Cultivando vidas.

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"Por incansáveis vezes me senti nesse vazio, que ao mesmo tempo é cheio e intenso". O impacto da era contemporânea na vida de milhares de pessoas é imensurável, principalmente para aqueles que passam por nossas vidas sem ao menos percebermos.  Um retrato latino lindíssimo e digno de nossos olhares. Estou falando de: Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual

Medianeras  é um filme argentino que estreou no Brasil em 2 de setembro de 2011

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Medianeras  é um filme argentino que estreou no Brasil em 2 de setembro de 2011. Foi filmado na Argentina e Espanha com atores de ambos países. A direção é assinada por Gustavo Taretto, tendo como protagonistas os atores Javier Drolas (Martín) e Pilar López de Ayala (Mariana). A história é narrada por ambos os personagens, que tentam se libertar das amarras da solidão que a cultura virtual e a arquitetura de uma moderna Buenos Aires. Recebeu os prêmios de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor no Festival de Gramado de 2011. 

SINOPSE DO FILME: Martin (Javier Drolas) está sozinho, passa por um momento de depressão e não se conforma com a maneira com a cidade de Buenos Aires cresceu e foi construída. Web designer, meio neurótico, pouco sai e fica grande parte do tempo no computador. É através da internet que conhece Mariana (Pilar López de Ayala), sua vizinha também solitária e desiludida com a vida moderna numa grande cidade.

SOBRE O FILME

Com a globalização e a polarização do mundo, a contemporaneidade se tornou alvo das novas tecnologias que atingem patamares extraordinários. Medianeras nos traz a partir da visão dos personagens Martin e Mariana, como nossas vidas estão sendo modificadas pela modernidade desta década, o que torna a solidão urbana um novo problema a ser enfrentado. Hoje, temos as nossas caixas pretas (conhecidas como celular), onde imaginamos guardar tudo de mais precioso e urgente. O que torna o paralelo com as medianeras - paredes sem janelas dos edifícios, também chamadas de paredes cegas - bem interessante. Nos cegamos diante do mundo que está a nossa frente sem ao menos nos darmos conta. 

O filósofo Zigmunt Bauman com a sua teoria do amor líquido e o pensamento niilista de Gianni Vattimo nos coloca uma perspectiva ainda maior a cerca do filme. A sensação do vazio existencial, acompanha o filme desde o seu monólogo inicial, com uma reflexão que coloca em comflito nossos aprendizados e opiniões. Martin está em busca da realidade que só encontra no mundo virtual enquanto Mariana tenta se recuperar de um recente término de relacionamento. Ambos sofrem de fobias que o distanciam das demais pessoas, dificultando suas interações. A empatia e identificação com os personagens torna a sua experiência do filme mais pessoal e necessária, principalmente por suas caracterizações e pela ambientação da obra. 

A forma como a arquitetura contribuiu para a formação dos personagens e o engradecimento da narrativa é surpreendente. Quando já não se pensava em paralelos, você pesca algum em um frame bem dirigido e fotografado. A cidade tem vida própria, e aparenta ser uma protagonista. As suas irregularidades, estética e ética andam atreladas em um sentimento misto de que somos o que enxergamos. A frieza e a ausência se concretizam nas cores quase sem vidas, nos forçando a pergunta: como tudo acabará?

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