Visita

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Estava deitada, na minha amada cama, lendo um gibi qualquer que eu consegui que uma das enfermeiras me arrumasse. A que ponto eu cheguei, Senhor.

- Ah, prefiro um mangá.- jogo o gibi de lado e fico encarando o teto branco, que incrivelmente eu adorava

- Mangá? Sério? Isso não é aquele livrinho de nerds?

- Ei! Ei! Não fale mal desse livrinho.- reclamo- Eles não custam 1 real, ta bom? E é isso que os transforma em algo maior.

- Nossa, que nerd

Reviro os olhos e volto a me focar no teto, só agora reparando hoje o dia esta mais calmo, sem nenhum ser em abstinência querendo criar caos, o que é bom.

- Ei,- a olho- eu..eu queria saber, você...você algum dia foi visitar ele? Na prisão?

Fico quieta a olhando, me lembrando do maldito dia em que tomei essa atitude. Antes eu o nomeava de maldito/ótimo dia, mas depois de tudo, me arrependo amargamente desse dia ter existido.

- Sim, eu fui.

- E como foi?- a encaro como quem diz "isso é sério?"-Foi mal, só queria saber.

Ela da de ombros, suspiro e sento no centro da cama, me encosto na parede e a olho em silêncio por alguns segundos. Era meio óbvio que ela estava apenas querendo se distrair pra não perder a cabeça e ficar mais tempo ali por ter posto tudo a perder.

- Foi uns dias depois do meu aniversário de 18 anos. Eu...eu peguei o carro do Jonas emprestado e sem ninguém saber eu fui. Fui ate a prisão.- sorrio amargamente

"Sabe...eu fui ate lá, rezando pra que eles estivesse morto. É o que geralmente acontece com estupradores na prisão, não é? Mas não, ele estava vivo..."

"Vivo? Sabe eu me sentei naquela cadeira de ferro totalmente gélida, naquela sala fria, quase sem luz, e esperei...esperei ele vir. Quando ele entrou na sala e me viu eu pude ver o choque nos seus olhos, aposto que ele não espera me ver ali."

"Ele estava horrível, também para um cara de 54 anos, que está na prisão, isso acho que era o de menos. Eu tentei, tentei encara-lo com indiferença, ele demorou um tempo mas se sentou de frente pra mim, e ficou me olhando

- O que faz aqui?- foi a única coisa que ele disse

- É verdade?- essa foi a minha vez

Eu tinha que perguntar, eu sabia a resposta, sabia a 10 anos. Mas eu queria ouvir dele, queria ouvir ele me falando que sim. E foi o que ele disse.

- Sim.

- Como você teve coragem...como...por que?

- Eu não sei.- ele respondeu com indiferença- Eu só senti vontade

- Você destruiu a minha vida!- falo alto, o fazendo me olhar confuso

- Eu nunca toquei em você!

- É isso eu me lembro, mas provavelmente faltava pouco, não é? Eram todas a maioria da minha idade!

- Isso foi antes de você. Alexa, eu errei muito mas...você foi o meu único acerto.

- O Seu único acerto? Ah você sabia que eu fui abandonada pela minha mãe? O seu único acerto aqui- aponto pra mim mesma- foi presa por um coisa que armaram pra mim. Sabe por que? Porque eu sou sua filha.

- Eles não podem fazer isso.

- POIS FIZERAM!- grito- Marcos...eu vim aqui hoje com apenas um desejo...que você estivesse morto...- falo friamente, o fazendo me olhar surpreso- é uma pena que isso não tenha acontecido fisicamente, mas pra mim...você morreu a 10 anos.

Levanto e bato pra na porta, pra eu poder sair ligo dali, nunca mais eu iria querer olhar na cara daquele desgraçado.

- Alexa?

Assim que o carcereiro abre a porta saio de la, ouvindo-o me chamar diversas vezes, saio daquele maldito prédio da penitenciária e entro no carro, liguei o mesmo e dei partida.

"Eu precisava esfriar a cabeça, mas na onde? Eu tinha um lugar só meu, nada no mundo me acalmava, eu não tinha nada a fazer. Sem eu nem perceber o carro que estava na frente do meu para abruptamente e eu tentei, eu juro que tentei frear, mas o carro do Jonas bateu na traseira do belo Impala preto."

- Você não tem um Impala? Você disse que tinha um Impala!

- Eu tenho. Essa parte da história era a que eu chamava de ótimo dia.-sorrio 

Era Uma Vez... A História de Uma Vida?Onde histórias criam vida. Descubra agora