Na manhã seguinte, Janete recebeu um telefonema.
— Aqui é o Osvaldo. Preciso vê-Ia, tenho novidades.
— Irei a seu escritório às dez.
— Estarei esperando.
Com o coração batendo forte, janete arrumou-se e desceu para o café. Finalmente ia descobrir por
que André havia saído de casa. Ela conhecia Osvaldo desde os tempos de colégio.
Formara-se advogado, mas mantinha um serviço de ïnvestigação particular que ela utilizara
algumas vezes. Foi ele quem descobriu que André freqüentava as sessões na casa do Dr. Dantas.
Mas, até então, não havia observado nada além disso.As dez em ponto, janete entrou no escritório de Osvaldo, que a cumprimentou amável.
— Então, o que descobriu? — indagou ela ansiosa.
— As coisas começam a ficar claras, Ele está se encontrando com outra mulher.
Janete empalideceu, sentiu as pernas bambas e sentou-se.
— Quem é ela? — indagou assustada.
— Ainda não sei. Mas vou descobrir. Eis o relatório.
Com mãos trêmulas janete segurou o papel, leu e colocou-o sobre a mesa.
— Ele saiu com ela mas foram apenas conversar, O que o fez pensar que eles têm um caso?
— Escolheram uma mesa discreta, ela pareceu-me nervosa, ele preocupado. Seja o que for, não foi
um primeiro encontro. Eu estava em uma mesa o mais perto que consegui, havia um biombo e eu
os via por uma fresta mas não deu para ouvir o que diziam. De repente ela começou a chorar, ele
abraçou-a confortando-a. Ele estava de frente para mim e notei como ele a fitava. Tenho certeza de
que há alguma coisa entre eles.
— Nesse caso, continue investigando. Descubra quem ela é, o que faz.
— Está certo. Vou tirar algumas fotos.
— Faça isso. Se for preciso, coloque mais alguém. Eu pago. Preciso saber tudo com urgência.
Janete deixou o escritório de Osvaldo muito irritada. Pensou em pai Otero. Ele se recusara a
prestar-lhe serviço. Ficou com medo. Ele lhe dissera que havia outra mulher. Ela não acreditara
nisso. Lembrou-se de suas palavras: "Há, sim. A mesma de antes". De repente, Janete estremeceu: a
mesma de antes... Nina? Ele a teria encontrado?
Torceu as mãos nervosamente. A medida que pensava, tudo ia ficando mais claro em sua cabeça.
Se o trabalho de pai Otero havia sido desfeito, nada mais natural que eles voltassem a se encontrar.
Janete não tinha mais dúvida. A cena que Osvaldo descrevera só poderia ter acontecido entre os
dois.
Não ia se conformar, nem aceitar perder. André era seu marido. Era com ela que deveria ficar. Faria
o que fosse preciso outra vez. Otero não quis fazer, mas encontraria outro. Com Nina é que André
não ficaria.
Teria de esperar que Osvaldo completasse as investigações. Enquanto isso, cuidaria de encontrar
outro pai-de-santo que concordasse em trabalhar para ela.
Chegou em casa angustiada, nervosa. Sentia enjôo e uma forte dor de cabeça a incomodava.
Parecia-lhe ter uma cinta de metal ao redor da testa e da nuca, apertando.
— Foi o nervoso — pensou.— Mas eles vão pagar por tudo isso.
Procurou comprimidos para dor e ingeriu dois. Foi se deitar um pouco para descansar. Ela não viu
que dois vultos escuros a abraçavam satisfeitos. Um disse ao outro:
— Agora vamos poder nos vingar.
— Ela vai pagar por todo o mal que nos fez.
— De nada lhe valeu evitar engravidar.
— Ela teve medo. Mas não adiantou.
— Enquanto o marido estava com ela, não pudemos agir.
— Ele é protegido. Lembra?
— Lembro. Sempre aparecia aquela mulher que nos mandava embora dizendo que ele não ia poder
ser nosso pai.
— Foi melhor assim. Agora que ele foi embora, poderemos agir melhor. Ninguém mais vai
atrapalhar nossos planos.
Janete remexeu-se na cama inquieta. Os remédios não a aliviaram e a dor continuava forte.
Nervosa, ela ingeriu mais um comprimido.
Foi tomada de uma sonolência e pouco depois adormeceu. Mas foi um sono agitado. Estava na
companhia de um casal de jovens de fisionomia perturbada que a puxavam de um lado a outro,
rindo, dizendo frases jocosas, levando-a para lugares escuros, cheios de sombras sinistras.Apavorada, Janete tentava desvencilhar-se deles, mas não conseguia. A custo conseguiu acordar e
sentiu que a dor de cabeça continuava igual. Os comprimidos não haviam dado alívio. Ainda
atordoada, pegou mais um e tornou. Desta vez mergulhou em um sono profundo.
Um dos espíritos que a observava comentou:
— Ela está dopada. Não vamos conseguir mais nada.
— Vamos embora. Voltaremos mais tarde.
Eles se foram e Janete continuou dormindo, um sono pesado e sem sonhos.
Dois dias depois, uma segunda-feira, logo cedo Olívia recebeu um telefonema de Toninho:
— Aquela encomenda que a senhora me fez chega hoje. Precisa me mandar o dinheiro para as
despesas.
— Irei levá-lo pessoalmente e me certificar se está de acordo com o que pedi.
— Se quer retirar hoje, terá que se apressar.
— Irei imediatamente.
Ela desligou o telefone satisfeita. O motorista levou-a a uma loja onde costumava fazer compras e
ela mandou-o embora a pretexto de que uma amiga a iria buscar para almoçarem juntas.
Quando ele se foi, Olívia saiu, tomou um táxi e foi à casa de Toninho.
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Uma Amor de Verdade
SpiritualLivro de 2004 André e Nina se conheceram na faculdade e durante três anos foram felizes, até André resolver casar-se com Janete, uma moça da sociedade, amiga de sua mãe, deixando Nina grávida e desamparada. Num instinto de vingança, Nina desaparece...