twenty-three

1.3K 93 7
                                    

                      c a m i

— É aqui. Muito obrigado! — digo para o taxista enquanto rolo minha mão pela bolsa procurando a carteira. Assim que encontro, a abro retirando de lá a quantia e o entregando. — Fica com a gorjeta, só por ter me aguentado te contando a história de como eu cai da goiabeira.
— Isso precisa de agradecimento? Pra mim foi um prazer. — ela já havia pegado o dinheiro e o guardava no bolso. — Foi muito bom te conhecer, Camila. Tenha um ótimo dia.
— Foi também! — digo abrindo a porta e descendo do táxi.

Atravessei a rua caminhando até a casa de Dylan, já que havia dito ao mesmo que iria buscar sua encomenda. Toco a campainha quando chego lá.

— O Dylan não está aí, acabou de sair. — escuto uma voz masculina um tanto rouca falando atrás de mim.
— Mas nós tínhamos combinado de... — me interrompo quando me viro e vejo que a voz era de Noah. Tomo um susto e acho que ele também pois a casquinha de sorvete que segurava deslizou por sua mão. — Oi Noah.
— Oi Camila, será que você não me dá sossego nem no domingo? — ele diz.
— Eu não vim aqui por você, tô procurando o Dyl. — digo apontando com o indicador para a casa do mesmo. — Ele me pediu pra ir buscar uma encomenda pra ele e eu ia pegar o carro dele aqui.
— Como assim? — Noah peeguntou confuso. — Isso é exatamente o que eu estou fazendo aqui.

Ele coloca a mão no bolso traseiro e de lá tira as chaves do carro de Dylan, chacoalhando a mesma pra mim. Respiro fundo já entendo tudo o que estava acontecendo.

— O Dylan armou pra gente. — falamos juntos e cada um finaliza com um suspiro de indignação.
— Olha você já tá aí, com a chave e tudo mais, então tudo bem pode ir sozinho. — eu digo.
— O que? Não! Eu odeio sair sozinho. — ele faz uma careta. — E você já está aqui, iria de qualquer jeito, então vamos.
— Noah você sabe que são 4 horas de viagem né? — arqueio a sobrancelha. — A gente vai se matar em 4 horas.
— Não, a gente vai se matar em meia hora. Felizmente tem vários lugares para largar os corpos. — ele diz e joga a chave do carro em minha direção. Consigo segurar antes de cair no chão. — Você dirige.
— Eu sou horrivel no volante. — digo mas Noah já saiu andando em direção ao carro. — Eu vou bater o carro!

Digo mais alto para que ele escute, porém o mesmo nem liga e entra no carro. Respiro fundo e caminho até o carro entrando no mesmo.

                     (*******)

— Engarrafamento, ótimo! — digo ironicamente tombando minha cabeça no volante. — Eu tô cansada, quero trocar de lugar.

Fazia quase dois horas que estavamos na estrada, e se tinhamos trocado mais de três palavras tinha sido muito.

— Trocar? — Noah pergunta tirando sua atenção do celular e olhando pra mim.
— Sim, já fazem quase duas horas que eu tô aqui e você no celular. — levanto minha cabeça encarando o mesmo. — Temos que revesar.
— Tudo bem. — ele deu de ombros e guardou o celular no bolso. — Vamos trocar.

Em movimentos rápidos tombamos nossos corpos para o banco do lado, ficamos nos batendo enquanto moviamos nossos corpos para trocar. Quando finalmente conseguimos nos ajeitamos e o silêncio volta novamente.

— Ei, tenho uma ideia! — digo colocando meus pés em cima do banco e virando meu corpo para Noah.
— Manda ver. — ele falou passando o indicador de leve pelo cinto de segurança.
— Porque não ensaiamos alguma cena agora? Quer dizer, o engarrafamento não vai acabar cedo e não temos nenhum assunto pra conversar.
— Grande ideia, mas eis o problema... — ele finalmente vira seu olhar pra mim. — Não estamos com o script aqui.
— Diga por você eu não ando sem o meu. — falo puxando minha bolsa que está debaixo dos meus pés e de lá retirando meu roteiro. — Eu sugiro que ensaiamos a cena que a Phoebe diz que o Harry é um idiota e dá um tapa na cara dele.
— Essa cena nem existe. — ele faz uma careta.
— Dã, como melhorar nossa atuação sem treinar um pouco de improvisação. — digo e ele cai na gargalhada.
— Você é terrível, Ferreira. — ele diz se recompondo. — Só você pra arrumar desculpas pra poder me dar um tapa na cara.
— Claro e não vou desistir até não fazer. — digo convencida. — Até parece que nenhuma outra garota não tenha te dado um tapa na cara antes.
— Minha primeira namorada. — ele diz me pegando de surpresa, já que não esperava que ele contasse. — Ela acreditou numa história que um cara falou sobre eu ter traido ela, então foi até minha casa e me deu um tapa na cara. Três dias depois vi ela e esse cara se esfregando por ai.
— Que saco! — digo simplesmente e ele concorda, trazendo um silêncio constrangedor. — Meu ex namorado me traiu com minha melhor amiga e eu dei um tapa na cara dos dois.
— Um tapa na cara só? Eles mereciam bem mais que isso, Camila e você sabe. — ele diz com um tom de voz consolador. — Quer saber o que minha mãe diz sobre isso?
— O que ela diz? — pergunto.
— Que devemos dar a volta por cima e pisar na cabeça deles como foi feito com a serpente, depois limpar a poeira das botas e recomeçar. — ele sorri de canto e sinto que também o faço.
— Ela é uma mulher muito inteligente. — digo. — Sabe o que minha avó diz sobre isso?
— A avó que te odeia. — ele pergunta e eu assinto. — Tô louco pra saber.
— Que devemos seguir em frente pois a fila anda e de moto. — digo rindo e o mesmo também o faz.
— Sua avó era uma mulher iconica, queria ter conhecido ela. — ele diz rindo.
— Ela ia gostar de você. — dou de ombros. — É chato, implicante, não gosta de mim e preferi a Ceci igualzinho ela, vocês são quase gemeos.
— Eu diria que nós somos almas gemeas, eu sempre gostei de mulheres mais velhas. — ela fá uma piscadela e eu fingo um vômito.
— Que nojo, Gregory, você é muito nojento, mais respeito com minha avó. — digo batendo no braço do mesmo que ri. — E presta atenção na estrada, os carros estão andando.

Então ele se recompõe e dá a partida. O silêncio volta tão rápido para o carro que nem parece que tinha ido embora. Pego meu celular mexendo um pouco no mesmo e mandando diversas mensagens chingando o Dylan pra ele.

— Clássicos franceses é disso que eu gosto. — digo para Noah de repente tirando minha atenção do celular. — Você me perguntou aquele dia que músicas eu gostava. Clássicos franceses, Édith Piaf em particular.
— Caramba. — ele disse sem tirar os olhos da estrada enquanto estava com uma expressão divertida no rosto. — Você parece muito nova pra gostar desse tipo de música.
— A vida é uma caixinha de supresinhas, ein?

Digo sorrindo, ele também o faz, então volto minha atenção para o celular esperando o tempo passar.

------------------------------------------------------

proximo cap é continiacao

estão gostando?

STARS • noah centineoOnde histórias criam vida. Descubra agora