"Tudo o que um sonho precisa para virar realidade é alguém que acredite nele". Eu estava numa palestra de medicina com os meus pais quando ouvi essa frase e, embora eu tivesse apenas 13 anos na época, nunca mais a esqueci. Mencionei o quão incrível a frase era quando estávamos voltando para casa e meus pais me deram todo o apoio do mundo. "Você pode tudo o que quiser, filha. Você vai conseguir ser a maior cardiologista do Brasil! É só acreditar...", disseram, enquanto dirigíamos para casa. O que eles não sabiam era que o meu maior sonho, na verdade, era ser cantora.
Meus avós eram médicos e meus pais se conheceram na faculdade de medicina. Ninguém ousava seguir qualquer outra profissão na casa dos Sanches que não fosse medicina. Por isso, aprendi quando era bem nova que se quisesse aplausos da minha familia, eu precisava ser médica também.
Decidi que juntaria dinheiro para estudar na Russia e fazer minha especialização em Harvard. Meus pais contavam para todos os amigos e até me levavam para as convenções de medicina com eles, deixando todo mundo extremamente impressionado. Eu amava fazer pequenas apresentações musicais para a minha familia, então não era segredo para ninguém que cantar também era uma paixão. Contudo, mamãe nunca me deu um violão ou piano, com medo de que eu decidisse seguir a "suja" carreira de cantora. Eu me esforçava todos os dias para não pensar em mais nada a não ser na felicidade de salvar vidas... até conhecer Nate.
Ele chegou na escola no sexto ano, quando o pai foi transferido de Nova York para o Brasil. Nate apareceu no primeiro dia de aula parecendo um bad boy americano, com cabelos compridos e loiros, ombros largos e um violão nas costas. Contudo, após uma única conversa percebi que ele era super tímido e bom moço. Insisti para que me ensinasse violão, vendo-o aceitar apenas quando o defendi de alguns garotos que queriam zombar do sotaque dele. Nate pediu que eu não contasse para ninguém sobre nossas aulas, já que os pais dele pareciam ser como os meus e não apoiavam muito o amor dele pela música. Começamos a fazer canções em segredo e a nos apresentarmos pela cidade sem que nossos pais soubessem. Nate era muito mais obediente do que eu, então sempre repetia a frase "minha mãe vai me matar!" enquanto corríamos para alguma rádio ou evento de música.
Não demorou muito para que nossa amizade virasse romance e em pouco tempo não conseguíamos mais viver um sem o outro. Nate me motivava a ser tudo o que eu queria ser e só ao lado dele eu me sentia a Olivia de verdade. Além de apoiar os meus sonhos, Nate sonhava junto comigo, o que me dava ainda mais força para lutar por nós dois. Viver de música virou uma questão de honra e a cada dia que passava eu queria mais e mais ter uma dupla de sucesso com Nate.
Eu virava um leão no colégio quando zombavam do sotaque americano dele ou quando as garotas descobriam o quão incrível ele era e tentavam me deixa com ciúmes. Éramos inseparáveis e a única coisa que me assustava na vida era perder Nate para sempre. Por isso, imaginem minha surpresa ao descobrir que os pais dele queriam nos separar.
O pai de Nate era um famoso engenheiro e queria que o filho seguisse o mesmo caminho. Quando descobriu que eu e Nate estávamos nos encontrando nos fins de semana para gravar demos das nossas músicas juntos, inventou todas as desculpas que conseguiu para que não pudéssemos mais nos ver. Sempre que tentávamos marcar alguma coisa, os pais de Nate inventavam que ele estava ocupado ou tinha um compromisso. Nate começou a ficar cada vez mais triste e distante, o que me fez resolver que era hora de mudar. Os incomodados que se mudem, certo? Então eu precisava ir para bem longe e levar Nate comigo.
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Entre Amores e Sonhos [HIATUS]
Roman pour AdolescentsOlivia tem apenas 18 anos, mas tem escolhas bem adultas para fazer: Deve viver o sonho que os pais têm para ela ou arriscar tudo e ir atrás do sonho que a faz mais feliz? Deve ficar com a escolha de um amor seguro ou apostar no cara que a faz sentir...