Depois da grande confusão que ocorreu no caso contado anteriormente, nomeado como "Amor doentio", os últimos quatro meses foram monótonos e cinzas. As mídias nacionais e internacionais comentavam o caso e por um momento a reputação e a qualidade da universidade estava sendo questionada. Neste meio tempo, divulguei no jornal da universidade que Nicolas não atenderia nenhum caso daqui para frente, por motivo maior. Aos desinformados eu avisava na entrada de nosso aposento. Já o Nicolas, teve uma preocupante decadência em sua pessoa, não tinha mais muito contato social e começou a se fechar por completo ao decorrer dos dias, ele já não apresentava o mesmo ânimo de antes, vivia deprimido e jogado em sua cama.
Minha apreensão com o estado do meu amigo só aumentava a cada semana, sem conseguir fazer muita coisa para ajudá-lo e as poucas conversas que tinha com ele demonstrava um depressão profunda com as frases do tipo "Simplesmente a vida que vivemos é sem sentido" ou como "Não sei porque ainda estou vivo". Ademais, sua alimentação foi bastante afetada, chegando ao ponto de comer uma vez por dia apenas.
Neste momento me vi na responsabilidade para chamar alguém que pudesse me ajudar em momento desses, e a primeira pessoa que veio na minha cabeça foi Ayla Salles.
Após o fim da aula, fui até a sala da turma de astronomia. A aula por lá havia terminado também, mas por sorte Ayla estava arrumando seus papeis e cadernos em sua bolsa amarela de uma alça.
-Pietro! Você por aqui? Que surpresa - Disse terminando de arrumar seus materiais.
-Olá, Ayla, precisamos conversar a sós. É sobre o Nicolas.
Ao perceber o tom sério da minha voz, não demorou muito e estávamos andando pelos longos corredores da universidade, iluminados por uma cor alaranjada que o pôr-do-sol projetava. Enquanto eu contava a ela um resumo dos acontecimentos, enxergava em seus olhos muita preocupação. Depois de contar tudo o que podia ela parou e ficou quieta por um curto tempo.
-Então a melhor pessoa que acredito que pode animá-lo e deixá-lo confortável para se abrir - Apontei para ela - É você.
-Certo... pelo que me contou, parece ser pior do que das ultimas vezes - Ayla respirou fundo e repetiu as palavras que estavam em sua cabeça - Sem se alimentar bem e em profunda depressão...
-Se quiser me ajudar hoje à noite, nós podemos conversar com ele e... - Fui interrompido por Ayla e seu olhar aflito.
-Não, quero ir agora mesmo. Não podemos esperar. Os problemas devem está martelando sua cabeça novamente, vamos logo!
Apressadamente fomos até o aposento 19B, o mesmo que Nicolas não saia, com exceções para assistir as aulas. Ao fechar a porta, Ayla deixou sua bolsa no sofá e me acompanhou até a porta do quarto de Nicolas.
- Nicolas, está aí? Temos visita. - Falei após dar algumas batidas na porta.
-Não atendo mais casos, Pietro - Disse uma voz rouca e baixa do outro lado da porta.
-Nicolas, por favor! - Ayla bateu repetidamente na porta - Quero ver como você está!
- Ayla? - A voz pareceu vacilar um pouco - Não, você não quer me ver, tenha certeza disso. Procure uma pessoa melhor que eu para se importar.
- Nicolas, ela veio aqui por você! Por favor, saia daí e converse com a gente.
- Não tenho nada para conversar...
-Nicolas... Você sabe o quanto me faz mal te ver assim, eu quero fazer algo por você, abre essa porta e vamos conversar - Disse Ayla começando a oscilar sua voz na frase, seguidamente continuou respondendo o silêncio de Nicolas - Sabe por que me preocupo? Porque eu gosto muito de você!
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O Mundo Que Não é Meu
Teen FictionNo atual Brasil do século XXI, o estudante de letras Pietro Lancaster irá passar por diversas situações incomuns durante o período de estudo na Universidade Federal Stephen William Hawking, com seu companheiro de quarto Nicolas Muniz, um estudante d...