Capítulo 13

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Depois que Olívia saiu, Nina permaneceu algum tempo pensando no que ela lhe contara. A situação
desse menino a emocionou muito. O que teria acontecido com a mãe dele? Pensou em Marcos e
imaginou: o que teria sido dele se ela houvesse morrido? A esse pensamento, sentiu a angústïa
aumentar. Tentou reagir. Ela estava bem, havia conseguido criar Marcos com amor e dar-lhe tudo
de que ele precisava.
Resolveu esquecer o ocorrido e trabalhar. Apanhou alguns documentos que precisava rever, mas a
insatisfação, a angústia não iam embora. Levantou-se, tomou um copo de água e foi procurar o Dr.
Dantas.
Bateu na porta mas não teve resposta. Lúcia aproximou-se dizendo:
— O Dr. Dantas precisou sair. Disse que não voltará mais hoje. E alguma coisa que eu possa
ajudar?
— Não, obrigada. Falarei com ele amanhã.
O resto da tarde, Nina procurou esquecer aquela conversa desagradável. Estava claro que ela ficara
sensibilizada por ser um caso que a fazia recordar-se de sua própria experiência.
Em sua profissão precisava ser impessoal, fazer valer a lei e cuidar dos interesses dos seus clientes
sem envolver-se. Não aceitara a causa e não deveria pensar mais no assunto.
Disposta a isso, mergulhou no trabalho varrendo da mente qualquer pensamento que não fosse o
assunto que precisava resolver. Assim, conseguiu trabalhar, mas o esforço constante acabou por
provocar forte dor de cabeça. Ficou aliviada quando acabou o expediente e preparou-se para ir
embora. Na saída, encontrou-se com Lúcia. Desceram juntas.
— Você está bem? — indagou ela.
— Estou com dor de cabeça.
— Notei que você não ficou bem depois da visita daquela senhora. Quando pediu café você estava
pálida.
— De fato. Essa senhora fez-me lembrar de Antônia e esse assunto é sempre muito doloroso.
— Quer um comprimido?
— Já tomei. Estou só um pouco cansada. Vai passar.
— Quer que eu vá com você até sua casa?
— Não é preciso. Estou bem. Olha lá, o Breno está à sua espera. Até amanhã.
Ela cumprimentou Breno com um aceno de cabeça e saiu. Lúcia aproximou-se de Breno, que a
beijou na face com carinho. Depois dos cumprimentos, Lúcia perguntou:
— Como vão as coisas com André com relação à Nina?

— Ele melhorou. Está mais calmo. Não tem falado em entrar na justiça para reclamar a paternidade
do filho. Por que pergunta?
— Nina não está bem, Imaginei que fosse por causa dele.
— Não que eu saiba. Aliás, depois que ele começou a freqüentar a casa do Dr. Dantas todas as
semanas, tem estado mais calmo.
— O Dr. Dantas é boa pessoa. Nina gosta muito dele. Acho estranho de repente André começar a ir
lá. Será que é por causa de Nina?
— A princípio também pensei, mas ele levou a irmã, que sempre teve problemas. Você sabia que o
Dr. Dantas lida com espiritismo?
— Ouvi dizer.
— André está convencido de que o problema da irmã tem relação com isso. Ele vai lá com Milena
assistir a sessões espíritas. Diz que ela melhorou muito. Mas, para ser sincero, eu tenho notado que
ele também ficou muito melhor. Tem estado mais calmo. Até me aconselhou a procurar um centro
espírita para ir.
— Para quê?
— Para ajudar Anabela a melhorar o gênio. Mas eu acho que o caso dela não tem nada a ver com
espíritos. O mau gênio é dela mesmo. Não há oração que cure.
Lúcia ficou pensativa e não respondeu. Entristecia-se sempre que se lembrava de que Breno tinha
uma esposa, a quem deveria ser fiel e eles estavam traindo.
— O que foi? Você ficou triste de repente.
Ela suspirou e respondeu:
— Não gosto de pensar que estou entre você e ela. E uma situação muito desagradável. Se não
fosse por Mirela...
Ele abraçou-a com carinho:
— Não diga uma coisa dessas! Meu casamento foi um erro! Eu amo você. Mirela é tudo para mim.
Eu também gostaria de assumir publicamente nossa relação. Mas há outras coisas em jogo. Por
enquanto não é possível.
— Não estou exigindo nada, Entenda. Mas às vezes fico triste por estar envolvida em uma situação
dessas, que sempre condenei nos outros.
— Eu também não gosto. O que sei é que amo vocês duas e não saberia mais viver sem vocês. Meu
relacionamento com Anabela é apenas formal. Um dia ainda estaremos livres para viver nossa vida
juntos. Você vai ver.
— Eu também não saberia viver sem você. Vamos para casa. Abraçados, eles foram para o carro
antegozando o prazer de encontrar a pequena Mirela.
Nina chegou em casa sentindo a cabeça latejar. O comprimido não fizera nenhum efeito. Não quis
jantar. Certificou-se de que Marcos jantou bem e, como já havia feito os deveres escolares, foi para
o quarto ver televisão.
Ela foi para o quarto, deitou-se sem acender a luz e procurou relaxar para desfazer a tensão e
melhorar. Aos poucos foi conseguindo e adormeceu.
Sonhou que estava em um lugar escuro, sentiu-se angustiada e procurou ansiosamente a saída.
Entrou por um corredor fracamente iluminado no fim do qual uma porta se abriu e Antônia surgiu.
Estava com a mesma roupa com que havia sido enterrada, rosto contraído, fisionomia pálida, mãos
estendidas em sua direção. Nina quis gritar mas não conseguiu emitir nenhum som. Apavorada,
desejou fugir mas seus pés pareciam de chumbo e ela não saiu do lugar.
Antônia aproximou-se, rosto lavado em lágrimas, e disse:
— Nina, não fuja de mim. Por favor, me ajude!
— Não posso fazer nada pensou Nina aflita.
— Você pode, sim. Estou arrependida, sofrendo muito. A morte não é o fim. Agora eu sei. Ela vai
perseguir meu filho como fez comigo. Só você vai poder ajudá-lo! Não me abandone, eu imploro.
Tenha piedade de mim.

Uma Amor de VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora