O Mundo Que Não é Meu

Fotógrafo estranho

- Coloque em seus relatórios, Pietro - Disse meu amigo com um ar de desânimo - Mais um fracasso de Nicolas Muniz em uma inútil tentativa de começar um relacionamento. Para poupar o seu tempo irei resumir. Imagine que eu estava respondendo as falas dela durante um tempo, então descobrir que ela estava, na verdade, conversando com outra pessoa pelo fone de ouvido. - Logo após ele contemplou o nada - Acho que sou desinteressante.

Ao terminar de falar, Nicolas mergulhou em sua poltrona e ficou em um pensamento profundo. Já tinha se passado quase um ano que eu e Nicolas tínhamos começado nosso ano letivo, e se passaram longos meses desde o ultimo caso apresentado como "O mundo está mudando". Durante esse tempo minha relação com Bruna, a bibliotecária, estava em seu auge, conversávamos como se nos conhecíamos há anos e criamos uma afinidade muito forte um com o outro. Foi um tempo de trocas de afeto e carinho, e no momento em que se passa esse acontecimento eu teria um encontro muito importante com ela em poucos dias. A popularidade de Nicolas também cresceu, as maiorias das pessoas se referiam a ele de "O conselheiro", e durante esse período, Nicolas resolveu e tentava resolver muitos casos que chegavam até ele, alguns bem comuns e outros um pouco mais complicados, mas no final ele conseguia ter sucesso em ajudar as pessoas. Vendo os dias solitários do meu amigo, tentei incentivar Nicolas a buscar alguém, ou tentar ter alguns encontros, - Tentando retribuir a grande pessoa que ele me apresentou, a Bruna - mas como podem perceber a maioria de seus encontros não davam certo ou no final descobria que, a garota por qual se interessou já estava comprometida.

Escolhendo os casos a dedos, eu achei o caso interessante sobre a jogadora de vôlei, Miranda Diniz, cujo caso, diferente de todos que já presenciei, fez que Nicolas utilizasse mais sua mente do que seu coração.

Naquela mesma noite gelada de Junho, depois do encontro fracassado de Nicolas, eu estava agasalhado e confortável no sofá da sala, assistindo um filme pelo meu notebook. Usufruindo o final de semana calmo depois de uma semana inteira de provas e preocupações. Nicolas estava, como na maioria das vezes, calado e preso em seus pensamentos. Aquele breve momento calmo foi interrompido por uma batida frenética na porta. Ao escutar Nicolas se levantou e passou na minha frente de forma calma, então abriu a porta e soltou uma exclamação.

-Miranda Dantas, quanto tempo! Entre, fique à vontade.

Logo após entrou uma jovem bem alta - quase era do tamanho da entrada do aposento - e bem vestida, utilizava agasalhos dos mais fortes e um cachecol. Dava para perceber mesmo com os agasalhos que ela tinha um corpo atlético. Ela possuía um rosto que lembrava vagamente uma indígena, com sua pele morena, cabelos lisos e grandes. Um olhar negro intimidador que ficou em mim por um momento e depois se desviou para meu amigo que tinha acabado de fechar a porta.

- Preciso de sua ajuda, Nicolas - Disse Miranda com um tom sério em sua voz.

- Diga-me.

- Não sei se ele pode acompanhar - Ela se referiu à mim fazendo um gesto com a cabeça.

- Pietro é meu amigo, pode confiar. Ele está para registrar os casos que recebo, e se você permitir ele pode registrar esse também.

-Certo, que seja - Disse ela com um tom impaciente e seu olhar dirigiu a mim - Se conseguir terminar esse caso poderá publicá-lo, mas caso contrario, quero que apague tudo!

- Isso não me soa bem - Disse Nicolas terminando de se sentar na poltrona - O que você tem para me contar?

- Nicolas, - Ela estava tão agitada que não quis se sentar - existe um fotografo muito estranho por aí, ele fica tirando fotos minhas a todo o momento, quando menos percebo está na platéia do treino de vôlei com sua câmera mirada para mim. É um louco! Já estou ficando com medo, eu não o conheço e nunca o vi na minha vida, mas ele sempre aparece com aquela câmera, não só nos treinos, mas também...