twenty-seven

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— Noah, eu preciso falar com você. — vejo Camila entrando exaltada no meu trailer enquanto bate a porta atrás de si.
— Esqueceu como bati foi? — arqueio a sobrancelha dando um gole no seu café. — A propósito, oi pra você também.
— O Derek me deu um sermão hoje. — ela disse caminhando até o pequeno sofá e se jogando nele.
— Eu sei. — digo dando de ombros e ela me encara. — Eu vi vocês conversando quando você chegou e até suponho sobre o porquê. — me aproximo me sentando no braço do sofá. — Nós não temos quimica nenhuma.
— Exatamente! — ela se ajeita no sofá rapidamente. — Ele falou com você também?
— Não, mas é obvio que falou com você. — dou uma pausada tomando mais um pouco do meu café. — Você pode não gostar de mim, mas tem que assumir que entre nós dois eu sou o único que se esforça com isso.
— Então me ensina. Me ensina a fazer isso.
— Te ensinar? — arqueio a sobrancelha.
— Claro, você também não gosta de mim mas consegui fazer isso, eu também posso conseguir. — ela diz confiante e eu ainda pareço confuso. — Então me ensina a sentir a emoção da cena, sentir o amor sei lá.
— Eu não posso te ensinar isso.
— E porque não?
— Porque não tem como ensinar, isso é natural simplesmente vem. — dou de ombros.
— Impossivel, tem que ter alguma coisa. Vai Noah por favor. — ela vira seu corpo pra mim e segura minhas mãos como se suplicasse. — Esse trabalho significa tudo pra mim, tem que me ajudar.
— Ta, ta tudo bem. — digo e ela dá um gritinho ardido. — O que quer saber exatamente?
— Como você faz aquilo em cena, quer dizer, faz o amor e os sentimentos parecerem tão naturais? — ela pergunta enquanto vira seu script ao contrário, que só agora percebo que ela está segurando.

Ela abre o pequeno estojo que segurando e escreve em vermelho com letras grandes "Dicas de melhora" e um pouco abaixo com letras melhores escreve em azul "Cenas românticas". Ela grifa os dois com um marca-texto roxo, e então pega uma caneta rosa com a ponta toda decorada com pompom, e se vejo direto tem escrito seu nome em letras cursivas.

— Eu não estava brincando quando disse que não havia nada para te dizer sobre isso. — coloco minha caneta na mesinha de centro e finalmente sento realmente no sofá. — Sabe o que eu faço? Me lembro de coisas boas, momentos em que já amei ou fui amado e é dai que sai.
— Só isso? Quer dizer, é só isso e dai... Tcham, tudo acontece? — ela pergunta confusa por mais que tenha anotado em sua folha.
— É só isso. — dou de ombros.
— Amor de relacionamentos? Porque eu nunca tive um saúdavel. — ela contrai os lábios e por um segundo sinto vontade de abraça-la.
— Não, qualquer tipo de amor, todos eles dão certo. — sorriu de canto. — Não precisa ser de algo recente pode se lembrar da sua infância.

Enquanto eu digo ela anota tudo atentamente em seu papel mas por sua expressão eu percebo que ela não está satisfeita com aquilo.

— Eu te disse que não havia nada a dizer. — digo dando de ombros.
— Tenho certeza que não é só isso, você não me conta porque não gosta de mim, mas não entendi que isso pode custar meu emprego. — ela não aumenta o tom de voz, mas ele é de total frustação.
— Isso não é verdade Camila eu te falei tudo, o que você quer que eu diga? — agora sou eu quem pareço frustado. — Atuar não se resume em ficar vendo técnicas idiotas e falhas.
— O que você quer dizer com isso?
— Tô dizendo que você tem que parar de achar que tudo tem uma explicação lógica, alguma técnica ou termo díficil, ser artista é sentir, é viver o momento e essa é a merda do seu problema você não senti. — digo. — Você nunca será uma artista de verdade se continuar desse jeito.

Um silêncio se instala pelo trailer pequeno, Camila est com os olhos baixos encarando suas anotações enquanto aperta com força sua caneta. Seus olhos estão cheios de lágrimas e ela parece péssima. Suspiro profundamente me sentindo mal pelo que falei.

— Eu sinto muito, falei sem pensar. — digo baixo e ela nem se move. Arrasto minha destra pelo sofá e encosto no seu braço como forma de consolo. — Você está bem?
— Estou ótima. — ela respondi uns segundos depois retirando minha mão de seu braço e levantando o olhar. — Tenho saúde, um teto, comida, roupas e uma família linda, por mais que eu seja uma péssima atriz e não tenha sucesso algum pois não sou uma artista de verdade, ainda tenho uma vida inteira pela frente. Estou muitissimo bem. — meu coração se aperta vendo a mesma vuneravel de uma forma que nunca imaginei vê-la. Camila leva as mãos até sei rosto secando as lágrimas que escorrem de seu rosto. — Não estou chorando, foi só um cisco que caiu em meu olho.
— Camila olha não é verdade o que te disse, eu sou um idiota. — digo e ela se levanta com suas coisas nos braços.
— Não quero que tenha pena de mim, não precisa, você tem razão não vou discutir porque tem razão. — ela dá um sorriso triste de canto. — Obrigado pelas dicas Noah a gente se vê.
— Ei Camila. — chamo a mesma, mas ela sai rapidamente do trailer. — Que droga, droga! — chuto a mesa de centro derrubando ela no chão e vendo a xícara quebrar derramando café sobre o carpete.

STARS • noah centineoOnde histórias criam vida. Descubra agora