CAPÍTULO UM: "TEM QUE SER VOCÊ"

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APRESENTAÇÃO:

Oi, pessoal, aqui é a Milho. Tô aqui fazendo uma fanfic junto com a Angie (AngiieCS). Espero que gostem!

HADDAD'S POV

Janeiro de 1979

Hoje, finalmente, darei inicio ao meu bacharelado de Direito na USP. Sinto um estranho frio na barriga com a ideia de que irei adentrar nessa nova fase da vida, rumo a maturidade.

Desço do ônibus e sigo caminhando com os olhos baixos, focados em meus próprios pés. Sinto o coração acelerar no peito e, a medida que me aproximo dos veteranos, me sinto mais e mais tímido, mais recluso. Meu Deus, não conheço uma viva alma aqui.

Continuo andando e observando tudo ao meu redor nessa faculdade, na esperança de que alguém viesse falar comigo e acabasse com o meu nervosismo, mas nada acontecia e eu continuava solitário.

A cada passo que eu dava, percebia que seria difícil de me adaptar nesse lugar; além da cara de burguês que muitos tinham, pareciam chatos.

Me sento no pátio e observo os outros alunos passando, já com suas panelinhas formadas e muito ocupados com seus assuntos fúteis e tediosos. Essa gente tem alguma noção do que se passa fora dos muros dessa faculdade?

Enquanto eu remoía tais pensamentos, atravesso os olhos pelo pátio e vejo outro aluno sozinho, entretido na leitura de um livro. Ele era esguio e estava sentado sobre um batente, uma perna cruzada sobre a outra. Ele tinha cabelos negros e ralos, a pele bronzeada, atestando de que vinha de algum outro lugar banhado por sol.

Para mim, por algum motivo que desconheço, foi impossível não focar o olhar nele.

Enquanto focava nele, o garoto fechou o livro que lia e colocou em seu lado, apertando os olhos. Devia estar lendo há muito tempo e, de certo modo, gostei daquela retrato dele. Parecia um cara bem legal e... também é muito bonito.

De repente, o menino começa a me olhar. Nos encaremos por alguns segundos e ele sorri, porém desvio seu olhar, abrindo minha mochila e checando meu material na tentativa de disfarçar como se nada tivesse acontecido.

Abro um caderno qualquer e finjo estar lendo algum conteúdo, mas na verdade, eu estava pensando na cena que acabei de vivenciar; pensando nele, naquele sorriso. E nesse momento, sinto algo estranho dentro de mim, algo que jamais havia sentido por alguém... Será que eu estou apaixonado?

O sinal toca e quase tomo um susto, as coisas andam muito tensas para mim. Então, me levanto e ponho minha mochila em minhas costas e vou em direção ao prédio para que eu finalmente conheça minha sala.

Tento desviar minha mente daquele questionamento bobo. Era só um estranho com boa aparência, seria tolice achar que ele estaria sorrindo para mim.

Quanta babozeira, Fernando...

— Ei, você! — escuto uma voz feminina atrás de mim. Pensei que estava falando com outro alguém, mas senti uma mão em minhas costas.

— S-Sim?

— Você é novo por aqui, né? Eu sou Manuela.

— Eu sou sim... Me chamo Fernando. — me virei para ela e nos cumprimentamos. Ela parecia elétrica e de muito bom humor.

— Sabe, sem querer me meter, mas melhor você andar acompanhado de algum veterano. Tem gente que é muito maldosa por aqui.

Enquanto caminhávamos rumo a sala de aula, Manuela me explicava como essa faculdade funcionava, me falando suas regras e coisas do tipo. Devo admitir, ela é muito inteligente e divertida, tanto que isso me fez admirá-la sem nem a conhecer direito.

Entrando na classe, descubro que iremos estudar juntos e isso me alegra, pois nos damos muito bem. Nem parece que tínhamos acabado de nos conhecer; tanto que a nossa conversa me deixou confiante, o que é estranho. Devo tudo a Manuela.

— Muito obrigado por isso, Manu. — disse, um pouco tímido. — Estava tão nervoso para o primeiro dia de aula e o nosso bate-papo conseguiu me acalmar.

— Não tem de que, Fê. — ela sorriu.

O melhor de tudo é que ela sentava em minha frente e isso facilitaria muito para mim já que mal tenho amizades, mas de qualquer jeito, já comecei o dia muito bem. Me sinto sortudo por ter conhecido a Manu.

Amor Recíproco | Ciro & HaddadOnde histórias criam vida. Descubra agora