Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Luciana se aproxima e a beija tão levemente que, não fosse a respiração de Luciana tão próxima de seu rosto, a faria questionar se o beijo fora realmente real. Luciana se afasta, procurando por uma reação no rosto da outra mulher. Com a respiração entrecortada e os olhos semicerrados, Fantine toma o rosto de Luciana em suas mãos e a beija.
A beija como se fosse a primeira vez, ou a última vez. Seu gosto tão familiar e tão diferente. Luciana entrelaça suas mãos aos cabelos de Fantine e aprofunda mais o beijo. O beijo era intenso, desesperado, levava consigo saudade, o desejo reprimido de treze anos separadas, suas línguas se encontrando em perfeita harmonia. Suas mãos ainda entrelaçadas nos cabelos de Fantine, Luciana se ajoelha e leva uma perna de cada lado do corpo de Fantine, montando sobre suas pernas dobradas. A outra mulher reage colocando as mãos em sua cintura e apertando-a, o que faz com que um gemido baixo escape dos lábios de Luciana.
Fantine a puxa para mais perto de seu corpo, e seu vestido sobe em suas pernas torneadas. Seus corações batem acelerados, e elas podem sentir o martelar do coração uma da outra contra seu peito. Fantine quer Luciana mais perto, impossivelmente perto, quer senti-la o máximo que puder, e suas mãos provocam a bainha de sua blusa, querendo sentir o calor de sua pele.
A permissão de Luciana vem em um leve rolar de seus quadris contra as pernas de Fantine, e ela jura que vai ensandecer se não sentir seu calor sem barreiras. Seus dedos levantam a barra da blusa simples que Luciana veste, e o calor de sua pele queima seus dedos de uma forma maravilhosa, e ela quer todo o seu corpo contra esse calor. O beijo é quebrado pela outra mulher, cuja respiração ofegante agora traça o caminho até seu pescoço, suas mãos afastando os cabelos longos do caminho. Luciana planta um beijo leve conta seu pescoço, e Fantine libera um suspiro tremido. A língua de Luciana traça um caminho de fogo por sua pele, e Fantine reage apertando a cintura da outra mulher mais forte, o que causa um rolar de seus quadris, desesperada por contato.
A reação parece clarear a mente nublada de desejo de Fantine, e seu corpo enrijece contra Luciana, que pausa suas ministrações contra seu pescoço e levanta a cabeça lentamente para olhar a outra mulher nos olhos. O olhar de Fantine é distante, e exprime a dúvida e insegurança que a assolam por dentro. Tudo estava acontecendo rápida e intensamente demais. Seu corpo gritava siga, mas sua mente dizia pare. Luciana, lábios ainda vermelhos e respiração ofegante, faz menção de se afastar do colo de Fantine, e a mesma segura levemente seus pulsos para que não se afaste.
"Por favor, fica", Fantine diz o que queria ter dito há tantos anos. Fica. Luciana dá um leve sorriso e segura ambas as mãos de Fantine. Ela quase consegue ouvir as engrenagens trabalhando da mente da outra mulher, e teme ter forçado a barra.
"Desculpa", Luciana diz, e seu rosto cora.
"Não precisa se desculpar", Fantine dá um sorriso fraco, afastando uma mecha de cabelo do rosto de Luciana. "Eu te quero tanto que me assusta", ela diz, com sinceridade.
"Do que você tem medo?", Luciana pergunta.
As memórias de um coração partido invadem sua mente sem permissão, e ela passa a mão por seus cabelos nervosamente.
"Eu prometi a mim mesma que nunca mais ia deixar isso acontecer, Lu. Que não ia mais deixar ninguém entrar. Quando eu consigo consertar minha bagunça você vem e vira meu mundo de ponta cabeça."
"A bagunça que eu causei, você quer dizer", ela desce do colo de Fantine e se joga nas almofadas, sua mão alcançando a taça de vinho sobre a mesa de centro e tomando todo o conteúdo de uma só vez.
Fantine não responde. Sim, foi a bagunça que ela causou. Mas dizer isso em voz alta não vai beneficiá-las em nada, então ela opta pelo silêncio.
"O que você espera da gente?", Fantine pergunta, a cabeça baixa.
Ela aguarda a resposta de Luciana por longos momentos até que decide olhá-la. O olhar de Luciana está fixo em seu rosto, observando cada reação.
"Eu quero você, só isso", ela diz, se aproximando de Fantine novamente e tomando suas mãos nas suas. Suas mãos eram tão pequenas comparadas à de Fantine. Se encaixavam perfeitamente dentro das dela. Onde as suas eram maciez e delicadeza, as de Fantine eram força e experiência. Essas mãos eram capazes de fazer coisas incríveis.
Fantine sorri, tímida.
"Eu acho que agora é tarde demais pra fingir que eu não te quero", ela planta um beijo na mão de Luciana, ainda unida à sua. "Você colore a minha vida com seu caos."
"Mas por enquanto...", Fantine prossegue, acariciando o dorso da mão de Luciana distraidamente, "deixa estar?"
"Deixa estar..." Luciana diz, com um sorriso triste, "Deixa estar."
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Veni, Vidi, Amavi
Fanfiction"A verdade era que, naquele momento, percebera o quanto sentia sua falta. Ouvir a sua voz de novo, assim de tão perto, havia despertado lembranças que ela lutou para tentar esquecer. Noites inteiras conversando sobre tudo e nada. A forma que ria qua...