Just another page (Hiatus)

1.13

  Eu queria que o mundo inteiro se resumisse só em mim e esse chuveiro, que eu simplesmente pudesse ficar aqui para sempre só sentindo minhas preocupações se esvaindo e descendo pelo ralo junto com a a água quente.
   Suspirei jogando a cabeça para trás na tentativa de me livrar daquele sentimento de frustração, dentro de poucos minutos não teria como evitar enfrentar aquele Minhyuk sorridente.     Outro suspiro escapou pelos meus lábios, eu tenho ignorado o sentimento deles por mim, o meus próprios sentimentos por anos... E por conta de uma noite tudo tinha afundado. Já tenho coisa demais para lidar, o Kihyun se afastar não precisava ser outra... Se bem que se passaram seis anos, não é possível que eles dois ainda gostem de mim, ou é ? Desliguei o chuveiro me vestindo rapidamente.

— Minhyuk! — O chamei apoiando minha mão na parede que dividia o banheiro do restante do apartamento

— Hum? — Sem desviar o olho do jornal que passava na TV.

— O Kihyun tá namorando? Ou sei lá... Ele tem alguém?

Perguntei me sentando no chão.

  Ele sorriu cínico e olhou em minha direção pela primeira vez.

— Ele sempre esperou por você, Sunny...

  Ele desceu do sofá ficando ao meu lado. Apoiei a cabeça no joelho decepcionada com a notícia, por que eles não seguiram em frente. Foram seis anos, eles deveriam ter se preocupado mais com as próprias vidas, não com a minha... Eles nem sabiam se eu ainda tinha uma vida. Não poderiam me esperar para sempre, certo?

— Ele não precisa saber, não é como se tivesse sido a primeira vez não é?

  Ele falou com seu sorriso irritado nublando toda sua expressão. O gosto amargo de sua mágoa invadiu minha boca.

— Minhyuk... Nós éramos adolescentes_ foi só um beijo daquela vez, eu só esperava que vocês tivessem seguido em frente.

— E agora? O que nós somos? Eu tentei seguir em frente Hye Sun, eu saí com inúmeras mulheres, namorei por dois anos com alguém que não fez diferença alguma. E a cada noite eu só conseguia pensar em como eu me arrependia de não ter te mantido ao meu lado mas a amizade do Kihyun sempre vai valer mais, não é?

  Eu nunca o vi tão irritado, mas também não o culpava. Ele levantou na tentativa de se afastar mas eu o puxei de volta. Aquela discussão só me deixava mais emocionalmente exausta do que eu já estava.

— Eu sempre fui apaixonada por você, você sabe, mas eu amo o Kihyun. Ele é meu melhor amigo e assim como você ele é importante para mim, a minha vida não deveria ser um jogo de "quem você prefere", é pedir demais meus dois melhores amigos do meu lado?

— Eu sempre vou ser só seu melhor amigo não é?

— Você nunca foi só isso. — Levei uma de minhas mãos até seu rosto, acariciando suas bochechas.

— Uma amizade não deveria te privar do que você pode ou não, Sunny, isso também não é certo.

— Eu sei, eu já adiei isso demais eu preciso falar com ele, eu não estava aqui antes OK?

— Eu sei disso mais do que ninguém.

Parece algo idiota mas essas palavras sempre me machucam...

— Sobre o que é a reportagem que você estava tão interessado?

Tentei desviar o foco da conversa para ver se conseguia  surtir o mesmo efeito em meus pensamentos.

— O pai da Yoo Ri, ele vai  dar uma entrevista sobre  seu novo projeto.

— E qual é esse projeto ?

  Perguntei curiosa para saber o que prendeu tanto a atenção de Minhyuk.

— Um remédio contra o Alzheimer.

  Arregalei meus olhos ao ouvir a proposta, era simplesmente incrível, fiquei pensando como algo assim poderia sair da ideia, é a coisa mais impressionante que eu escutei nesse meu " futuro".

— ...O remédio está quase totalmente pronto e seu custo vai ser um pouco elevado mas tem total garantia que a droga impedirá a doença de avançar, "não é uma cura, então não vale a pena para estágios muito avançados mas dou garantia total de que, se tomado frequentemente, impede essa doença terrível."

Minhyuk suspirou olhando para mim.

— Parece que minha mãe não tem salvação. — Ele sorriu tristemente.

  Antes que eu pudesse pensar em algo para confortá-lo o telefone tocou desviando minha atenção do assunto, o tirei de sua base levando o aparelho até minha orelha.

— Hye Sun? — A voz de Hoseok saía do parelho indo de encontro aos meus ouvidos.

— Oi?

— Tenho informações sobre a Localização de Im Changkyun, seu irmão. Podemos nos encontrar agora?

  Sem conseguir esboçar nenhuma resposta ou reação, eu olhei perplexa para Minhyuk que me olhava preocupado sem nenhuma ideia do que estava acontecendo dentro da minha cabeça.

— Estou saindo, me encontre na loja de conveniência em frente ao prédio.

Disse assim encerrando a ligação.