Depois do evento inusitado do último capítulo, eu e Nicolas partimos em direção à biblioteca que ficava quase no centro da Universidade, junto ao espaço de lazer e convivência. Eu estava levando uma lista dos livros que provavelmente iria precisar durante os primeiros semestres e Nicolas não levava nada, mas dizia que os nomes dos livros já estavam com ele. Faltavam poucos metros até a entrada da biblioteca, quando eu tive uma ideia após de me lembrar do último acontecimento e resolvi compartilhar com meu amigo.
-Você acha que terá mais "casos" como esses aqui nessa universidade até sua formação?
-Bom- Nicolas abriu um sorriso –Pelo que me parece, sim. Vai haver mais casos iguais a esse ou até mais estranhos. Mas porque a pergunta, Pietro?
-Estava pensando em acompanhar esses seus casos e registrar eles- Meu amigo me olhou espantado por está interessado com o assunto - como uma espécie de treino para a minha escrita. Poderei escrever além dos casos , posso falar mais sobre seus pensamentos e filosofias.
-Irá publicar? – Perguntou parando próximo a porta de vidro da biblioteca. –Acredito que poucas pessoas vão se interessar por isso.
-Bom se tiver casos bons, talvez possa colocar em uma parte do jornal da universidade, como sabe, a turma de letras é responsável por uma parte desse "jornal".
Nicolas me olhou com receio e franziu as sobrancelhas mostrando dúvida.
- Bom você poderá sim - Disse finalmente – Mas, você vai ter que se virar para conseguir registrar esses casos. Eu recebo esses tipos de casos desde o ensino médio e acho difícil alguém querer ter a vida pessoal e amorosa publicada em um jornal público.
-Posso criar nomes falsos ou até uma descrição falsa. Mas se a pessoa não quiser minha presença ou que o caso não seja registrado, tudo bem, é a privacidade dela. Mas fora isso eu gostaria muito de registrar.
- Certo Pietro – Disse Nicolas quando entramos na biblioteca – Você já tem minha autorização para utilizar meu nome em seus registros, e te desejo boa sorte para conseguir a autorização dos demais – Nicolas se dirigiu ao balcão da biblioteca com um sorriso que não saía de seu rosto desde que ouviu minha ideia.
Acompanhei o meu amigo até o balcão para perguntar à bibliotecária em que corredor e o local onde poderia estar os livros que procurava. Chegando ao balcão eu quase me paralisei de admiração quando vi em minha frente, uma jovem muito linda com aparência asiática. Tinha uma pele clara e cabelos curtos e negros. Nariz pequeno e simples. Um atraente olhar singelo com um tom marrom escuro com os quais me encarava percebendo minha surpresa e nervosismo. Ela me parecia desconfortável naquele curto momento, com certa cor rosada surgindo em sua bochecha, e ao mesmo tempo Nicolas mostrou estranhamento com esses segundos de troca de olhares e me cutucou com seu cotovelo.
-Oh, me desculpe - Falei um pouco atrapalhado – Queria saber se esses corredores têm nos livros que eu quero.
-Oi? –Disse ela sorrindo da confusão que fiz com as palavras, junto com ela, Nicolas segurou seu riso abaixando a cabeça.
- Desculpe, desculpe – Eu voltei ao meu estado normal – Você sabe em que corredores têm esses livros que procuro? – Estendi minha lista e com suas mãos delicadas ela segurou e analisou por um tempo.
-Temos alguns no corredor 6 e temos outra parte no corredor 13 aqui do primeiro andar – Disse ela com uma voz suave e devolveu minha lista me olhando de jeito tímido – E o senhor, como posso ajudá-lo? - Ela se referiu a Nicolas.
Nicolas arregaçou as mangas de seu modesto casaco azul escuro, onde no seu antebraço magro estava escrito o nome de quatro livros.
- Preciso de corredores – Ele fez claramente uma brincadeira com minha confusão – Mas falando sério, quero ver onde encontro esses.
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O Mundo Que Não é Meu
Teen FictionNo atual Brasil do século XXI, o estudante de letras Pietro Lancaster irá passar por diversas situações incomuns durante o período de estudo na Universidade Federal Stephen William Hawking, com seu companheiro de quarto Nicolas Muniz, um estudante d...