Capítulo 4

2.4K 107 0
                                    

Nina entrou na sala do Dr. Antônio dizendo prestativa:

— O senhor deseja alguma coisa?
Ele deixou de lado o relatório que examinava. Olhou-a e respondeu:

— Quero conversar com você. Sente-se, por favor.

Ela sentou-se em frente à mesa dele e esperou. Ele continuou:

— Faz dois anos que trabalha comigo e tem se revelado muito eficiente. Gostaria de fazer-lhe uma proposta.

Os olhos dela brilharam alegres.

— Sou muito grata pela oportunidade que tem me dado. Tenho aprendido muito neste escritório.

— Como sabe, nosso trabalho tem aumentado muito.

— O senhor tem sido brilhante, Estamos com uma invejável carteira de clientes.

— Tenho trabalhado demais. A princípio pensei em convidar outros advogados para fazer uma sociedade. Conversei com Mercedes. Ela ponderou que seria problemático colocar um advogado desconhecido em nosso escritório. Fez uma sugestão e achei muito melhor. Você tem se esforçado muito. Conhece leis tanto quanto eu.

— Bondade sua, doutor.

— Estou sendo sincero. Você é uma excelente advogada. Eu entregaria muitos casos em suas mãos, que me aliviaria bastante. Infelizmente, você não tem um diploma.

— De fato. Sou autodidata.

— Gostaria de entrar na faculdade e conseguir seu diploma?

— Esse é meu sonho.

— Nesse caso, vou dar-lhe um aumento de salário, suficiente para pagar o curso. Em troca, depois
de formada, você trabalhará comigo.

Nina sentiu a voz embargada e não respondeu logo.

— Então, o que me diz?

— Claro que aceito.

— Conversarei com o reitor. E meu amigo. Pedirei que a examine e verifique em que ano você pode matricular-se.

— Acha que vai conseguir?

— Você fará os exames e eles avaliarão. Tenho certeza de que não precisará começar do primeiro ano.

Quando voltou para casa no fim da tarde, Nina procurou a diretora do colégio para contar a novidade. Madre Pierina, além de a haver ajudado quando fora ao pensionato pela primeira vez, havia se tornado sua grande amiga.

Para poder estudar, Nina precisaria da cooperação dela. Além de estar trabalhando o dia inteiro, estudando à noite, só voltaria para casa muito tarde.

Nina dispensava ao filho todo o seu tempo livre. Adorava ficar com ele, mas ao mesmo tempo, pelo
fato de ele não ter pai, considerava que precisava suprir essa falta.

Apesar de desejar muito esse diploma, seria justo privar o filho da sua companhia por tanto tempo? Isso não o distanciaria dela?

Por outro lado, essa era a grande oportunidade que sonhara alcançar
para poder progredir e dar ao filho uma vida boa, confortável. Depois, havia jurado não poupar esforços para chegar aonde queria e fazer André arrepender-se de havê-la preterido.

Este último argumento a convenceu de que não podia recusar. Marcos dormia cedo e por isso não
sentiria tanto sua falta. Procuraria compensar essa ausência cercando-o de mais amor.

Conversaria com ele e o faria compreender que era um sacrifício justificado para que pudessem melhorar financeiramente.

Procurou por madre Pierina, expôs a situação e finalizou:

Uma Amor de VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora