Pão para os Ignorantes

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Reclamar da vida é um hábito que todo ser humano tem. Ainda que as coisas não estejam tão ruins assim, sempre tem algum motivo, o menor que seja, para acreditar que o universo é muito injusto, e viver numa insatisfação que acaba por não ser preenchida nunca.

Taehyung fazia esforço para não ser assim, se considerava um homem de muita sorte, apesar de, nos seus quase 27 anos de idade, ter de conviver com aquela espécie de enfermidade que o deixava fraco e abatido a maior parte do tempo. Viver sempre em casa, naquele cantinho retirado, algumas vezes era sim entediante, mas Yoongi sempre estava ao seu lado, sempre lhe apoiava; era a sua fonte de energia.

Naquele dia, o Min estava aprontando algo para comerem, enquanto Tae, logo após acordar, foi se sentar na sala para fuxicar o celular do namorado e ver quais eram as principais notícias ao redor do mundo. A imagem projetada para fora da tela ajudava a lhe fazer se sentir mais imerso em cada local; afinal, se mal podia sair de casa, queria ao menos se manter informado.

Em meio às suas buscas, acabou encontrando nos arquivos armazenados um cartão diferente. Estranhou, pois o companheiro nunca foi de guardar qualquer tipo de informação no aparelho, o levando a verificar do que se tratava e ver que era de uma lojinha próxima ao centro da cidade.

— Quem é Jeon Jungkook? – Falou alto, para que da cozinha, o Min pudesse ouvir.

— Quem? – Yoongi num primeiro momento nem recordava daquele nome.

— Jeon Jungkook. – Tae repetiu. – Está aqui num cartão de visitas no seu celular.

— Ah. – Lembrou-se repentinamente. – Foi um mendigo esquisito que me deu lá na feirinha.

— Como assim? – Tae ficou curioso, não era comum o seu namorado conversar com pessoas estranhas.

— Eu tava xingando um vendedor ladrão lá, aí esse tal Jeon viu e disse que nessa loja que ele trabalha tem umas coisas bem em conta. – Explicou. – Aí por via das dúvidas eu peguei o cartão, de repente pode ter mesmo o que a gente precisa por um preço mais justo.

— Hum. – Ficou em um silêncio pensativo.

Yoongi conhecia bem o seu parceiro, sabia que quando respondia dessa forma era porque algo o havia incomodado. Limpou e secou as mãos, após terminar de cortar os vegetais, e foi para a sala se sentar ao lado de Tae; segurou uma de suas mãos com delicadeza enquanto, com a outra, acariciava o pequeno relevo marcado que o maior tinha no pulso. O mesmo não afastou o contato, pois gostava dos dedos grossos lhe fazendo carinho na palma, porém aumentou ainda mais o bico nos seus lábios contraídos.

— Que foi? – Deu um selinho breve no biquinho bravo.

— Você sabe que não dá pra ficar falando com estranhos assim.

— Eu sei amor, não fiquei falando, só peguei o cartão e fui embora. Sequer disse o meu nome pro doido. – Não gostava de ver o Kim preocupado, ele já tinha tantos problemas por conta própria, não precisava de outros.

O Florescer das CerejeirasOnde histórias criam vida. Descubra agora