*Segredos d'Ella*
Gabriela mora no Interior do interior de Mato Grosso do Sul, quer sair de lá de qualquer maneira. Conhecer o mundo.
Sonho realizado. Mas...
Ella se torna uma modelo internacional de sucesso, no entanto decide largar tudo, por quê...
Você já sonhou muito com algo e quando tudo começa a realizar de acordo com tudo que sempre quis, vê a possibilidade de tudo se desfazer? Este é o dilema de Gabriela agora.
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Sonho realizado
Depois de passarem a noite inteira pensando e conversando, papai e mamãe decidiram que iam me deixar ter essa oportunidade. Mas com uma condição: "continuar a estudar".
Claro que ia ter um "mas", porém eu topava tudo para não perder essa chance. Os "meus agentes", muito chique falar isso, foram embora com meu contrato assinado e iriam me esperar em uma semana, pois era quando entraria de férias.
A semana toda fiquei, mega, super, hiper ansiosa. Eu levei minha revista para escola e presenteei a diretora, mostrei a quem quis ver. Claro, teve olhares de desdém e conversinhas fiadas, mas nem liguei. Para o Mário, eu presenteei a revista dentro de uma caixa e ainda fui audaciosa, fiz uma dedicatória. Ele ficou emocionado. Deu-me um beijo na boca, daqueles dignos de cinema, bem no pátio da escola onde todos viram. Depois disse:
— Agora todos vão saber que eu namorei uma modelo famosa.
— Muito bobo você! Espero que esteja certo, eu "modelo famosa" e tudo isso vá longe, bem longe mesmo. E um dia vou dizer: "sabe aquele rapaz ali, aquele lindo, veterinário ou agrônomo? Então, foi com ele que aprendi a beijar e dei meu primeiro beijo. Foi meu primeiro namorado".
— Só isso? Parou por aí?
— Por quê? Tem mais?
— Podemos descobrir mais coisas ainda.
— Não complica! Está bom por enquanto. Quando estiver na hora de outras coisas, conversamos, ok?
— Promete?
— Prometido!
Essa foi nossa última conversa.
Estava no meu quarto, acabava de arrumar minha mala. Queria levar tudo que tinha de bonito que nunca usava. Mas que agora era hora de começar a vestir, deixar de ser uma menina moleque da roça, para ser uma menina mulher da cidade. Foi quando percebi a porta do quarto entreaberta e alguém me olhava.
— Oi! Feliz por livrar-se de mim? — perguntei.
— Não brinca com isso. Você sabe que vou sentir muito sua falta.
— Vai nada!
— Claro que vou! A gente briga, mas nos amamos.
— Pense, agora não tem mais que vigiar ninguém.
— Pare com isso! Venha aqui. — Chegou perto de mim e me abraçou tão forte que chegou a doer. Quando o olhei ele chorava.
— Hei, pare com isso! Eu vou ser feliz, não vou para a guerra.
— Você é minha garotinha, eu pensei que fosse tomar conta para sempre — Fungou o nariz. — Agora vai sair pelo Brasil a fora e quem sabe pelo mundo.
