Escolhi essa narrativa, para colocar entre os casos desse livro com uma pergunta em minha mente. Será que o amor seria algo eterno? Digo, depois de nossa morte, ainda continuamos a amar aqueles que deixamos "em terra"? Bom de uma coisa eu tenho certeza, aqueles que ficam em nosso mundo ainda amam as pessoas que se foram e assim, somos tomados pelo sentimento de saudade e de perda. Meu amigo Nicolas, cujo perdeu a mãe há quase um ano, ainda sentia esses sentimentos com um peso em sua cabeça, pensando que poderia ter acompanhado sua mãe nos últimos momentos. Mas a morte é repentina, nunca sabemos quando ela está próxima de nós ou de algum amado, e Nicolas não tinha como prever isso.
Antigamente, Nicolas se isolaria e iria se afundar em depressão profunda, mas enxergando que ele estaria sozinho no mundo agora, ele se esforçou dobrado nos estudos e em um trabalho desde então. As coisas andavam bastantes corridas, e agora que passou quase dois anos da proibição dos casos de Nicolas na universidade, raramente temos algum caso aparecendo, e quando aparecem eu impeço Nicolas de tentar encará-los. Apesar de ser uma atitude ríspida, não quero ver meu amigo sendo expulso desta universidade por bobeira. Os únicos casos que passavam, era os que aconteciam fora da universidade e que não envolviam a mesma, esses casos eram mais peculiares dos que costumava escrever.
Naquela congelante noite do mês de agosto, em nossos aconchegantes assentos do apartamento 19 B, eu e meu companheiro estávamos em mais uma de nossas diversas conversas filosóficas sobre o mundo e a vida.
- No dia da confraternização universal, o famoso "Ano novo", que roupa você utiliza?
- Eu costumo usar branco, assim como a maioria do mundo. - Respondi.
- Exato, a maioria das pessoas utilizam branco, simbolizando a paz. Outras usam vermelho, simbolizando o amor, alguns usam amarelo, simbolizando riqueza e assim por diante. Mas o que acho engraçado é que a roupa que utilizamos, na verdade, deveria ser um desejo para o mundo todo.
- Então, não seria para nossas vidas?
- Você ainda vive neste mundo, então seria também para sua vida, contudo, - Nicolas agitava sua magra mão enquanto falava - usar branco seria para pedir a paz do mundo, vermelho para mais amor no mundo, amarelo para mais riquezas a todo mundo. Mas existe a arrogância e tudo é apenas para a sua vida.
- O que quer dizer com isso?
- Não quero dizer que todos são arrogantes, mas em um momento começaram a dizer que a cor da roupa que usa, vai beneficiar apenas a sua vida. Neste momento vemos todos que usaram branco, desejando paz, estão na rua, nas redes sociais xingando, espancando e cometendo o contrário do que desejaram para o ano. Pessoas que desejam amor, no ano inteiro planta ódio nas pessoas. E quando vêem uma forma diferente de amor como lésbicas, gays, bissexuais logo o repudia e transforma em ódio mortal.
- Quando vêem um negro o exclui ou fazem piadas racistas.
- Viu, você sabe como é essa grande hipocrisia. Todos tiram um dia para amar o próximo e no resto do ano...
- Só ódio - Completei.
- Exato, vivemos em um mundo onde a ignorância predomina, é cada um por si. Isso é um ciclo que faz o mundo piorar a cada dia. A todo o momento é apenas violência. - Nicolas ficou pensativo em sua poltrona - O que mais me preocupa é que sempre que vejo uma pessoa em tal situação penso que algo lá atrás que fez ela se tornar assim, isso é preocupante.
- Caminhando para nossa própria destruição - Levantei minha caneca de chocolate quente como se fosse brindar.
- Se um dia as pessoas tiverem noção disso, talvez caminhe para nossa reconstrução - Nicolas levantou sua caneca também.
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O Mundo Que Não é Meu
Ficção AdolescenteNo atual Brasil do século XXI, o estudante de letras Pietro Lancaster irá passar por diversas situações incomuns durante o período de estudo na Universidade Federal Stephen William Hawking, com seu companheiro de quarto Nicolas Muniz, um estudante d...