas palavras.

Enquanto ela lutava por eles tudo que eu sentia era medo, irônico, eu que jamais quis uma família agora tinha certeza que não sobreviria se perde-los justo quando me dou conta que quão valiosa és, tudo passa a ruir a meu redor.

Sentia-me imerso em angústia e impotência, de mão atada fadado ao esperar, não tinha mais remédio que rezar e ruminar minha vergonha. Tinha a sensação que os segundos se tornavam minutos e as horas em dias.

É devastador dar-se conda que tornas-te o algoz de quem deveria honrar e proteger. Errei mais do que poderei algum dia mensurar estive tanto tempo mergulhado entre minhas proprias sombras, que fui capaz de enxergar além de mim. Mesmo lutando para manter a esperança sabia que teria que mover céus e terras para tela a meu lado.

A equipe medica se recusava a me dar informações alegando que o Dr. Cleber Toledo fizera questão de monitora-la pessoalmente e que assim que a paciente despertasse que viria a meu encontro.

A cada meia resposta minha aflição aumentava. Minha esposa e meu filho estavam do outro dado destas portas lutando para esta bem... e eu? Eu estava impotente e desesperado daria dez anos de vida neste instante para ao menos estar junto a eles.

_Como esta minha esposa? Pergunto assim que a porta se abre, o Dr. Toledo tinha mais ou menos minha idade, e alguns centímetros a menos especialmente hoje tinha um sem fechado, me lançando um olhar de desprezo.

_Estável, estou cansado e faminto necessito de alguns minutos antes de conversarmos sobre o quadro clinico de Antonella. Disse antes de chamar uma jovem medica que surgia no corredor com uma prancheta na mão. _Dr. Renata acompanhe o senhor João Martins até minha sala. A jovem acenou em concordância. Esquecendo de todas as formalidades... Agarro seu braço. _Você não irá a lugar algum antes de conversarmos, e me dizer de fato como esta minha esposa. Afirmo, não me importava o bom senso ou a educação tudo que necessitava era saber como estava minha esposa.

_ Sugiro que tire suas mão de mim Conte... Seu tom não deixará duvida que estava diante de um igual. _Em cinco minutos estarem em minha sala, não discuto sobre o quadro clinico de meus paciente nos corredores.

Concordo com um aceno, me afastando. Ele entrega uma espécie de prancheta a medica. E se afasta me olhar. _Ok. Necessito vela! Digo em esconder minha ansiedade, ganhado um breve sorriso da medica. Olha atentamente a folhas, que o colega lhe entregou.

_Perdão senhor, mais o Dr. Toledo suspendeu todas as visitas a paciente.

_Como? Pergunto desnorteado.

_Não poderá ver sua esposa no momento. Falou sem esconder o constrangimento. Me acompanhe por favor!

Como um robô a sigo, ao contrário do que imaginava a sala ou consultório de Toledo é simples e vazia de qualquer traço de sua personalidade, caminho até a janela e abro es cortinas e tudo que posso ver é a próxima parede. Era como se tivesse enclausurado em meus próprios muros, gerando uma sensação de claustrofobia que apenas aumenta com o passar do tempo, irônico ou não estou lutando contra as consequências de tuto o que construir em torno de mim.

Não demora muito para que o médico chegue, ele atravessa a curta sala. Com um pilha de pastas embaixo do braço.

_Como está minha esposa? Pergunto.

_Antonella se encontra fisicamente estável, ela teve um deslocamento de placenta e início de hemorragia... Ele pega um pedaço de papel e passa a me explicar detalhadamente as mudanças que ocorre no corpo da mulher, através de rabiscos, detalha os procedimentos ressalta que o bebê está bem, e como serão cuidados.

Suas palavras percorreram todo o meu ser enchendo de alivio. _Quero vela imediatamente se ela e o bebe estão bem não tem motivos para proibir minha visita.

_Eu disse que sua esposa estava fisicamente bem, não emocionalmente. Veja bem João Martins, mulheres que apresentam sinais de estresse tão severos como os de sua esposa são três vezes mais suscetíveis a sofrer um aborto, no terço inicial de gestação. Suas palavras me atingem como flechas. Continua. _E eu não vejo necessidade de te perguntar se sua esposa passou por algum tipo de estresse, nos últimos dias. Nossa prioridade deve ser a saúde da mãe e do bebê, e no momento sua presença não contribui para isso. Sugiro que vá para casa, se sua esposa responder bem a medicação, terá alta em um ou dois dias neste tempo se encarregue que ao chegar em casa ela encontre um ambiente saudável.

_Está dizendo que não posso ver Antonella?

_Estou!

_Eu tenho direito a vela, Toledo e nem você pode me impedir e irei vela mesmo que tenha que ter seu pescoço em uma bandeja.

_Ao contrário do senhor, minha única preocupação é Antonella e o seu filho... Então João Martins, ponha seu ego no bolso e vá para casa. Até que a taxa hormonal de Antonella se estabilize... E que emocionalmente ela tenha condições de aceitar sua presença no quarto, você irá permanecer do outro lado da porta fui claro.

As palavras do medico eram como sal sobre nossas feridas eu apenas começava a sangra. Mas a quanto meu anjo agonizava?

Cansei de amar você.Onde histórias criam vida. Descubra agora